Dúvida sobre financiamento do carnaval de Salvador persiste

O carnaval terminou, mas uma grande dúvida persiste em Salvador: de onde saiu o dinheiro para financiar os R$ 31 milhões gastos pela prefeitura na festa? Em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (26/2), o prefeito João Henrique se limitou a afirmar que

A declaração feita uma semana antes do início do carnaval foi duramente criticada por diversos setores da sociedade e apesar de João Henrique ter alegado que se expressou mal na entrevista, vereadores de Salvador já estão recolhendo assinaturas para a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar o caso. O Ministério público também foi acionado para apurar a veracidade das afirmações.


 


A questão sobre os recursos para financiar o carnaval de Salvador ganhou uma nova polêmica com a discordância entre a prefeitura e a OCP-Tudo sobre os valores captados na iniciativa privada para a festa. O prefeito fala em R$ 5,5 milhões, mas o publicitário Nizan Guanaes, sócio da empresa OCP-Tudo contratada para vender a festa, afirma que foram arrecadados R$ 8 milhões em cotas de patrocínio.


 


Depois da divergência de valores ser questionada ostensivamente pela imprensa, o presidente da Saltur, Cláudio Tinôco, reconheceu que o valor pode ter chegado a isso, pois outros R$ 2,147 milhões foram arrecadados como cota social, mas repassados diretamente para entidades carnavalescas sem pingar nos cofres municipais. Desse valor, o consórcio não retirou a comissão de 20%, como foi acordado com a prefeitura em termo de compromisso. O total, portanto, chegaria a R$ 7,69 milhões de arrecadação. O prefeito também falou em valores destinados à promoção do carnaval de Salvador na mídia nacional, que não foram levados em conta, mas o certo é que há uma diferença de R$ 2,5 milhões, entre os valores declarados pelas duas partes e isto não está bem explicado.


 


Outro ingrediente importante na discussão sobre o financiamento do carnaval em Salvador é o montante gasto pela prefeitura. É preciso questionar se é mesmo válido o investimento de R$ 17,4 milhões em dinheiro público para bancar uma festa que traz ganhos para tão poucos. Afinal, segundo o Dieese, Salvador tem 354 mil desempregados. A cidade tem ainda um problema histórico com a arrecadação, argumento utilizado por muitos prefeitos, inclusive por João Henrique, para a falta de investimentos mais significativos para geração de mais empregos e renda.


 


Mas, enquanto não acontece um debate mais profundo sobre os gastos e ganhos do carnaval para a população de Salvador, a expectativa agora recai sobre o problema atual: como a prefeitura vai bancar os R$ 17,4 milhões investidos em 2009. A sociedade está atenta e não vai aceitar que recursos da educação e da saúde sejam utilizados para este fim.


 


 


De Salvador,


Eliane Costa