Tucanos não se bicam na escolha do líder na Câmara
Um grupo de 19 deputados federais do PSDB, intitulado Movimento Unidade, Democracia e Ética, lançou um manifesto no final da tarde desta quarta (4), na Câmara dos Deputados, taxando de “golpista e antidemocrática” a recondução de José Aníbal (SP) para
Publicado 04/02/2009 18:54
A bancada mineira ligada ao governador Aécio Neves (MG) votou em Aníbal, enquanto que os paulistas tucanos, apoiadores do governador José Serra (SP), ficaram no bloco dissidente. Tanto Aécio quanto Serra, os dois presidenciáveis, negaram envolvimento na crise.
Os tucanos rebeldes alegam que a bancada, por unanimidade, decidiu em 15 de outubro do ano passado, que não haveria reeleição para líder da bancada. Ocorre que na meia-noite de terça (3) os parlamentares ligados ao atual líder mudaram a regra do jogo.
Na manhã desta quarta, foi realizada a eleição para reconduzir o líder ao cargo. O grupo dissidente boicotou a escolha. Dos 57 parlamentares da bancada, 36 votaram em Aníbal e houve um voto nulo.
Eleição considerada ilegítima
O grupo dissidente diz que não seguirá a orientação do atual líder da bancada por considerar ilegítima a sua eleição. “Já foi registrado que nós vamos ter reuniões periódicas e local fixo para se reunir”, disse ao Vermelho o deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP), que chegou a se candidatar a vaga de Aníbal.
Emanuel junto com outros tucanos, como o também candidato ao cargo Paulo Renato Souza (SP), ex-ministro de FHC, leram uma primeira versão do documento no plenário da Câmara. Ali mesmo providenciaram a revisão da carta para só depois distribuir à imprensa. “Precisamos apenas mudar uma expressão”, disse um deles.
Emendas à parte, a segunda versão do documento diz que “o ato da reeleição foi típico de regimes autoritários, materializado em reunião convocada para à noite anterior à eleição do líder, com intuito nefasto de alterar as regras e permitir a reeleição consecutiva.”
O deputado Emanuel nega que o conflito tenha relação com a escolha do candidato à sucessão de Lula em 2010, embora outros correligionários considerem que o episódio afetará a escolha do candidato que está entre os governadores Aécio Neves (MG) e Serra.
“É uma questão interna do partido (…) Nós consideramos isso ilegítimo, quebra de palavra, do trato que havia sido feito. Um grupo de 20 deputados é contra. Outros são contra e não estão no movimento de dissidência. Tinha que haver consenso e não houve, por isso consideramos ilegítima essa eleição”, disse o deputado.
A carta reconhece que existe dois grupos tucanos a partir de agora na Câmara. “O Movimento Unidade, Democracia e Ética congrega deputados que buscarão atuar de forma coordenada no trabalho parlamentar, pautando-se sempre pelos princípios programáticos do PSDB, e não seguirão a orientação do atual líder da bancada por considerar ilegítima a sua eleição”, finaliza o documento.
Assinaram o manifesto os seguintes deputados:
Antônio Carlos Pannunzio (SP)
Arnaldo Madeira (SP)
Carlos Alberto Leréia (GO)
Carlos Brandão (MA)
Emanuel Fernandes (SP)
Fernando Chucre (SP)
Gustavo Fruet (PR)
João Almeida (BA)
Julio Semeghini (SP)
Jutahy Magalhães (BA)
Leonardo Vilela (GO)
Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES)
Mendes Thame (SP)
Nilson Pinto (PA)
Paulo Renato Souza (SP)
Ricardo Trípoli (SP)
Vanderlei Macris (SP)
Walter Feldman (SP)
Zenaldo Coutinho (PA)
De Brasília,
Iram Alfaia