Itália realiza funerais de 205 das vítimas de terremoto

Os caixões, entre os quais havia 20 para crianças, incluindo o de um bebê de apenas cinco meses, foram alinhados em quatro filas em um grande pátio do quartel da Guarda de Finanças, em L'Aquila, capital da região de Abruzzo e a cidade mais destruída pelo tremor.

Estiveram presentes na cerimônia, cerca de 1.600 parentes de vítimas, que antes do início da missa, celebrada pelo secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, passaram pelos caixões, abraçando-os e cobrindo-os de flores.

Junto aos familiares, outras 3.500 pessoas assistiram os funerais, oferecidos pelo Estado italiano, entre as quais estavam representantes do Estado, além do presidente Giorgio Napolitano e do primeiro-ministro, os presidentes das duas Câmaras do Parlamento, vários ministros e representantes dos partidos italianos.

Pouco antes do funeral, Berlusconi conversou com as famílias de algumas das vítimas e depois, diante dos jornalistas, afirmou que irá oferecer suas casas para receber os desabrigados.

“Muitas pessoas já ofereceram suas próprias casas para ajudar os desabrigados pelo terremoto, e eu também farei com que minhas casas fiquem à disposição”, disse o premier.

A missa foi aberta pelo secretário pessoal do papa Bento XVI, Georg Gaenswein, com uma mensagem do Pontífice. Após pedir que Abruzzo não se renda, o Papa convidou os habitantes da região a continuarem esperando.

“Este é o momento do compromisso em sintonia com o Estado”, escreveu o Papa, antes de afirmar que notou “uma crescente onda de solidariedade” e de anunciar que “a Santa Sé tem a intenção de desempenhar o seu papel”.

O cardeal Bertone, por sua parte, elogiou “a Itália solidária e fraterna” que se reuniu em volta dos caixões e convidou-a a “retomar seu percurso”.

Bertone também pediu que as pessoas fiquem mais próximas dos que passaram pela experiência de “terem perdido tudo”, no dia em que se adverte “o silêncio do homem invadido pela dor, mas também o silêncio de Deus”.

Os parentes das vítimas, exaustos após a quarta noite passada em um acampamento, entre os novos tremores que abalaram a região, sentiram por instantes o momento de paz, presente na ocasião.

Após assistir a cerimônia, o arcebispo de L'Aquila, Giuseppe Molinari, abençoou os 205 corpos. Entre lágrimas e aplausos, o bispo invocou Deus para que “desta insuportável e absurda história de morte nasça uma nova e iluminada história de vida e de esperança”.

Também foi realizado um breve ritual islâmico, durante o qual o imã Mohammed Nour pediu “a unidade de todos diante de um único Deus”.

Durante a cerimônia, realizada às 11h locais (6h em Brasília), puderam ser sentidas novas réplicas do terremoto, uma delas de 2,5 graus na escala Richter.

Nos locais destruídos pelo tremor da madrugada de segunda-feira, continuam os trabalhos dos voluntários e das equipes de socorro e resgate nos escombros. Também foram realizadas inspeções para determinar quais edifícios poderão ser habitados novamente e quais terão de ser reconstruídos.