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Previ sente peso da crise e lamenta demissões na Vale e na Embraer

O maior fundo de pensão do país, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, sentiu em 2008 o peso de ter cerca de 60 por cento do seu patrimônio em renda variável e registrou perdas de 26,6 bilhões de reais no exercício, o que reduziu pela m

Após pagamento de benefícios da ordem de 6 bilhões de reais e perdas com rendimentos e aplicações de 15,3 bilhões de reais, o patrimônio da Previ caiu de 137,1 bilhões de reais em 2007 para 115,7 bilhões de reais no ano passado. O superávit da entidade manteve-se positivo em 26,3 bilhões de reais, já que o patrimônio acumulado até o final de 2007 era de 52 bilhões de reais.


 


As perdas só não foram maiores, segundo Rosa, porque parte das aplicações em ações são feitas de maneira direta nas próprias empresas, como Vale, Neoenergia e CPFL, que podem ser consideradas no balanço da Previ pelo valor econômico e não de mercado.  Com isso, a rentabilidade com renda variável ficou limitada a uma queda de 24,04 por cento, enquanto o Ibovespa perdeu 41,22 por cento em 2008. “Nós tínhamos 85 por cento a mais de recursos para pagar nossos compromissos e agora temos 40 por cento para pagar o nosso principal plano (Plano 1)”, informou.


 


Cenário de muita incerteza


 


O Plano 1 corresponde a 90 por cento das obrigações da Previ. Segundo Rosa, o destaque de 2008 foram as aplicações no mercado imobiliário, que teve rentabilidade de 21,61 por cento, enquanto a renda fixa garantiu 12,23 por cento de rendimentos. A entidade, assim como os demais fundos, não conseguiu atingir a meta atuarial deste ano, mas, segundo Rosa, a queda de 11,49 por cento de rentabilidade contra o ano passado não abala o fundo, que acumula desde 1999 rentabilidade de 957 por cento.


 


“Considerando essa crise inusitada, bem longe dos consensos de mercado e considerando o tamanho da Previ e o tamanho da crise, e ainda o superávit que temos, nós passamos por um teste bastante importante, criamos reserva suficiente para aguentar perdas fortes”, avaliou Rosa. Para 2009, ele disse ver ainda um cenário de muita incerteza, o que vai levar a análises mais intensas e um estresse bem maior. “A opção no momento é se manter na espera, para ver como fica. Ainda há um cenário de muita incerteza, e isso é pior porque você fica pensando se deveria fazer movimentos estratégicos. Até ficar numa posição estável tem risco, vai ser um estresse muito maior”, destacou. 


 


Demissões na Vale e na Embraer


 


As demissões realizadas por Vale e Embraer devido aos efeitos da crise financeira internacional foram consideradas “terríveis” por Rosa. A Previ detém cerca de 15% do capital total e 30% do capital votante da Vale, por meio de participação da Litel no capital da Valepar. Na Embraer a participação do fundo é de cerca de 13% do capital total. “Para nós, que somos um fundo de trabalhadores, é terrível pensar sobre isso, mas os mercados dessas empresas sofreram violentamente com a crise”, frisou.


 


Ele ponderou que a Vale — que cortou 1.300 funcionários no fim do ano passado, com férias coletivas para outros 5,5 mil — terminou 2008 com saldo líquido de contratações, apesar do agravamento da crise. No mês passado, a Embraer anunciou a demissão de 20% do corpo de funcionários, cerca de 4.200 cortes. “Se essas empresas não se ajustassem, estariam consumindo dinheiro”, destacou Rosa, lembrando que a decisão das demissões, em ambos os casos, não passou pelo conselho de administração, embora o órgão tenha sido comunicado.


 


Pagamento de dividendos


 


A participação da Previ na Vale rendeu pagamento de dividendos de R$ 873,665 milhões ao fundo no ano passado, correspondendo a ativos de R$ 29,198 bilhões. Já a fatia na Embraer rendeu ao fundo de pensão R$ 60,927 milhões em dividendos, para ativos avaliados em R$ 908 milhões. A participação na Vale e a fatia na 521 Participações (representante da Previ no capital da CPFL) são as únicas na carteira de renda variável que são contabilizadas pelo valor econômico e não pelo valor de mercado.


 


De acordo com Rosa, a legislação permite que participações em blocos de controle sejam contabilizadas pelo valor econômico, o que reduz perdas em épocas de grande volatilidade — embora também reduzam os ganhos em períodos de fortes altas. A 521 Participações é formada por ações da CPFL e Neoenergia, que renderam R$ 552,046 milhões em dividendos em 2008, correspondendo a ativos de R$ 7,933 bilhões.


 


As informações são do Valor Online