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30 de março: centrais e movimentos intensificam mobilização

As centrais sindicais e os movimentos populares voltaram a se reunir nesta sexta-feira (27), em São Paulo, para definir os últimos preparativos para o ato unificado contra a crise e as demissões. Os protestos acontecem na próxima segunda-feira, 30 de març


Representantes das oito centrais na reunião, antecipandio a unidade de 30 de março


 


As manifestações no Brasil estão incorporadas ao calendário de mobilização da Federação Sindical Mundial (FSM), prevista para ocorrer em todos os continentes no dia 1º de abril. “Para buscar a unidade estratégica com as demais centrais e movimentos sociais, a CTB, filiada à FSM, antecipou a data da sua mobilização para o dia 30 de março”, afirmou Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).


 


“Estamos convocando todas as entidades estaduais filiadas para não medirem esforços na construção de uma ampla mobilização”, agregou Nivaldo. Em São Paulo, o Ato Internacional Unificado contra a Crise, convocado pelas centrais e mais 19 entidades populares e estudantis, será marcado por uma passeata da Av. Paulista até o Centro (Bolsa de Valores).  A concentração para a passeata será às 10 horas, em frente à Fiesp, na pista sentido Consolação, para onde seguirá a caminhada.


 


No encontro de sexta-feira, realizado na sede da Força Sindical, as entidades destacaram a receptividade da convocatória — que sublinha a necessidade da redução dos juros para fortalecer os investimentos públicos e impulsionar o desenvolvimento do mercado interno, com geração de emprego e renda.


 


“Está claro que o modelo de Estado mínimo, de privatização e desregulação de mercados ditado pela globalização neoliberal faliu. Agora, os responsáveis pela crise — os que lucraram com a especulação — querem que o Estado os socorra, buscam dinheiro público para seus bancos e empresas”, sintetizou Antonio Carlos Spis, membro da executiva nacional da CUT e da Coordenação dos Movimentos Sociais.


 


Representando a direção nacional do MST, João Paulo Rodrigues se declarou “animado com a disposição das entidades de batalharem pela construção de um novo projeto e de continuar em estado de luta para que os trabalhadores do campo e da cidade não paguem a conta da crise”. O líder sem-terra defendeu uma campanha nacional pela reestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que demitiu em fevereiro 4.270 trabalhadores.


 


Centrais unidas


 


Nivaldo Santana avaliou como estratégica a unidade dos movimentos sociais e populares, “para que os banqueiros e grandes capitalistas não joguem o peso da crise que causaram nas costas dos trabalhadores”. Segundo o vice-presidente da CTB, “nossa luta é contra o desemprego, o arrocho e a retirada de direitos. Nossa agenda é a afirmação do projeto de desenvolvimento, com valorização do trabalho. Não podemos aceitar que se garantam facilidades fiscais e creditícias às empresas, sem garantir emprego aos trabalhadores, sem contrapartidas nos investimentos públicos”.


 


O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, enfatizou que a luta principal é contra a crise, e que a gravidade do momento propiciou um encontro inédito entre tantas entidades, com todas as centrais, movimentos sociais e partidos ligados aos trabalhadores. “Estaremos juntos no dia 30 para combater o desemprego e exigir a redução dos juros”, sublinhou Paulinho.


 


Em nome da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Zé Maria ressaltou que “será uma grande manifestação não só pelo tamanho, mas pelo aspecto político, de combate às demissões”. Ele informou que a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) está trabalhando um projeto de lei para impedir as demissões em massa — e que é necessário que o movimento pressione unido para pedir urgência constitucional à tramitação do pedido, já que com esta característica o PL teria 45 dias para ser votado pelo Congresso ou trancaria a pauta.


 


Pedro Paulo, da coordenação da Intersindical, saudou o processo de construção unitária da mobilização, frisando que “o que está em crise é o capital, os trabalhadores estão em luta pela construção de um novo modelo”. Com a expectativa de reunir mais de 10 mil pessoas, a convocação popular para o ato está sendo realizada através de um boletim unificado, distribuído em estações do metrô, terminais de ônibus, centro da cidade e nas portas das grandes empresas que tem trabalhadores representados pelos sindicatos.