Trem ou navio negreiro?
A privatização e o argumento da qualidade na Gestão dos Serviços Públicos têm se deparado com fatos inusitados como, por exemplo, a má gestão da malha ferroviária do Estado do Rio de Janeiro por parte da empresa Supervia.
Por Paulo Guilherme de
Publicado 15/04/2009 18:46 | Editado 04/03/2020 17:04
Foi com assombro e indignação que assisti através dos meios de comunicação local a covardia da Supervia, quando seguranças da empresa agrediram passageiros com chicotadas, isso mesmo chicotadas e chutes para que as portas fossem fechadas.
É muito comum aqui no Rio de Janeiro vermos o quanto os trabalhadores (as) são humilhados (as) nos meios de transportes, como trens, metrô e ônibus superlotados e veículos em muitos casos sem a menor condição de serem utilizados com segurança e conforto necessários.
Faço perguntas pertinentes em um mundo que busca sempre a excelência, a boa gestão, tendo um Estado mínimo e um mercado forte e soberano: Onde está a boa gestão da Supervia? Onde está a agência fiscalizadora do Estado do Rio de Janeiro? As metas de qualidade de gestão foram atingidas pela Supervia? O que consta no contrato de privatização quanto a metas e punições na gestão do serviço e do bem público? Porque ainda não houve demissão do gestor que não atinge as metas de qualidade e de investimento? Porque não se revê cláusulas contratuais de privatização? Onde está o Ministério Público?
É estarrecedor a prática de “capitão do mato” utilizada pela Supervia através de seus seguranças, onde os mesmos chicotearam e chutaram trabalhadores (as) covardemente, deixando registrado um fator muito importante e atual, ainda que muitos tentem negar, A LUTA DE CLASSES, onde o/a trabalhador (a) é explorado (a), com salários aviltantes, condições de trabalho inadequados e tratamento de “choque”, afinal não podemos esquecer que estamos na era do “choque de ordem”, para os pobres claro, e dentro desse paradigma vale até mesmo voltarmos aos tempos da escravidão com chicotadas e chutes para que o povo sem educação e “classe” entre no navio, ôpa desculpe, trem negreiro.
Para terminar, a Supervia, por intermédio de um funcionário cujo apelido de família é LEITÃO, usa como argumento a criminalização de algumas pessoas que abrem as portas do trem ou as deixam abertas forçadamente, que tais pessoas praticam crime e que 200 já foram presas. Só espero que não tenham sido presas a chicotadas dentro do choque de ordem que ronda a política carioca.
Espero que Sindicatos, Partidos, a Juventude, a Assembléia Legislativa, as Câmaras Legislativas, o MP e os órgãos de defesa do consumidor usem instrumentos políticos, jurídicos e administrativos para denunciar práticas nem um pouco civilizadas contra a população carioca, sobretudo população pobre e excluída.
A greve dos ferroviários é legítima e deve sim a categoria denunciar a falta de segurança, condições de trabalho inadequado, carga horária de exploração e salário aviltante.
*Membro do PCdoB/RJ – Distrital Méier e Secretário Adjunto de Esporte da Prefeitura de Nova Iguaçu.