Recessão eliminou 2 milhões de empregos em 3 meses nos EUA
A economia norte-americana suprimiu 1,987 milhão postos de trabalho entre dezembro e fevereiro, informou nesta sexta-feira (6) o Departamento do Trabalho. Além de apresentar os números de fevereiro – 651 mil empregos a menos –, o órgão governamental
Publicado 06/03/2009 17:58
Em dezembro, foram liquidados 681 mil empregos e não 577 mil como se acreditava anteriormente. Foi o pior nível desde 1949. Em janeiro desapareceram 655 mil vagas, e não 598 mil como indicava a estimativa.
Veja o gráfico ao lado: nos cinco meses a partir de outubro, quando a crise atingiu sua fase aguda, os EUA perderam cerca de 3 milhões de empregos, em praticamente todos os segmentos da economia. Faz 14 meses que o número de postos de trabalho diminui sem cessar na economia número um do capitalismo mundial.
O dado de fevereiro corrigiu ligeiramente, para pior, expectativa dos analistas, que era de 640 mil postos de trabalho eliminados. A taxa de desemprego prevista era de 7,9%.
Em números absolutos, a quantidade de desempregados nos EUA subiu para 12,5 milhões no mês passado. Nos 12 meses até fevereiro, o contingente de desempregados cresceu em cerca de 5 milhões de pessoas, e a taxa de desemprego subiu 3,3 pontos percentuais, segundo o departamento.
Cortes de empregos por setor
Entre os desempregados, o número de pessoas sem trabalho há pelo menos 27 semanas cresceu em 270 mil, para 2,9 milhões, no mês passado. O número de desempregados por esse período, nos 12 meses até fevereiro, cresceu em 1,6 milhão.
O setor de serviços profissionais e comerciais teve queda de 180 mil empregos no mês passado. O segmento de trabalho temporário perdeu 78 mil vagas em fevereiro e, desde dezembro de 2007, o segmento perdeu 686 mil postos de trabalho.
No setor manufatureiro foram fechadas 168 mil vagas. Nesta semana o ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) informou que a atividade nas manufaturas dos EUA caiu para 35,8 pontos, contra 35,6 pontos em janeiro, marcando o 13º mês consecutivo de contração consecutivo.
Dentro das manufaturas, o segmento de bens duráveis perdeu 132 mil empregos, principalmente nos setores de produtos de metal (queda de 28 mil postos) e maquinário (queda de 25 mil). No segmento de bens não-duráveis, houve queda de 36 mil vagas no mês passado.
O setor de construção, um dos mais afetados pela crise em que os EUA se encontram, perdeu 104 mil vagas. Desde janeiro de 2007, esse segmento da economia já perdeu 1,1 milhão de postos de trabalho, com as maiores perdas nos últimos quatro meses.
Outras fontes confirmam desemprego em alta
Ontem, o departamento informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego no país caiu em 31 mil na semana encerrada no último dia 28, ficando em 639 mil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho. O número de pessoas recebendo o benefício há pelo menos duas semanas teve ligeiro recuo, mas continua acima de 5 milhões, o maior patamar desde o início das pesquisas, em 1967.
A consultoria de recursos humanos ADP Employer Services informou nesta semana que o setor privado da economia americana cortou 697 mil empregos em fevereiro.
As previsões do Livro Bege
Na semana passada, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, disse que o desemprego no país deve crescer “substancialmente” até o início 2010. Mas agregou que mesmo então ele deve seguir um “ritmo moderado de redução” ao longo do ano.
Na quarta-feira o Fed divulgou o Livro Bege, documento com dados econômicos coletados nas suas 12 divisões regionais. O texto avalia que as condições econômicas americanas continuaram a se deteriorar entre janeiro e fevereiro. Destaca que, com a elevação das demissões e a interrupção em contratações, o desemprego cresceu em todas as regiões, reduzindo as pressões por elevação de salários.
Não são só os salários. As pressões inflacionárias continuam a diminuir em uma parte considerável nos setores de bens finais e serviços, com redução de preços da energia e de commodities, forçadas pela queda na demanda. O que coloca para os EUA o perigo da deflação, que dificultaria e atrasaria ainda mais a retomada econômica.
Da redação, com Folha Online e Departamento do Trabalho