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Censura da 'Amazon' à literatura gay gera protestos pela web

Um dos maiores sites de comércio eletrônico do mundo, a Amazon.com, retirou de suas listas vários livros de temática homossexual, incluindo títulos de Oscar Wilde e Virginia Wolf. Segunda a empresa, a justificativa para a exclusão dos títulos se

Títulos com temática gay ou lésbica de autores famosos, como o premiado liberal Gore Vidal, a jornalista e autora americana vencedora do prêmio Pulitzer em 1993 Annie Proulx e E.M. Foster , que denunciou o preconceito sexual na sociedade britânica no século passado, sumiram da lista dos livros mais vendidos do portal.


 


Romances como Brokeback Mountain, de Prouxl, e A Cidade e o Pilar, de Vidal, não apareciam no ranking na manhã da terça-feira (15). No entanto, Playboy: The Complete Centerfolds, que contém imagens de mais de 600 mulheres nuas, classificado como arte e fotografia, permanece na lista.


 


A nova política adotada pela empresa veio à tona no sábado (11), quando o escritor Mark R. Probst resolveu perguntar o motivo do desaparecimento de seu livro do catálogo do site. A resposta que Probst recebeu do serviço de atendimento ao cliente explicava que a Amazon, “em consideração a sua base de clientes”, havia decidido retirar o “material adulto” de suas listas de mais vendidos e das buscas.


 


O livro de Probst, um romance protagonizado por homossexuais, sequer poderia ser classificado como “material adulto”, diz o Los Angeles Times. No entanto, essa etiqueta havia sido utilizada de maneira arbitrária. Obras assumidamente eróticas, como o Trópico de Câncer, de Henry Miller, continua disponível sem classificação.


 


O desaparecimento de outros títulos com temática homossexual, como Becoming a Man, de Paul Monette — vencedor em 1992 do National Book Award, um dos prêmios mais importantes da literatura nos Estados Unidos —, Maurice, de E.M. Foster, entre outros, reforçam as especulações de que há censura por parte da companhia.


 


Revolta na web


 


Milhares de usuários do site também consideraram a retirado dos títulos da lista uma censura ofensiva. No Twitter, popular ferramenta de miniblog, e na rede social Facebook, a questão virou rapidamente tema de discussão e protestos ao longo do fim de semana. O Amazon negou acusações de que teria removido intencionalmente os títulos como uma estratégia para tornar a lista mais “familiar”.


 


“Houve um problema no nosso sistema, que já está sendo consertado”, disse a porta-voz do Amazon, Patty Smith. O escritor Craig Seymour, autor de All I Could Bare, disse em seu blog que sua posição no ranking de vendas caiu no início do ano e só voltou ao normal após um mês. O livro é classificado no site como um produto para adultos.


 


“Eu comentei isso com a minha editora, e eles começaram a prestar atenção. Também fiz uma pesquisa e vi que os únicos livros sem posição no ranking de vendas tinham conteúdo gay como o meu”, acrescentou.


 


De acordo com o jornal inglês Guardian, uma edição em brochura da autobiografia do ator e apresentador Stephen Fry, Moab Is My Washpot, que o Amazon classifica como gay, está fora da lista, enquanto a versão de capa dura, classificada como “memória”, continua no ranking. Estar fora da lista dos livros mais vendidos significa perder destaque nas principais páginas do site, o que pode implicar significativa redução das vendas.