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CUT: crise mundial, neoliberalismo e classe trabalhadora

A crise econômica que monopolizou os noticiários em todo o mundo durante o ano de 2008 pode representar uma oportunidade para classe trabalhadora. Se considerarmos o que defendem os especialistas econômicos mais críticos, a crise financeira representa

O capitalismo entra em crise, sem, no entanto, desaparecer, mas o sua política econômica globalizante, o neoliberalismo, agoniza. Por mais difícil que seja o cenário desenhado, o fim no neoliberalismo implica na criação de um novo modelo econômico.


 


E é nesse vácuo que a classe trabalhadora precisa se mostra presente e propor alternativas que não atendam apenas à lógica do capital, mas sim do social. Pegando emprestada uma análise do jornalista e escritor francês Ignácio Ramonet, diretor do jornal Le Monde Diplomatique, uma crise como a que estamos vivenciando surge uma vez a cada século.


 


Foi assim com a grande depressão de 29, que representou a crise do século 20. Então, novos ventos vão soprar e não podemos esperar, e muito menos acompanhar, a crise do século seguinte. A hora é agora, e nós, os trabalhadores, não podemos assistir a essas transformações de braços cruzados.


 


Contradição


 


O principal discurso do capitalismo é que o Estado não precisa intervir, pois o mercado é capaz de regular todas as suas necessidades. A crise serviu para provar o contrário. Quando a especulação financeira foi além do limite o que se viu foi o tão criticado Estado servir de socorro para impedir o caos. Bilhões de dólares foram colocados à disposição de bancos, construtoras, montadoras e outros representantes do capital, com o objetivo de garantir as condições de sobrevivência do mercado.


 


Precisamos exigir que os recursos oriundos dos cofres públicos, tenham contrapartida, como garantia do emprego, distribuição de renda e manutenção do consumo interno. Não podemos ser responsabilizados por uma crise que não foi criada pelos trabalhadores. Quando os servidores tiveram, através de uma dura negociação, seus salários reajustados, a grande mídia criticou duramente o governo, bem como a política de distribuição de renda via programas sociais.


 


Essa mesma imprensa não se manifestou contra o governo quando o mesmo liberou recursos para os bancos, montadores, empresas que alimentam o capitalismo. Não fizeram nenhum comentário contrário a este financiamento, deixando claro que está contra os interesses do povo brasileiro.


 


Desafio


 


Sempre combatemos a política neoliberal. Um Estado forte e um serviço público gratuito e de qualidade são bandeira históricas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Condsef e do Sindsep. Nunca nos calamos diante da ideia do Estado mínimo, difundida em todo o mundo como o cerne do neoliberalismo, implantado na década de 1980 pelo presidente dos Estados Unidos e a Primeira Ministra da Inglaterra, Ronald Reagan e Margaret Tatcher, respectivamente.


 


Por isso, companheiros e companheiras, é chegada a hora. Vamos montar neste “cavalo celado” e dizer que não podemos pagar a conta dessa crise financeira mundial. Não somos responsáveis e não vamos aceitar que a classe trabalhadora seja, mais uma vez, relegada ao último plano. Vamos fazer a diferença e iniciar 2009 enfrentando com coragem este cenário apontado como desfavorável.


 


A classe trabalhadora, e não apenas categorias isoladas, precisa estar unidas e apontar soluções. Somos todos trabalhadores, público ou privado do campo ou da cidade. Temos que enfrentar este problema enquanto classe. Dessa forma estaremos fortes e sairemos vitoriosos.


 


* Sérgio Goiana é coordenador geral do Sindsep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Pernambuco) e presidente da CUT-PE