Secretário ataca troca na Saúde em BH
O atual secretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães, se prepara
para deixar o cargo que ocupou por seis anos e, apesar de estudar a
hipótese de ocupar a pasta do Planejamento, avalia que a nova equipe do
prefeito eleito, Marcio Lacerda (PSB), enf
Publicado 25/12/2008 11:40 | Editado 04/03/2020 16:51
“Considerando a equipe atual, acho que causa, pelo menos nos primeiros meses, um transtorno muito grande na gestão da saúde municipal, como projetos em curso e avanços. De qualquer forma, a equipe é responsável e fará uma transição segura, sem sobressalto, garantindo atendimentos de urgência e emergência, principalmente no período da dengue”, afirmou ontem o secretário.
Magalhães será substituído pelo administrador de empresas Marcelo Gouvêa Teixeira, cuja indicação foi imposta pelo Palácio da Liberdade, dentro da cota tucana na divisão de cargos de primeiro escalão. A troca no comando gera intenso desconforto, uma vez que “dirigentes centrais”, como indicou Magalhães, já o informaram sobre a colocação de seus próprios cargos à disposição. O secretário disse que há um “desconforto por considerar que há descontinuidade, uma ruptura política” com a indicação de um nome do PSDB.
Os servidores que colocaram seus cargos à disposição, também informou Magalhães, são “altamente capacitados, de reconhecida competência”, alguns com doutorado, e estudam, agora, convites de universidades, de empresas do setor e até do Ministério da Saúde, assim como ele. A secretária-adjunta, Maria do Carmo, também deixa sua cadeira e estuda propostas para atuar, tanto na iniciativa pública quanto na privada.
A respeito de uma eventual transferência para a pasta de Planejamento, Magalhães mantém mistério, pesar de indicar que possui disposição para a empreitada.
“Houve, sim, uma sondagem e o Marcio Lacerda ficou de me ligar. Tem conversas nesse sentido, mas não tem nada definido ainda”, disse o secretário, também sondado para assessorar a reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na área de Saúde.
Mesmo com restrições à condução de mudanças em sua pasta, Magalhães diz acreditar no governo de Lacerda. “Não tenho nada contra. Apesar de não estar ficando na Saúde, é um governo de continuidade. Tenho disposição (em participar), mas não sei o melhor arranjo”.
O futuro secretário da pasta esteve à frente da pasta em nível estadual e foi agraciado com medalhas pelo Governo mineiro, como a JK, este ano.
Tucanos reivindicam mais espaço na PBH
Depois de abocanhar a Saúde, o PSDB deseja ainda mais espaço na gestão de Lacerda. Agora, o foco dos tucanos é a Regional Pampulha. Isso porque, segundo uma liderança do partido, o prefeito eleito indicaria alguém de sua cota pessoal para a Regional Barreiro, também reivindicada pelos tucanos. “O PSDB quer outra regional. O Barreiro é indicação do Lacerda, portanto, agora queremos a da Pampulha”, afirmou um cacique, emendando que já há uma disputa interna na legenda para decidir quem será o indicado para a regional.
Outro ponto polêmico na composição do secretariado de Lacerda, apontado por integrantes do PSDB, diz respeito à indicação de Ramon Victor Cesar, ex-assessor da Secretaria de Transportes de Minas, para a BHTrans. Para o PSDB, Lacerda escolheu Cesar porque precisa de alguém capacitado, ou seja, a indicação foi técnica, da cota pessoal do prefeito eleito.
“É um presente de grego. Não queremos a BHTrans nem pintada de ouro. Não queremos que a BHTrans seja cota do PSDB. Se o Ramon aceitar, acho melhor ele se filiar ao PT”, ironizou o cacique.
Lacerda tem 20 secretarias para preencher, sendo 9 de regionais, além de 46 secretarias-adjuntas. Uma pasta para o Meio Ambiente, cota do PV, deve ser criada. Josué Costa Valadão será secretário de Governo e Mário Assad de Assuntos Institucionais.
Por Denise Motta, publicado no jornal Hoje em Dia, de 25/12/2008