Messias Pontes – O que se pode esperar de Barack Obama?

Um fato impensável há poucos anos concretizou-se no início da tarde de ontem: um negro foi empossado como o 44o presidente dos Estados Unidos da América. Todas as atenções, no mundo todo, foram voltadas para Washington que foi ocupada por nada menos de qu

Uma mistura de ceticismo e euforia divide as opiniões. Para alguns, Obama continuará representando e defendendo os interesses do império do Norte, intervindo com a força quando achar necessário, como aconteceu há exatos 108 anos (20.01.1915) quando invadiu a República Dominicana, permanecendo até 1940; para outros, dará uma guinada, defendendo a liberdade e a verdadeira democracia em todos os continentes, indo na contramão dos seus antecessores para quem os Estados Unidos não têm amigos, mas sim interesses.



Está claro como a luz do Sol que Barack Obama vai tentar, em primeiro lugar, salvar o seu país do desastre deixado pelo seu antecessor George W. Bush, o pior de todos os presidentes na história dos Estados Unidos. Tanto do ponto de vista econômico como político. Sua campanha foi marcada pela promessa de mudanças. Mas mudanças principalmente internas para tentar recuperar a economia e a credibilidade do país que estão no fundo do poço.



Independente de posição política e ideológica, todas as pessoas de bem torcem para que o novo presidente ianque surpreenda positivamente, mudando os rumos traçados pelos seus antecessores, notadamente o último, e enveredando pelo tão almejado caminho da justiça e da paz em todo o mundo.



Foi bom ouvi-lo, no seu discurso de posse, na tarde de ontem – numa crítica velada a George W. Bush – dizer que “construir é mais importante que destruir”. Disse também que vai trabalhar para reduzir a ameaça nuclear, porém não explicitou de que forma vai agir. Obama afirmou ainda que vai estender a mão para quem estiver pronto a renunciar à violência. Mas será que ele dará o exemplo interna e externamente? Quem hoje, em todo o mundo, usa e abusa da violência para manter os seus interesses econômicos senão os Estados Unidos?



A defesa de uma cultura de paz ganha corpo em todos os países, inclusive nos Estados Unidos. Não foi à toa que Obama foi tão aplaudido quando declarou que vai buscar liderar o sistema internacional sem armas. Mas podemos acreditar nisso se ele não fez menção de retirar as centenas de milhares de soldados norte-americanos dos cinco continentes?



O mundo assiste atônito à carnificina praticada pelos terroristas nazi/sionistas na Faixa de Gaza, nas duas últimas semanas, com mais de 1400 palestinos mortos e mais de cinco mil feridos, além da destruição de milhares de casas, de estradas, de usinas elétricas, de escolas mantidas pela ONU e até de hospitais.



O que está sendo feito ali é uma verdadeira limpeza étnica. Tudo com o irrestrito apoio do governo norte-americano que dar anualmente US$ 3 bilhões a fundo perdido para financiar a fabricação e a compra de armas as mais modernas, inclusive as de uso proibido pelos tratados internacionais, como o fósforo branco e o urânio empobrecido, atualmente usados contra a população civil da Palestina.



As tropas militares norte-americanas vão continuar massacrando e matando no Iraque e no Afeganistão, estuprando as jovens mulheres e humilhando a população civil desses dois países, em nome do combate ao terrorismo?



Quem mais pratica o terrorismo no planeta se não os Estados Unidos? A tortura – crime contra a humanidade – vai continuar sendo usada como método de interrogatório de suspeitos, principalmente na base militar de Guantánamo? E o criminoso bloqueio a Cuba que tanto sofrimento tem causado aos cubanos, vai ser suspenso?


 


*Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE