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Visão de longo prazo para a juventude marca encontro do PCdoB

“A juventude é fundamental para quem pensa historicamente, como é o caso do PCdoB”. Sob essa perspectiva, apontada pelo secretário de Juventude, Ricardo Abreu “Alemão”, teve início na noite desta sexta-feira (13) mais um Encontro Nacional de Secretaria

São esperados para o evento – que acontece na sede do PCdoB, em São Paulo – cerca de 60 secretários de Juventude, dirigentes que atuam nessa frente e lideranças da UJS. “O partido sabe da necessidade de se planejar a atuação na juventude com uma visão estratégica”, disse Alemão, na abertura dos trabalhos.


 


A ideia de pensar ações visando o ano de 2022 inauguraria a terceira fase do trabalho do PCdoB nessa frente. A primeira delas vem imediatamente após a fundação do partido, com a criação da Juventude Comunista. A segunda fase vem com a criação da UJS, em 1984 e a terceira, advinda do relançamento da entidade em 1996, estaria se encerrando neste ano. O foco agora volta-se para fazer da UJS uma entidade de massas.


 


No entanto, para que a maior inserção dos comunistas no meio juvenil resulte em ações de longo prazo, é preciso, segundo Alemão, que se supere a visão – ainda comum em muitos setores do partido – de que os bons resultados dessa frente dispensam maiores investimentos. “Se não fizermos um trabalho constante de renovação ideológica, programática e política, vamos retroceder. O que não avança, regride”, afirmou.


 


Ele alertou ainda para a necessidade de as direções estaduais investirem mais nessa frente. Lembrando observação feita recentemente pelo presidente da legenda, Renato Rabelo, Alemão salientou que o partido conseguiu vitórias importantes desde o fim da experiência soviética, quando o movimento comunista passou a ser visto como algo anacrônico. “Paradoxalmente conseguimos continuar atraindo os jovens e seguimos sendo contemporâneos”, constatou.


 


No documento-base apresentado para o debate dos próximos dois dias, a Secretaria de Juventude dá algumas pistas sobre o porquê desse bom desempenho dos comunistas entre os jovens. Entre eles, aponta a priorização real – e não apenas formal – do trabalho com a juventude; ideologia revolucionária; política justa no comando; unidade, democracia interna e disciplina; formação de quadros; trabalho de base permanente, combatividade, inovação e criatividade. “Acho que o reconhecimento que temos recebido inclusive de partidos estrangeiros quanto à nossa atuação na juventude é resultado de uma ação bastante complexa que realizamos desde a fundação do partido. Esse acúmulo nos deu as bases para uma política exitosa nessa área. Queremos agora avançar nos objetivos estratégicos, visando a um crescimento mais qualitativo e direcionado”, avaliou Alemão.


 


Do ponto de vista da ação mais imediata, o documento a ser discutido enumera os desafios atuais da luta da juventude por mudanças. Como principais bandeiras estão a luta pelo socialismo, pela paz e contra a guerra imperialista; pela integração da América Latina; por um novo projeto nacional de desenvolvimento; pela ampliação dos canais de participação política da juventude; pelo emprego para a juventude; pela reforma da educação; pela maior ligação entre ciência e tecnologia e desenvolvimento nacional; pela democratização do acesso da juventude à cultura; pela democratização da prática esportiva para a juventude e do acesso da juventude à cidade; pela reforma agrária para a juventude rural; pela defesa da Amazônia como fator estratégico para a soberania nacional; pela preservação do meio ambiente; pela democratização dos meios de comunicação e do acesso aos meios digitais;pela defesa dos direitos das jovens mulheres; pelo combate ao racismo; pela defesa da livre orientação sexual e por uma nova abordagem do Estado em relação ao uso de drogas.


 


Ao tratar dos desafios estratégicos que nortearão o trabalho juvenil do partido nos próximos anos e décadas, o documento apresenta como objetivos contribuir para que a juventude brasileira seja mais conscientizada e organizada; desenvolver um projeto partidário para a UJS; fazer do PCdoB uma referência na área das políticas públicas de juventude e ampliar os estudos marxistas e progressistas sobre a juventude.


 


No que tange ao trabalho de direção, cujo ponto central é preparar o PCdoB para uma nova fase no trabalho juvenil, o documento propõe elevar o nível das direções partidárias na área de juventude; superar visões pragmáticas e utilitaristas; superar incompreensões sobre a autonomia orgânica da UJS; dar mais vida partidária para os jovens comunistas; reforçar a atuação do jovem comunista na UJS; trabalhar com a ideia de uma UJS de massas e organizada; priorizar o crescimento da UJS; modernizar o trabalho de direção; superar os entraves financeiros e desenvolver uma política de quadros para os jovens comunistas.


 


O documento-base, bem como o plano de atuação para o ano, será discutido e aperfeiçoado durante o encontro. No domingo, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, encerra os trabalhos com a conferência “A situação política atual e o 12º Congresso do PCdoB”.


 


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte
Foto: Victor Vogel