Sindicatos mobilizam categoria e conseguem parar cerca de 30 gráficos do Diário do Nordeste

Primeira paralisação de trabalhadores depois de deliberada a greve de jornalistas e gráficos, a atividade dessa quarta-feira (1º/4) mostrou poder de mobilização da categoria

Cerca de 30 gráficos do setor de encarte – ou intercalação – do Diário do Nordeste foram convencidos na noite dessa quarta-feira (1º/4) a parar as atividades. Uma articulação comandada pelo Sindicato dos Gráficos, com o apoio de pelo menos cinco outras entidades do movimento sindical e uma federação de trabalhadores, garantiu a primeira paralisação da categoria na greve deliberada no dia 18 de março último.


 


“Paralisamos parte do setor gráfico a noite toda. O pessoal simplesmente aderiu ao movimento e foi embora pra casa”, comemora o presidente do Sindicato dos Gráficos, Rogério Andrade. “Só não houve atraso na edição dessa quinta-feira do Diário do Nordeste porque a empresa segurou a turma de gráficos que entrou às 17 horas – eles deveriam ter saído à 1 hora da madrugada, mas só deixaram o local de trabalho por volta das 4 horas, pois foram obrigados a substituir os que pararam”, acrescenta o sindicalista.


 


A atividade grevista começou por volta das 21 horas e se encerrou já depois de meia-noite, quando mais de 30 gráficos já não estavam mais no local de trabalho. A adesão não foi maior porque a empresa começou a intimidar os funcionários, acionando a Polícia, que chegou ao local sob o argumento de fazer cumprir o interdito proibitório concedido pelo juiz do Trabalho Judicael Sudário de Pinho ao Diário do Nordeste.


 


Os gráficos, por sua vez, têm a seu favor a Lei de Greve (nº 7.783, de 28 de junho de 1989) e o fato de que a liminar foi expedida contra o Sindicato dos Jornalistas, não contra o Sindicato dos Gráficos. As duas categorias deliberaram pela greve no mesmo dia (18/3).


 


Recado aos patrões


 


A atividade dessa quarta-feira foi um recado mandado aos patrões do poder de mobilização que a categoria tem, apesar dos esforços das empresas em asfixiar o movimento de gráficos e jornalistas, recorrendo à Justiça para evitar qualquer possibilidade de ação grevista. “Foi um ato silencioso. Procuramos os trabalhadores em pontos estratégicos”, revela Rogério.


 


A paralisação é uma resposta dos trabalhadores à intransigência dos patrões. A campanha salarial dos gráficos entrou no quinto mês porque os empresários não aceitam oferecer 1,02% de ganho real no reajuste do piso salarial da categoria. Nem mesmo a proposta intermediária feita pelo procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Gérson Marques, foi aceita pelos donos dos jornais.


 


Na segunda-feira (30/3), os patrões recusaram oficialmente a proposta de 0,75% de ganho real para gráficos e jornalistas feita pelo procurador. Os empresários insistem em pagar apenas 0,5% aos gráficos e oferecem 0% aos jornalistas.



Apoio do movimento sindical


 


Os gráficos não estão sozinhos, pois têm o apoio do movimento sindical cearense. O sucesso da atividade grevista realizada pelo Sindicato dos Gráficos nessa quarta-feira (1º/4) teve a contribuição de pelo menos mais cinco sindicatos – da construção civil, do asseio e conservação, da saúde, dos vigilantes e dos comerciários – e a Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços do Estado do Ceará (Fetrace). Representantes de cada uma dessas entidades estiveram no Diário do Nordeste convencendo os gráficos a parar.


 


Fonte: Sindjorce