Salvador: Mulheres vão às ruas por igualdade e pela descriminalização do aborto
Vestidas com suas roupas coloridas, levando à frente as bandeiras da luta pela descriminalização do aborto, por maior participação nos espaços de poder, pedindo o fim da violência doméstica e se negando a pegar pela crise, assim as mulheres foram às ruas
Publicado 10/03/2009 23:06 | Editado 04/03/2020 16:20
Organizada por diversas entidades do movimento de mulheres, entre as quais a União Brasileira de Mulheres (UBM), a tradicional marcha é um dos eventos mais importantes da celebração do 8 de Março na capital baiana. Todos os anos, costuma reunir militantes de diversas vertentes da luta feminina para celebrar conquistas e potencializar reivindicações. Este ano, a bandeira da manutenção do emprego das mulheres esteve muito presente na caminhada numa referência à crise econômica mundial. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e vários sindicatos participaram do evento, defendendo que as mulheres não paguem pela crise. “As mulheres são as primeiras a sentir os efeitos da crise, pois além de receber um salário menor ainda são as primeiras a serem demitidas pelas empresas. Não podemos aceitar esta situação”, afirmou Rosa de Souza, diretora da CTB Bahia.
A luta pela descriminalização do aborto foi outra bandeira empunhada pelas mulheres durante a marcha. Muitos foram os protestos contra a postura arrogante e desrespeitosa do bispo de Pernambuco da Igreja Católica, que excomungou todos os envolvidos na realização de um aborto legal em uma criança de 9 anos, grávida de gêmeos após sofrer violência sexual. “Não podemos nos calar diante de mais esta afronta ao direito da mulher decidir sobre o próprio corpo. O aborto é uma questão de saúde pública no país. Em Salvador, as complicações decorrentes de abortos inseguros são a quarta causa de mortalidade materna. Precisamos unir forças para garantir a vida destas mulheres, pois a legalização do aborto é uma questão de vida e não de morte”, ressaltou a secretária de Mulher do PCdoB Bahia, Julieta Palmeira.
Políticas públicas
As mulheres foram às ruas de Salvador cobrar, acima de tudo, políticas públicas que garantam igualdade. Da superintendente de Políticas de Mulheres de Salvador, Ariane Carla, ouviram a promessa de que a secretaria vai trabalhar junto ao movimento de mulheres para que estes direitos sejam assegurados. As vereadoras Aladilce Souza e Olívia Santana, ambas do PCdoB, também manifestaram disposição para cobrar ações mais efetivas do poder Executivo nesta área.
Olívia Santana convocou também as mulheres a participar mais ativamente das próximas eleições. “Em 2010, vamos garantir que os partidos cumpram a cota de pelo menos 30% de mulheres em suas chapas. Vamos participar de campanhas de mulheres e vamos eleger mais mulheres para a Assembléia Legislativa, a Câmara de Deputados e o Senado. Aumentar a nossa representação nestes espaços é fundamental para assegurar a tão sonhada equidade de gênero neste país. Nós somos metade da população e não podemos mais aceitar que a outra metade decidam por nós. Precisamos ocupar o nosso espaço de direito no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Já mostramos que temos competência para isso”, ressaltou Olívia.
Além de defender maior participação nos espaços de poder, a vereadora Aladilce Souza conclamou as mulheres a continuar lutando por seus direitos em todos os lugares. “Esta marcha é mais uma prova da força da nossa união. Precisamos manter esta disposição em todos os dias do ano, para garantir os mesmos salários que os homens, a implementação total da Lei Maria da Penha, atendimento adequado na rede de saúde e muitas outras conquistas. Precisamos denunciar o assédio moral, a violência doméstica e qualquer outra forma de discriminação no dia-a-dia. Não vamos nos calar diante da morte de tantas mulheres, vítimas de abortos inseguros. Ao contrário, vamos mostrar a nossa disposição de lutar para que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens, nem mais, nem menos”, declarou Aladilce.
De Salvador,
Eliane Costa