Museu da Imagem e do Som receberá investimentos
O MIS foi contemplado no programa da caixa de adoção de entidades culturais de 2009. Mais de R$ 30 mil serão investidos para facilitar o acesso ao acervo de músicas e fotografias
Publicado 06/04/2009 08:46 | Editado 04/03/2020 16:35
Uma exposição, de longa duração, terá como objetivo tornar mais “nítido” e “real” o acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS). Isso porque, hoje, os mais de três mil vinis, três mil discos de cera em 78 rotações e as mais de 28 mil fotografias não são apresentados de forma convidativa para o público não-especializado no assunto. Com a aprovação do projeto Imagem e Som: a riqueza sonora e visual do acervo do Museu da Imagem e do Som do Ceará, por meio da Secretaria de Cultura, o MIS será beneficiado com uma verba de R$ 32.950. O principal objetivo é facilitar e tornar divertida a escuta dos vastos sons ali depositados e das fotografias do Ceará.
Quem se depara em um primeiro contato com o acervo do museu não imagina a riqueza de informação e conteúdo guardado no espaço. As peças expostas são máquinas fotográficas do início do século XX, além de moviolas, projetores, máquina de lambe-lambe. Algumas possuem histórias curiosas, como o piano que pertenceu a Luiz Assunção. O músico, nascido no Maranhão, radicou-se no Ceará, tornando-se um dos grandes expoentes de nossa música popular. “Os amigos, na década de 80, fizeram uma vaquinha e compraram um piano para ele. Quando ele queria tocar, ele ia para os clubes, para os cabarés, para tocar lá. Os amigos deram de presente para ele, para ele não precisar disso. Tinha o professor de música aqui de Fortaleza, Antônio Gondim, que inclusive musicou o hino de Fortaleza. O Gondim chegou para o Luiz Assunção e disse que ia lhe comprar este piano. ‘Pago prestações mensais. Mas você não vai me entregar esse piano. Quem vai me entregar é a sua família’, ele disse. Aí fizeram negócio. Pois o Gondim faleceu antes do Luiz Assunção”, conta rindo Nirez, diretor do Museu da Imagem e do Som.
As peças, no entanto, não possuem poucas especificações. Não se sabe a história de algumas. Muitas apenas possuem o nome e o ano de origem. Isso porque o acervo mais importante do museu é “imaterial”, os sons e as imagens são manuseados e consultados, principalmente, por especialistas das áreas. Para resolver essa lacuna de público, foi concebido esse novo projeto. Feito a oito mãos, o projeto tem curadoria de Eliene Magalhães, que conta com o apoio técnico de mais três profissionais da área da História.
“Hoje, não há um diálogo entre os acervos. Não há uma divisão por temática que é imensa. Existem imagens e músicas de cultura popular, dança, religiosidade. Esse acervo não está exibido. Precisa-se marcar uma pesquisa ou uma visita. A gente sabe que não vai conseguir mostrar todo o acervo, mas a nossa intenção é dar uma ideia no que consiste”, explica Eliene. O projeto foi concebido em 2006, quando Eliene, assim como os demais colegas e parceiros da ação, ainda era estagiária do Museu da Imagem e do Som. Essa falta de conexão e a ausência de um discurso no acervo os motivaram a criar o projeto, agora contemplado.
Embora já tenha sido aprovado pelo Programa da Caixa de Adoção de Entidades Culturais de 2009, ainda não se sabe ao certo como a exposição funcionará e quando estará em pleno funcionamento. “Ainda tá muito em aberto. A gente tá vendo como vai ser essa exposição. Vai depender de algumas negociações com a Caixa. Existem várias possibilidades para que o visitante tenha acesso a esse som. Podem ser caixinhas sonoras, com plotagens interativas. Ainda está se pensando”, diz Eliene.
E-MAIS
>Para conferir o acervo hoje do MIS é recomendado marcar com um dia de antecedência uma visita, pelo telefone 3101 1202. Os estudantes, com finalidades de pesquisa, podem adquirir, gratuitamente, as fotografias do acervo, porém em baixa resolução. As fotos para fins comerciais e em alta resolução são comercializadas. A maioria do acervo é composta por fotografias sobre o Ceará;
>Por todo Brasil, foram contemplados 31 projetos culturais. O Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais, em 2009, investirá um montante de R$ 4 milhões. Os projetos devem ser iniciados ainda este ano com o prazo de 18 meses para a execução;
>O Ceará foi contemplado com dois projetos. Além de tornar mais acessível o acervo do museu da imagem e do som, o programa irá propiciar uma Exposição de Longa Duração para o Museu Sacro São José de Ribamar, em Aquiraz. A verba destinada a este projeto será de R$ 83.748,00;
>Foram contemplados 12 estados em todo o Brasil, abrangendo, com pelo menos um projeto, as cinco regiões. No Nordeste, foram selecionados Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí.