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Márcio Alemão: data venia, Suzana Vieira no Faustão

Não consegui ficar ouvindo o festival de elogios seguido de lamúrias e autodefesa no melhor estilo dramalhão mexicano de quinta categoria. Refiro-me à passagem de Susana Vieira pelo Domingão do Faustão, ontem (8).


 


Por Má

Susana ouvia/via uma grande, gigantesca, enorme, assustadoramente fraterna amiga dizer o quanto a admirava, o quanto a respeitava, o quanto ela era assustadoramente linda e extraordinariamente competente. Na sequência uma perguntinha besta qualquer que abria espaço para aqueles discursos que já ouvi milhares de vezes na TV, no rádio e em programas de humor que satirizam o assunto. A vítima, inocente, enganada, ludibriada, começa a despejar um caminhão de enormes chaves, de chavões, de clichês para se defender.


 


Relembra a carreira de irrefutável sucesso; relembra a conduta impecável que sempre tiveram com todos os seres humanos e não humanos deste planeta. Falam sempre muito sobre suas verdades, crenças inabaláveis e, basicamente, muito e muito sobre a inveja, a calúnia, o outro, os outros. Descobre, por fim, o que Sartre disse há muito: o inferno são os outros.


 


Pois então, a vítima metralha seus argumentos surrados, repito, visto em qualquer drama de baixa qualidade e ganha do público uma encantadora salva de palmas.


 


A certa altura ela disse que descobriu, por fim, que as pessoas ruins atraem pessoas ruins. Parou um centésimo de segundo mas já era tarde para tentar corrigir. Já era tarde para se colocar como a exceção que confirmaria a regra.


 


Maitê Proença, mais uma mega blaster ultra amigona disse que chegou a trabalhar com Susana em uma novela, fazendo o papel de filha da Susana. Sei lá. Acho que não foi legal da parte da Maitê dizer isso. E Maitê perguntou para sua antiga mãe, se chega um momento em que paramos de amar. A jovem mãe Susana, no mesmo tom exaltado de todos os momentos anteriores. No tom exaltado e emocionado de advogado de defesa de filme de tribunal, jogou uma pergunta: se as pessoas acham que a mulher com mais de 50 anos perde a libido e não trepa mais. Ela usou esse termo chulo. Pediu desculpas mas usou porque estava no clima que já mencionei. E a platéia veio abaixo.


 


Eu teria pedido: “defina mulher com mais de 50 anos”. E outra curiosidade: com tantas e tantas e tantas amizades, será que ninguém avisou a ela que o camarada parecia ter pouco potencial para príncipe? Mudei para o Domingo Espetacular na Record e o deputado e senhor do castelo Edmar Moreira também se defendia.


 


* Márcio Alemão é publicitário e cronista gastronômico da revista CartaCapital