Sem categoria

Queda dos juros nos EUA pode influenciar o BC, diz Mantega

A queda dos juros nos Estados Unidos para o menor nível da história abre espaço para a redução dos juros cobrados no Brasil, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para ele, a redução dos juros básicos pelo Federal Reserve, o banco central norte-amer

Em entrevista realizada nesta quarta-feira (17) para o programa 3 a 1, da TV Brasil, o ministro evitou entrar em polêmica com o Banco Central, responsável pela definição da taxa Selic. Ele, no entanto, afirmou que o ministério fez a sua parte, ao reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito para pessoas físicas e ao diminuir os juros cobrados pelos bancos públicos.
 


A crise internacional, destacou o ministro, afastou a ameaça de inflação de demanda ao conter a expansão do crédito. Na avaliação de Mantega, o crescimento de 34% ao ano nos empréstimos e financiamentos, registrado antes do agravamento da crise, era insustentável e provocaria a escassez de produtos, o que provocaria elevação dos preços. Ele disse ainda que a inadimplência, até agora, não aumentou significativamente após a retração do crédito.



Confira abaixo alguns trechos das declarações de Guido Mantega ao programa:



Queda dos juros nos Estados Unidos



“Hoje, os Estados Unidos estão bastantes diferentes do Brasil, com desemprego em alta e crescimento em queda. Eles estão praticamente em recessão e estão reduzindo os juros e usando todas as políticas possíveis para reverter esse quadro. Essa é a medida correta, mas também é quase uma medida de desespero porque os juros reais [descontados a inflação] ficaram negativos. O momento exige pragmatismo econômico e a redução dos juros é correta no sentido de que todas as medidas são válidas neste momento para reativar a economia.”



Juros no Brasil



“Temos de reduzir o custo financeiro dentro do país. Num momento de crise, isso se torna até uma virtude porque o Brasil tem um espaço para atuar que os Estados Unidos não têm. É importante lembrar que existem várias taxas de juros no Brasil: a TJLP [Taxa de Juros de Longo Prazo, usada nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES], que está abaixo da inflação, a dos financiamentos agrícolas, que variam de 2% a 6,75% ao ano, a Selic, que responde por 40% do crédito no país, e os juros do spread bancário, aquilo que as instituições financeiras acrescentam em relação ao custo de captação.”



“Sobre a Selic, eu não converso porque existe uma divisão de trabalho e essa taxa é assunto do Banco Central, mas posso dizer que os juros dos financiamentos privados já estão caindo depois de subirem em outubro e estamos fazendo todo o esforço para continuar reduzindo essas taxas.”



“O que cabe à Fazenda, nós já fizemos ou estamos fazendo. Reduzimos o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] no crédito para pessoas físicas para 1,5% ao ano, o que terá implicação sobre os juros. Também estamos tentando aprovar o cadastro positivo [divulgação dos bons pagadores] na Câmara dos Deputados. Os bancos públicos, que tinham reajustado as taxas, já estão com juros menores.”



Manutenção da TJLP



“A TJLP é a taxa que financia os investimentos e foi mantida em 6,25%, no menor nível desde a sua criação. Essa decisão reforça o compromisso do governo em estimular os investimentos, que neste ano têm crescido em torno de 20% ao ano no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.”



“O governo está barateando os investimentos, que são a mola mestra do crescimento do país. Não apenas por meio da TJLP, mas também por meio da redução de impostos. Este governo está apostando nos investimentos, que cresceram 10% em 2006, 13% em 2007 e deve fechar o ano com alta de 15%.”



Crédito e inadimplência



“Estávamos com crescimento exagerado no crédito, de 34% ao ano. Não daria para sustentar esse ritmo sem provocar inflação. Em 2003, o crédito no país equivalia a 22% do PIB e hoje está em 40%. Mesmo assim, é importante ressaltar que o volume de crédito no Brasil é ainda bem inferior ao de outros países, onde chega a 130%.”



“Tínhamos uma pressão forte de demanda, mas a crise consertou isso. O crédito direto não chegou a cair tanto, mas a expansão será menor daqui para a frente. Agora, o governo não precisa segurar mais nada.”



“A inadimplência do consumidor não mudou por causa da crise. O problema foi com empresários que tinham feito apostas especulativas com câmbio e tiveram de pagar as contas. Mas procuramos estimular os setores que precisam imediatamente do crédito, como a construção civil, a agricultura e o capital de giro.”



Incentivo para empréstimos em bancos oficiais



“Para tomar empréstimos em bancos públicos, o empresário precisava da CND [Certidão Negativa de Débitos], que muitas vezes depende de bobagens ou erros cometidos, que dificultavam o crédito principalmente para as pequenas e médias empresas. Agora, dispensamos a exigência da CND por seis meses. Isso não é um convite ao relaxamento das regras, mas uma medida emergencial. Na emergência, temos de tomar medidas que facilitem a vida do consumidor, do empresário e do investidor.”



Fonte: Agência Brasil