Danuza, a coringa da mídia, detesta pobre e até festa junina
Foi o jornalista Beto Pandini quem me enviou mais um texto histórico da gloriosa Danuza Leão. O Beto é especializado em automobilismo — Fórmula 1 especialmente. Na faculdade, ele era famoso por saber de cabeça os ganhadores de todos os GPs dos últimos
Publicado 15/04/2009 16:46
Dêem uma olhada no blog dele (http://pandinigp.blogspot.com). Depois, preparem o estômago para mais uma da Danuza Leão. Ela é mesmo o coringa do Partido da Imprensa: contra pobre, contra a cultura popular, pode contar com ela pra um artiguinho bacana… Vejam o que a ex-mulher do Samuel Wainer escreveu, na Folha (sempre na Folha), em 2004, sobre a festa junina promovida por Lula e Dona Marisa.
“Um país que quer tanto ser moderno poderia ter se inspirado em qualquer outro folclore que não o do atraso, o da jequice explícita (…) Sempre se soube que a saudade de Fernando Henrique e dona Ruth Cardoso ia ser grande, mas não dava para imaginar que fosse ser tão grande. O arraiá foi de uma breguice difícil de ser superada, mas não vamos perder as esperanças: até o fim do mandato eles talvez consigam.”
A Danuza — que já teve a chance de ler tanto — nunca ouviu falar que a melhor forma de ser universal é ser profundamente local? Ela não gosta de festa caipira, não gosta do Lula, tem saudade do FHC e da Dona Ruth. Até aí , problema dela. Mas a Danuza queria que o Lula dançasse uma valsa polonesa? O Lula é nordestino, do interior de Pernambuco.
Deve ser chato pra Danuza Leão ir a Paris e ter que explicar que o presidente do Brasil não fala inglês, nem francês; e ainda gosta de festa de São João. É por isso que o Partido da Imprensa ficou falando sozinho em 2006. Já não forma opinião. Divorciado do povo brasileiro, se apoia em coringas como a Danuza. É de dar pena. Mas, pensando bem, deixa rolar, porque também serve pra gente se divertir um pouco.
A seguir, o artigo completo…
Fala sério, Lula!
Por Danuza Leão
Com todo o respeito: a ideia de comemorar as bodas de pérola com uma festa caipira não podia ter sido pior. O Brasil tem tantos regionalismos bacanas, uma culinária riquíssima, várias maneiras de ser cheias de ginga e charme que deslumbram o mundo inteiro, e o presidente e dona Marisa Letícia vão escolher logo uma caipirada dessas?
Foi um desastre desde o começo: o tema da festa, o carro de boi chegando cheio de paçoca e cachaça, o autoritarismo de obrigar os convidados e suas respectivas esposas a vestir o traje típico, e ainda pedir que levassem um pratinho de doces ou salgados. Quem eles acham que estão enganando na hora em que a assessoria de imprensa da Presidência da República anuncia que o presidente ajudou a pendurar as bandeirinhas do arraiá? Oh, mas que almas tão genuinamente brasileiras? Socorro, Duda Mendonça.
Alguns mais sensatos não pagaram o mico de usar aquele chapeuzinho de Jeca Tatu, mas é difícil dizer não ao presidente. Como estamos num Estado quase totalitário, a imprensa foi proibida de cobrir o acontecimento, o que nos leva a pensar: terá algum ministro pintado um dentinho e um bigodinho com carvão, como é de praxe? O vice-presidente, talvez?
Um país que quer tanto ser moderno poderia ter se inspirado em qualquer outro folclore que não o do atraso, o da jequice explícita. Quem não se lembra do personagem Jeca Tatu, cheio de lombrigas, personificando um Brasil de que lembramos com carinho, mas que não é exatamente a imagem a ser exportada para os grandes estadistas do mundo com quem Lula gosta tanto de conviver de igual para igual?
Não há uma mulher que se realce num vestidinho caipira; não existe imagem masculina que resista a uma camisinha xadrez remendada e uma costeleta postiça. E essa história das despesas da festa serem divididas? Foi um vexame atrás do outro, em nome de uma economia sem sentido, tipo me engana que eu gosto. Então é preciso que alguns empresários rachem a reforma das goteiras do Palácio da Alvorada para mostrar o quanto são parcimoniosas as despesas da Presidência?
E essa de levar um pratinho de doces eu não ouvia falar desde que tinha dez anos, morava no interior e era pobre. Se investigassem mesmo o affair Waldomiro, sairia bem mais barato. A gente temia que fosse acontecer esse tipo de coisa; até agora foi refresco, mas agora eles pegaram pesado.
Olhem bem a foto para não perder nenhum detalhe: a margarida no bolso de Lula, o chapéu de palha desfiado, as trancinhas e as pintinhas feitas a lápis no rosto de dona Marisa. Pior, impossível. Sempre se soube que a saudade de Fernando Henrique e dona Ruth Cardoso ia ser grande, mas não dava para imaginar que fosse ser tão grande. O arraiá foi de uma breguice difícil de ser superada, mas não vamos perder as esperanças: até o fim do mandato eles talvez consigam.