Inácio Arruda – O poeta universal

Reverenciar a memória de Patativa do Assaré significa preservar o alcance universal da obra deste cearense que sempre teve em sua terra natal sua fonte de inspiração. Poucas vezes a frase “Se queres ser universal, fala da tua aldeia” foi tão bem represent

O poeta vivenciou a dura realidade de sua gente e compreendeu as causas de seu sofrimento, fazendo da poesia um instrumento de denúncia, expressão de sua indignação contra as injustiças sociais. Nunca se furtou em participar de momentos significativos da luta do povo brasileiro. Inspirado nessa vertente combativa, Patativa escreveu, a pedido de dom Helder Câmara, “O Padre Henrique e o Dragão da Maldade”, que, na forma de versos populares, relata o assassinato de um jovem padre ligado à Teologia da Libertação.


 


Muitos são os adjetivos que podemos aplicar a Patativa, mas a denominação poeta resume todas as suas qualidades. Falando das dores e alegrias de sua gente, ele conseguiu superar a dicotomia que reduz toda a riqueza cultural de um povo entre os conceitos de popular e erudito. O Senado Federal se irmanará na celebração do centenário de nascimento de Patativa, por meio de uma sessão solene e na aprovação de projeto de lei que institui 2009 como o Ano Nacional Patativa do Assaré.


 


Sua poesia tem o cheiro da terra molhada, o som do aboio do vaqueiro e é livre como as aves de arribação que voam pelo mundo afora, mas retornam sempre para o sertão. Das duras lidas do dia-a-dia os versos de Patativa nascem como um Juazeiro, “verde na monotonia cinzenta da paisagem”, como nos descreve Raquel de Queiroz em O Quinze. Patativa é a chuva que reverdece a terra árida, transformando cenas do cotidiano em jóias lapidadas; poesia singela, que tem o condão de encantar a todos que dela tomam conhecimento.


 


Inácio Arruda é Senador PCdoB/CE