2009: alerta para epidemia de dengue 

A epidemia de dengue em 2009 no Ceará pode não ser maior do que no ano passado, mas deve vir mais grave. É o que prevê o presidente do Conselho dos Secretários Municipais da Saúde. Para ele, o importante é preparar-se para a epidemia

São as autoridades da Saúde que alertam: a chance é grande de que, em 2009, o Ceará tenha uma epidemia de dengue mais grave do que a que ocorreu no ano passado. José Policarpo de Araújo Barbosa, presidente do Conselho das Secretarias e dos Secretários Municipais da Saúde do Ceará (Cossems), diz que isso ocorre porque quem já teve um dos tipos da forma clássica da doença pode agora adquirir dengue em sua forma mais grave, como a hemorrágica, por exemplo. O que se pode fazer a partir de agora, segundo ele, é preparar-se para esta epidemia.


 


Jurandi Frutuoso, secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde (Conass) e membro do Conselho Nacional da Saúde (CNS), reforça a idéia, acrescentando que, depois de cada epidemia, as pessoas se tornam mais sensíveis do ponto de vista imunológico. “À medida que as epidemias vão-se repetindo, os organismos se sensibilizam e as respostas são cada vez mais intensas”, disse ele. Em 2008, o Ceará viveu o ano com o segundo maior número de casos da doença desde 1986, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Foram 44.508 casos da dengue clássica e mais 442 da forma hemorrágica.


 


Para o secretário José Policarpo, a atenção deve ser dada à rede primária de saúde, com treinamento para as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e capacitação para os profissionais. Segundo ele, o sistema público de saúde ainda tem conseguido evitar muitas mortes em decorrência da dengue. “Se não fosse o SUS (Sistema Único de Saúde), a situação seria catastrófica com essas epidemias”, afirma o médico. Ele afirma que o combate à dengue é a preocupação maior para os secretários da Saúde que estão assumindo agora.


 


Mas a colaboração tem de vir de todos – principalmente da população. O lixo jogado nas ruas ainda é problema, cita o médico, que é secretário na cidade de Cascavel. De acordo com ele, mutirões de limpeza pública devem ser realizados, nos municípios, para diminuir o número de locais que são possíveis criadouros para o mosquito transmissor da dengue. A falta de coberta nas caixas d’água é outro empecilho, principalmente no Interior. A solução é colocar telas nesses locais. “O mosquito gosta de água parada e limpa”, lembra o secretário.


 


A colocação das telas nas caixas d’água é um procedimento previsto no plano de ação contra a dengue em Horizonte. De acordo com o secretário da Saúde da cidade, Jaime Ribeiro, “a meta é cobrir 100% das caixas”, além de mobilizar toda a comunidade para a conscientização. “Uma das melhores maneiras de combater a dengue é virar a lata. A gente não precisa de megatecnologia. Não é um trabalho só de agentes de saúde pública, mas é uma parceira real com a comunidade”, afirma. Jaime Ribeiro disse que a educação tem de ser continuada. Não basta lembrar que o problema existe apenas no início do ano.


 


Na semana passada, sete casos de suspeita de dengue foram notificados em Horizonte. Ano passado, segundo a Secretaria da Saúde da cidade, houve 95 casos da doença no município. Desses, 87 eram pacientes residentes em Horizonte. Ações de prevenção existem. São mutirões pelas localidades, visitas de agentes de saúde e de endemias, distribuição de panfletos, exibição de filmes, formação de mobilizadores. O que falta é pôr tudo isso em prática e cobrar ações também da população.


 



E-Mais


 


O Ceará apresenta casos de dengue desde 1986.


 


As três maiores epidemias do Estado foram nos anos de 1994, 2001 e 2008.


 


A dengue hemorrágica só foi detectada no Ceará a partir de 1994.


 


De olho na dengue


 


A dengue é uma doença causada por um vírus e seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais.


 


O vírus causador da doença possui quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo.


 


O Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem cor escura e listras brancas no corpo e nas pernas.


 


O mosquito costuma picar nas primeiras horas da manhã e no fim da tarde. Os ovos do mosquito da dengue precisam de água limpa e parada para nascerem.


 


Após a picada do mosquito, os sintomas se manifestam a partir do terceiro dia. Esse período é chamado de incubação. O tempo médio de duração da doença é de cinco a seis dias. Só depois da incubação é que os sintomas aparecem.


 


Existem duas formas da doença: a clássica e a hemorrágica.


 


Sintomas


 


Dengue clássica: febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, falta de apetite, manchas e erupções na pele, náuseas, vômitos, tonturas, cansaço.


 


Dengue hemorrágica: é a forma mais grave da doença. Quando acaba a febre, começam a surgir os sinais de alerta: dores abdominais fortes, vômitos persistentes, palidez, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, sonolência, agitação, boca seca, pulso rápido e fraco, dificuldade respiratória.


 


Tratamento
O tratamento é para aliviar os sintomas. A pessoa deve ficar em repouso, beber muito líquido e só usar remédios prescritos pelo médico, para aliviar dor e febre.