As marcas do Fórum em Belém
Nesse início de 2009 Belém do Pará virou o Centro do Mundo. Povos e nações, movimentos sociais, governos e partidos políticos, juntos para, entre outras coisas, diagnosticar as causas da crise moral e financeira do capitalismo, apontando soluções e cri
Publicado 04/02/2009 15:36 | Editado 04/03/2020 16:53
O Governo do Estado do Pará através da Secretaria de Governo ofereceu todo apoio ao Comitê de realização do evento que contou com aproximadamente 95 mil inscritos. 13 milhões de reais foram investidos na Universidade Federal do Pará e na Universidade Rural (UFRA) para o evento. Tendas, acampamentos, refeitórios foram armados para mais de duas mil atividades, entre palestras, seminários, apresentações culturais, etc.
“Percebemos que havia uma tarefa muito clara a ser cumprida pelo Governo, que era articular as demandas e tentar mediar a relação dessas demandas com quem pudesse atendê-las. O Governo do Pará contribuiu num aspecto: em nenhuma outra edição do Fórum houve esse nível de organização em termos de concentrar as demandas e fazer com que elas fossem trabalhadas pelo governo e pelos entes federais”, afirmou Ana Claudia.
Movimento Social, Governo do Pará e Sociedade Civil organizada
Escolhida pela governadora Ana Júlia Carepa para coordenar as medidas organizativas que ficaram sob a responsabilidade do governo do estado, a Secretária de Estado de Governo, Ana Cláudia Cardoso, afirma que a maior aproximação entre o governo estadual e as organizações nacionais e paraenses foi uma grande conquista nesse Fórum. Foram organizadas diversas reuniões durante as quais os movimentos colocaram suas necessidades e prioridades políticas:
“Quando iniciamos as discussões sobre o FSM, há um ano, tivemos alguns problemas porque o governo apresentou uma pauta e os movimentos entenderam que a gente estava, de alguma maneira, querendo competir com eles. Naquele ponto ficou claro para nós do governo qual é o papel do Estado: o movimento social é protagonista e nós somos apoiadores. “ afirma a Secretária e continua: “ O movimento social paraense, deu um salto organizativo nesse Fórum. Vivemos um momento de cisão na economia mundial, estamos caminhando para um outro paradigma e o Fórum viabilizou para o movimento social do Pará a discussão sobre como a sociedade se insere nessa nova dinâmica que foi estabelecida”, diz.
Esta edição do FSM tornou evidente a capacidade de mobilização que a sociedade civil pode adquirir quando se organiza a partir de novas formas de ação política, caracterizadas pela valorização da diversidade e da co-responsabilidade. Este foi um evento pacífico, tranqüilo com poucas ocorrências relevantes, fato que demonstra a capacidade da cidade em recepcionar um grande volume de visitantes.
“Foi uma prova de fogo. Belém mostrou ser capaz de receber dezenas de milhares de visitantes e ser projetada na janela internacional. Foi construída uma interessante dinâmica mobilização, fato que é um ganho interessante pois, traz para as pessoas a esperança de que os assuntos pautados serão considerados, e, através do consenso transformar as idéias em políticas públicas concretas”, aponta Ana Claudia.
Durante uma das principais (talvez a principal) atividades do FSM 2009, o encontro com os cinco presidentes, Rafael Corrêa, Hugo Chávez, Fernando Lugo, Evo Moralez e Lula, a Governadora Ana Júlia declarou que deixa a cidade de Belém à disposição Conselho Internacional para sediar novas edições do evento.
Estrutura e Transporte
O Governo buscou saídas estruturantes para os dilemas criados por conta da organização do FSM, exemplo disso foi a questão do transporte, com a rearticulação de linhas hidroviárias e a revitalização de algumas ruas e avenidas importantes. Houve toda uma articulação com a Capitania dos Portos e a Marinha do Brasil para viabilizar linhas de transporte fluvial, aproveitando o potencial que Belém tem neste sentido. Foi tudo cuidadosamente trabalhado do ponto de vista da segurança e também da logística.
“Dinamizamos os pontos de acesso rodoviário, aeroviário e hidroviário e estabelecemos rotas para esses pontos se comunicassem. Além disso, recapeamos e demos uma arrumada na principal via de Belém, que é a Avenida Perimetral, e viabilizamos a rota alternativa hidroviária da Universidade Federal do Pará até Mosqueiro. A relação com a Prefeitura de Belém não foi muito fácil. O ideal, por exemplo, seria que tivéssemos uma linha de ônibus especial para atender aos participantes do Fórum, mas isso é uma prerrogativa do município, que deve dar a concessão, e não foi resolvido”, diz Ana Cláudia.
Segurança e saúde
Para garantir a segurança do FSM, o governo estadual contou com o apoio do Ministério da Justiça: “O ministério alocou recursos para trabalhar comunicação, inteligência, defesa civil, etc. Isso trouxe para o Pará novos equipamentos como ambulâncias, lanchas, carros e instrumentos de proteção dos policiais, vieram 4 mil homens da força nacional de segurança para nossa cidade. Todo esse equipamento permanecerá agora que terminou o Fórum’, diz Ana Claudia.
O Ministério da Saúde também enviou recursos ao governo paraense: “Solicitamos ajuda para o setor de saúde porque aqui existe o risco de endemias como dengue e malária. Os recursos serviram também para viabilizarmos o atendimento a eventuais emergências durante o Fórum. O governo estadual entrou com a parte de investimentos – reformando unidades de atendimento e um hospital – e o Ministério da Saúde entrou com toda parte de custeio, como medicamentos, recursos para pagamento de pessoal, etc.”, diz a secretária.
Prefeitura
Desde o início o município foi chamado . Toda a construção do FSM foi discutida com as três instâncias governamentais: Estadual, Federal e Municipal. Segundo Ana Claudia as competências do Município também eram muito claras , do rodoviário, do hidroviário, trabalhar a recuperação da vias, capacitação de alguns segmentos da economia do município. “A gente vai observar que eventualmente o município não cumpriu as tarefas discutidas, digamos assim, muitas vezes, porque as pessoas que vieram fazer parte da discussão não estavam convencidas para a importância do evento. A gente vê que apesar disso tudo ocorreu bem. Mas ficou claro que o município não fez o evento da mesma forma que o Governo Estadual e Federa, diz”
O Prefeito de Belém, Duciomar Costa conta que trabalhou, principalmente, para garantir a fluidez do trânsito, a melhoria infra-estrutura urbana e viária, ampliação do sistema de iluminação pública. “Nossa preocupação foi com a infra-estrutura da cidade, mesmo. Trabalhamos desde o receptivo no aeroporto até as programações culturais nas praças” diz.
Ficaram claras as dificuldades em dois campos em Belém: Uma é a questão do transporte e a outra um pequeno número de vagas em hotéis. Essa combinação é um empecilho para a organização de grandes eventos, como a copa do mundo. Segundo o Prefeito já estão sendo tomadas as devidas providências para isso. “Ainda não avançamos tudo o que podemos avançar. E essa é uma luta permanente, porque temos problemas em comum, como lixo, transporte,infra-estrutura viária. Acredito que estamos mais unidos, hoje, embora não o suficiente.