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Nova campanha pede liberdade para os cinco cubanos

Presos há mais de dez anos nos Estados Unidos, sem direito a julgamento, Gerardo Hernández, Antonio Guerrero Rodríguez, Ramón Labañino Salazar, Fernando Gonzáles e René Gonzáles são os Cinco Cubanos, alvos de inúmeras campanhas internacionais que pedem

Ao longo desses anos, o alcance dessas campanhas aumentou consideravelmente e tornou-se uma causa mundial. Para pressionar ainda mais o governo dos Estados Unidos, o Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco lança mais uma etapa da campanha.



Alicia Jrapko, uma de suas articuladoras nos Estados Unidos, falou à agência Adital sobre as ações desta mais recente empreitada por justiça e dignidade e sobre a impressão estadunidense do caso.



Adital – Que avaliação vocês fazem das campanhas anteriores? Tiveram os resultados esperados?


Alicia Jrapko – Temos trabalhado em muitos projetos. Só para dar alguns exemplos, organizamos excursões por universidades com a participação de renomados intelectuais como Noam Chomsky e Howard Zinn. Organizamos oficinas com especialistas sobre o caso, incluindo advogados dos Cinco, e participamos de congressos, fóruns sociais e muitas outras atividades. Em setembro, para o décimo aniversário de suas prisões, organizamos em Nova York o primeiro concerto pelos Cinco com renomados músicos internacionais como Danny Rivera e Victor Victor.


 


Em relação à campanha de cartões, essa é a terceira campanha desse tipo realizada pelo Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco Cubanos.


 


Embora sejamos conscientes de que nenhuma agência governamental dos EUA concederá algo porque lhes enviamos cartões, essas campanhas cumprem vários objetivos e é parte da luta que se desenvolve em todas as partes do mundo, mas, sobretudo, nos EUA para que se conheça esse caso altamente silenciado pelos meios de comunicação.


 


Porque pensamos que cumprem vários objetivos? Primeiro, é uma campanha coordenada em que se somam pessoas de todas as partes do mundo, por uma causa em comum. Segundo, porque as pessoas que decidem enviar um cartão já estão somando-se à luta e se sentem úteis de poder fazer algo concreto. E, por último, devido a que os cartões são abertos, ou seja, sem envelopes, e vão de mãos em mão até chegar a seu destino, começando por aquele que leva ao correio, o trabalhador que o recebe, o carteiro que o entrega, o pessoal do escritório de Obama ou de qualquer outro escritório de governo que os lê antes de entregar ao destinatário, etc., pode despertar o interesse de pessoas que nunca tenham escutado sobre os Cinco e buscar informação, por essa razão se inclui no cartão a página do comitê www.thecuban5.org


 


Adital – Como será realizada essa nova campanha?


 


Alicia Jrapko – há algumas semanas fizemos um chamado a todas as pessoas solidárias a esta causa nos EUA e em outras partes do mundo, para convidá-las a somar-se a essa campanha. A ideia desses cartões surgiu porque durante sua campanha eleitoral, o então senador Barack Obama utilizava uma frase conhecida “Sim, se pode”, ou seja, que sim se podia ganhar. E nós queremos lembrá-lo agora, que sim, se pode libertar os Cinco. Até esta data, imprimimos 21 mil cartões, 14 mil em inglês e 7 mil em espanhol.



 
No cartão, pode-se ver a foto dos Cinco, com a bandeira cubana de fundo, à direita a mensagem “Sim, se pode, Liberdade para os Cinco Cubanos presos nos EUA”, e embaixo uma pequena mensagem que diz “Dez anos de Injustiça” também em ambos idiomas, e um parágrafo que menciona que cinco presidentes da América Latina, nove prêmios Nobel, membros de parlamentos e pessoas de todas as partes do mundo estão demandando a liberdade dos Cinco Cubanos.


