Prognóstico Oficial: Funceme prevê chuvas dentro da normalidade

Mesmo anunciando probabilidades, a Funceme realizará novos estudos para melhor definir as previsões pluviométricas

Sinônimo de folia carnavalesca, fevereiro não se resume apenas em festa, afinal, o mês também marca o início da estação de inverno no Ceará. De acordo com as previsões meteorológicas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a expectativa é de que nos próximos quatro meses, as chuvas estejam dentro da normalidade.


 


“Este ano, teremos uma quadra bem irregular no Estado. Em relação a 2008, poderemos ter menos chuvas”, garantiu, ontem, o gerente do Departamento de Meteorologia da Funceme, David Ferran, no XI Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semi-Árido, em Fortaleza.


 


Durante a estação de chuva do ano passado, foram registrados cerca de 791mm em todo o Estado. O cálculo dos especialistas apontava para um período de altos índices pluviométricos. E assim foi. 2008 entrou para a lista dos dez anos acima da média histórica, e o Cariri foi uma das regiões mais beneficiadas pelas águas. David Ferran relembra que a região surpreendeu por se destacar como “bem acima da média”.


 


Mas, quanto a este ano, há um bom motivo para o quadro chuvoso mudar. Os estudos climáticos identificam que, apesar do Oceano Pacífico estar frio, propiciando a formação de nuvens (fenômeno “La Ninã”), a diferença de temperaturas no Atlântico Norte e Sul dificulta a ocorrência das chuvas.


 


Apesar de boa expectativa para o ano, não se pode prever os rumos da agricultura


 


Como o tempo muda constantemente, a Funceme ainda pretende discutir sobre o assunto para ter cada vez mais certeza sobre as probabilidades definidas. “É importante lembrar que nosso trabalho se fundamenta em previsões. Não temos como dar estatísticas 100% exatas”, adianta, acrescentando que ainda existem 25% de chances das chuvas ocorreram abaixo da média normal e 35% para acontecerem acima.


 


Já o professor de Antropologia da Unicamp, Renzo Taddei, ressalta que, apesar de uma boa expectativa para este ano, não se pode querer prever os rumos da agricultura, por exemplo. “A meteorologia faz um prognóstico do tempo e não dos plantios, das epidemias ou dos eventos que necessitarão da Defesa Civil”, explica.


 


Mesmo sem dados determinados, a Funceme sabe qual a milimetragem de chuvas por macrorregiões do Ceará. Assim, é esperado 705 a 1.016 mm (Litoral Norte); 729 a 1.073 mm(Litoral do Pecém); 798 a 1.121 mm (Litoral de Fortaleza); 690 a 911 mm (Maciço de Baturité); 729 a 1.044 mm (Região da Ibiapaba); 555 a 692 mm (Região Jaguaribana); 449 a 605 mm (Sertão Central/Inhamuns); 567 a 729 mm (região do Cariri).


 


As projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) convergem com as da Funceme. Segundo o geógrafo Tércio Penha, 2009 nem será de muita nem de pouca água. “Nada configura que teremos regiões com seca. A época é de chuvas dentro da média. Mas, como a situação pode mudar a qualquer momento, é melhor evitar dados fechados”, diz.


 


O prognóstico da Funceme também não destoa muito das previsões feitas pelos profetas das chuvas. No recente encontro em Quixadá, esses estudiosos dos fenômenos naturais foram unâmines em afirmar que o Estado terá um bom inverno, com precipitações que não decepcionarão os agricultores.


 


Probabilidade


 


40% é a estimativa, de acordo com a Funceme, para a estação chuvosa acontecer dentro da normalidade, este ano. 25% é a probalidade para ser abaixo da média e 35% para ser acima


 


Saiba mais:


 


Oceanos
Os oceanos Pacífico e Atlântico são responsáveis pelos índices pluviométricos durante a quadra chuvosa no Estado. Apesar de não ser o único paradigma, a temperatura das águas dos mares atraem ou empurram os ventos para a superfície do Ceará


 


Fenômenos
Quando as águas do Pacífico estão aquecidas, fenômeno conhecido por ´El Niño´, a circulação de ar na região do Atlântico é efetada, o que inibe a formação de nuvens próximas ao Estado. Se o Pacífico estiver frio, fenômeno conhecido por ´La Niña´, os ventos empurram as nuvens com mais facilidade


 


Nuvens
Já se as águas do Atlântico Norte estiverem mais frias do que as do Sul, as nuvens descem e garantem chuvas no Estado. Mas se o Atlântico Sul estiver frio, as chances de chover por aqui é menor


 


Frentes Frias
Nos meses de dezembro e janeiro, temos as chamadas chuvas de pré-estação. Essas não são contabilizadas pela Funceme na quadra chuvosa. O motivo das precipitações são as frentes frias que vêm do Sul do Brasil