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América Central prepara novas políticas contra o tráfico

A expansão das redes do crime organizado no México e na América Central apresenta um desafio regional, que também diz respeito à administração de Barack Obama. É um dos pontos que os chefes de Estado centro-americanos querem abordar com o novo presidente

Segundo o diário guatemalteco “El Periódico”, 400 membros dos “Zetas”, bandos de assassinos ligados ao cartel mexicano do Golfo e muitas vezes recrutados entre militares de elite, mexicanos ou guatemaltecos, operam agora na Guatemala. Eles enfrentam 300 homens a serviço do cartel mexicano de Sinaloa, “Los Pelones” [Os Carecas], vindos do exército, da polícia ou da Mara Salvatrucha, uma gangue conhecida por sua extrema violência.



A polícia de Honduras estima que existem mais de 50 pontos de passagem da droga através das fronteiras da América Central. Quase 10% da cocaína transportada da Colômbia para a América do Norte permanece em território guatemalteco, onde se desenvolve um mercado interno para as drogas: um grama de pó branco custa somente US$ 10, contra US$ 120 nos Estados Unidos.



Coordenação regional



“A maior parte da droga passa pelo Pacífico, e não temos nenhum meio técnico de exercer um controle real”, admite Haroldo Rodas, o ministro das relações exteriores da Guatemala.



Além da questão da proliferação do crime organizado a partir de redes formadas por ex-oficiais ou policiais, o governo do presidente social-democrata Álvaro Colom só dispõe de um exército que foi reduzido, em dez anos, de 45 mil a 16 mil homens.



“Os acordos de paz (que puseram fim a décadas de guerrilha e de massacres) nos incentivavam a diminuir em um terço as forças armadas, mas foi bem mais longe que isso”, lembra Rodas. “Hoje não se trata de remilitarizar o país. É preciso estruturar e equipar melhor essas forças”. Segundo as autoridades, o tráfico de drogas é responsável por 70% dos atos de violência cometidos na Guatemala, que registrou 6.200 homicídios em 2008.



A ideia de uma coordenação regional, na troca de informações como na unificação dos instrumentos jurídicos, foi defendida pelo presidente mexicano Felipe Calderón, durante um encontro, em 16 de janeiro no Panamá, do qual participaram o presidente colombiano Álvaro Uribe, seu colega guatemalteco e seu anfitrião panamenho, Martín Torrijos.



Na véspera, a ministra das relações exteriores do México, Patrícia Espinosa, havia rejeitado categoricamente o rótulo de “Estado em falência”, colocado em seu país por relatórios oficiais divulgados nos Estados Unidos. Em um artigo intitulado “O próximo desastre”, a revista americana Forbes pintou um quadro alarmante dos riscos corridos “à nossa porta”, caso o governo de Calderón se mostrasse incapaz de refrear a onda de violência. Um diagnóstico parecido, agravado por um documento do Departamento de Defesa comparando o México ao Paquistão, irritou o México.



“Noventa por cento das armas que apreendemos nas operações contra os traficantes, muitas delas de categoria militar, são provenientes dos Estados Unidos”, ressaltou Espinosa durante uma entrevista com correspondentes de jornais estrangeiros.



Nós dissemos isso ao Obama. E exigimos que seja respeitada a lei americana que proíbe a exportação de armas para países onde elas são proibidas”.



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Fonte: Le Monde