 


Ao virar o cartão, há um texto curto e espaço suficiente para que a pessoa que envia o cartão ponha seus dados pessoais. Uma versão do cartão em inglês tem como destinatário Obama e a outra o destinatário está em branco, para as pessoas que queiram enviar a seus congressistas, senadores e outros membros do governo local.


 


Em espanhol, o texto é exatamente igual ao texto em inglês, mas tem os destinatários com seus respectivos endereços, o Presidente Obama e o novo Promotor Geral Eric Holder.


 


As pessoas podem encomendar-nos os cartões ou podem imprimi-los e nesse caso enviamos o arquivo anexado. Outros optaram por traduzi-los, por exemplo, já foram realizadas traduções para o sueco, o catalão, o russo, o alemão e o português.


 


O importante é que sejam milhares de cartões que cheguem aos escritórios do presidente, do promotor geral e de outros membros do governo, pedindo-lhes que indaguem sobre o caso dos Cinco e que os libertem imediatamente. Também se informam as negativas de vistos por parte do governo dos EUA a Olga Salanueva e Adriana Perez, para visitar seus esposos presos.


 


Adital – Acreditam que hoje o caso dos cinco cubanos tem tido melhor compreensão e apoio da sociedade em geral?


 


Alicia Jrapko – penso que se tem avançado muito em todos os países. Hoje, parlamentares de todas as partes do mundo, cinco presidentes da América Latina, nove prêmios Nobel, sindicalistas, artistas, intelectuais, religiosos, estudantes, músicos têm-se somado à campanha pela liberdade dos Cinco.


 


Posso responder em particular que nos Estados Unidos não avançamos tanto como deveríamos ter feito por todas as limitações que temos e as barreiras que enfrentamos.


 


O país que tem os Cinco presos é o mais poderoso do mundo, que considera Cuba com seu inimigo. Não contamos com o apoio das cadeias midiáticas que silenciaram o caso completamente. É um país imenso e necessitaríamos de milhares de pessoas envolvidas nesta causa. Somado a isso, contamos com poucos recursos econômicos para poder fazer publicidade necessária de um caso como esse.


 


Ou seja, se conseguiu muito pouco depois de dez anos. Mas sem dúvida há aqueles dentro dos EUA que conhecem o caso, mas tem sido um trabalho de formiga, de falar com amigos, vizinhos, companheiros de trabalho, de estudos, familiares, etc.


 


Temos podido entrar em alguns meios alternativos, e temos recebido o apoio de alguns membros do governo, tais como congressistas, senadores, prefeitos, mas poucos se têm pronunciado abertamente.


 


Intelectuais e artistas norte-americanos e alguns sindicatos estadunidenses se pronunciaram pelos Cinco. Tudo isso é positivo. Contudo, ainda não estamos satisfeitos com o que conseguimos porque apesar das dificuldades aqui é onde se tem que fazer o trabalho mais forte.


 


Adital – O presidente Obama indicou a intenção de fechar Guantânamo. Acreditam que isso pode ser um sinal positivo de mudança na política estadunidense?


 


Alicia Jrapko – Ainda é realmente muito cedo para saber o que o presidente Barack Obama vai fazer, mas o que pensamos é que com uma nova administração poderiam se abrir possibilidades de mudanças políticas dos Estados Unidos a Cuba. Nos últimos oito anos isso foi impossível e agora talvez possa acontecer. Mas, novamente, não estamos certos do rumo que tomará Obama. Não depende só dele, e sim da pressão que saibamos exercer nos que vivem nos Estados Unidos.


 


Adital – Como as pessoas podem participar da campanha?


 


Alicia Jrapko – Esta campanha é parte a Campanha Internacional pela Liberdade dos Cinco. Já se passaram 10 longos anos de injustiça e é hora de eles voltarem para Cuba. Se as pessoas quiserem participar nesta campanha de envio de cartões, podem nos escrever para [email protected] e nós lhes diremos como podem adquiri-las.