Recém-diplomado como vice-prefeito de Foz, Chico Brasileiro se despede do legislativo
Comunista declama Augusto dos Anjos e agradece a todos que o ajudaram na sua trajetória de vida
Publicado 18/12/2008 11:07 | Editado 04/03/2020 16:54
O novo vice-prefeito de Foz, Chico Brasileiro, se despediu do legislativo, na manha de 11/12,durante a última sessão deste ano. Após dois mandatos seguidos, com uma importante participação à frente da Secretaria da Saúde por dois anos, Brasileiro ao se despedir agradeceu a todos: servidores, eleitores, camaradas, família e ao pai, cuja decisão tomada na infância, de sair da roça à cidade, transformou sua vida.
O paraibano Francisco Lacerda Brasileiro, mais conhecido como Chico Brasileiro que chegou a Foz há quase vinte anos, relembrou de todos que participaram de sua trajetória na cidade e o ajudaram a se eleger como vereador. Agradeceu aos servidores, aos companheiros de legislatura, ao Partido, à família Campana, ao empresário e ex-militante de esquerda César Cabral, aos amigos, à família e a todos que o ajudaram a passar pela experiência de ser vereador por dois mandatos, o que Brasileiro considera ''uma experiência riquíssima para o ser humano''.
Além de todas as pessoas, Chico fez uma menção especial ao fator determinante que mudou sua vida: uma decisão do pai. ''Tudo isso na minha vida política aconteceu através da decisão do meu pai de sair da roça e ir à cidade para dar estudo aos filhos, lá eu aprendi o alfabeto aos sete anos de idade, esse é maior patrimônio que o pai pode dar ao filho'', revelou Brasileiro.
O vereador comunista citou várias obras literárias que marcaram e influenciaram sua vida, dentre elas, ''Capitães de areia'' e diversas outras de Jorge Amado. De acordo com Brasileiro, as letras abriram as portas ao mundo do conhecimento e transformaram sua vida para sempre. Ao final, Brasileiro declamou o poema ''Psicologia de um vencido'' de Augusto dos Anjos, autor que marcou a sua vida.
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Brasileiro diz que modelo econômico do País garante crescimento em meio à crise mundial
O vereador comunista, Chico Brasileiro, aproveitou uma das últimas sessões do ano e de seu mandato no legislativo para refletir acerca da crise mundial. De acordo com Brasileiro, apesar da crise econômica mundial ter assolado os grandes países que controlam o capitalismo internacional, o Brasil tem revelado o outro lado da crise: o lado do crescimento.
Baseado em dados do IBGE que revelam um crescimento do País de 6,2% no terceiro trimestre deste ano, com expectativa de fechamento do ano em 5%, Brasileiro acredita que esse contraste nas economias é fruto do modelo adotado no País, ''esses dados em um momento de crise mundial, onde as grandes potências entram em profunda crise, demonstram claramente o rumo que o Brasil está tomando, onde Lula não apostou no modelo neoliberal clássico, não apostou no modelo americano ou no modelos das grandes economias que diziam que para o País se modernizar, crescer e garantir cidadania deveria ser regulado pelo mercado''.
O vereador comunista acredita que se o País tivesse continuado neste modelo neoliberal, que já foi adotado anteriormente, através de Collor e FHC, o País certamente estaria em uma profunda crise, e assim, como nos demais Países, ''quem acabaria pagando as contas do mercado, onde poucos ganham rios de dinheiro, seria o próprio povo representado pelo Estado''. Para finalizar, Brasileiro disse que é importante a reflexão, pois ela demonstra o choque entre dois modelos diferentes, um do mercado, e o outro, onde o Estado controla a economia e propulsiona o desenvolvimento. ''Muitos sonham e torcem para o País entrar em profunda crise e ruir o atual modelo, porém não podemos retroceder e sim, aprofundar e radicalizar o atual modelo'', alertou Brasileiro.