Série de dez escândalos provoca mudança no comando da Secretária de Segurança Pública de São Paulo.

Após mais de dois anos à frente da Secretária de Segurança Pública, Ronaldo Bretas Marzagão deixou o cargo em meio a denúncias de corrupção que envolvem Lauro Malheiros, seu antigo homem de confiança e ex-adjunto. Assume a pasta Antônio Ferreira Pinto, ti


O capítulo final da atribulada gestão de Marzagão se deu através de denúncias feitas pelo investigador Afonso Pena. Aceitando um acordo de delação premiada, oferecido pelo Ministério Público, o Policial Civil revelou uma série de esquemas de corrupção, nos quais, aparecem evolvidos alguns nomes da cúpula da polícia de São Paulo. Contudo o fato que mais incomodou e chegou ao Palácio dos Bandeirantes, foi o envolvimento do ex-Secretário Adjunto Malheiros Neto, homem forte no governo tucano.



 
Como prova, Pena entregou ao MP uma gravação em áudio e vídeo na qual um suposto representante do ex-Adjunto negocia cargos na Polícia Civil. O jornal “Estado de São Paulo”, teve acesso ao DVD e divulgou o conteúdo das gravações. Num trecho o nome do Governador de São Paulo, José Serra (PSDB), é citado na negociação, indagado sobre como se sentia ao ver seu nome sendo usado no esquema de vendas de cargos e absolvições, Serra encerrou uma entrevista coletiva.
 


Após breves reuniões com Jose Serra e com Aluysio Nunes Ferreira Filho, chefe da Casa Civil, ocorridas na última terça-feira, 17, a troca do secretário foi decidida. Segundo fontes, horas antes pela manhã, a assessoria da Secretária havia confirmado um compromisso de Marzagão para o dia seguinte. Essa informação levanta dúvidas quanto à versão apresentada pelo governo de que Marzagão pediu demissão. O pedido de desligamento foi confirmado pelo próprio ex-Secretário: “é preciso saber a hora de sair”, disse.      



O antecessor de Ferreira Pinto conseguiu – segundo dados apresentados pela própria secretária – diminuir alguns índices de criminalidade no Estado, um balanço registra a diminuição de 45% nos casos de seqüestro e 10% nas ocorrências de homicídio. Por outro lado nos últimos dois anos a secretária vive sua pior crise da história.   



A mudança tem caráter eleitoreiro, segundo uma pessoa forte do PSDB o a oposição já se preparava para usar Marzagão em ataques contra o tucano Jose Serra. “Seria bom lembrar que o próprio Governador disse há alguns dias, que neste o momento não se deveria pensar nas eleições do ano vem e sim trabalhar para enfrentar a crise”.
 


O novo homem forte da Segurança Pública de São Paulo estava no comando da Secretária da Administração Penitenciária há pouco menos de três anos. Assumiu o cargo um mês após a onda ataques promovidas pela facção criminosa PCC, que resultaram na morte de 40 policiais. Durante sua gestão a frente dos presídios paulistas ocorreram poucos incidentes de maior relevância dentro das cadeias, porém a aparente calma, imperante nos presídios, esconde o avanço do PCC pelo país e pelo mundo. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Tráfico de Armas, por meio do deputado relator Paulo Pimenta (PT-RS), alertou que além de avanços para outros estados brasileiros, países como Paraguai, Bolívia e Colômbia já contam com ramificações do PCC, ''Já temos indícios muito fortes da existência dessa organização no Paraguai, com uma logística que envolve tráfico de armas, drogas e munições, com ramificações na Bolívia e na Colômbia'', informou.
 


Ainda sobre o PCC, a Anistia Internacional apresentou um relatório dizendo que no início da década de 90, o PCC afirmou que estava empenhado numa campanha para defender os direitos dos presos, incluindo o fim da tortura, a garantia de visitas na prisão e condições adequadas para os presidiários, mas, com o passar do tempo, o grupo se transformou numa organização criminosa implicada no tráfico de armas e drogas, lavagem de dinheiro, prostituição, seqüestro e assaltos a bancos.
 


Em matéria do site IG, advogados, jornalistas e grupos de direitos humanos, afirmam que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) conseguiu crescer de forma dramática dentro do sistema carcerário porque oferecia aos presos uma forma de segurança que o sistema penitenciário, superlotado e sem recursos humanos suficientes, não podia ou não queria assegurar. Diante dessas constatações a gestão do agora Secretário de Segurança, não foi tão boa quanto afirma o Governo Paulista.
 


Ferreira Pinto é tido como um administrador linha dura, para alguns, truculento, a mudança na SSP confirma que ao menos uma parte das denúncias feitas por Afonso Pena são verdadeiras e incomodaram o Governo.



Por Gutemberg M. Tavares – Secretaria de Comunicação PCdoB Guarulhos.