Luta de Dom Helder contra ditadura é lembrada em seu centenário
O Senado realizou nesta quarta-feira (29) sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento de Dom Helder Câmara. Os pronunciamentos destacaram a biografia do bispo, particularmente sua luta pelos direitos humanos e contra a ditadura militar. O se
Publicado 29/04/2009 18:21
Dom Helder tornou-se uma referência para o entendimento da história recente do País, ultrapassando largamente os limites da Igreja, a que ajudou também a transformar e modernizar: “Dom Helder foi um reformador, um ativista social, um dinamizador da sociedade, um profeta da paz, um arauto dos excluídos e uma das vozes políticas mais potentes e inspiradoras de sua época. Seus exemplos de coragem e de grandeza de alma permanecem como inspirações para todos nós”, disse Inácio.
Em 1972 foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A ditadura militar divulga na Europa um documento que o acusa de ser comunista. “O Prêmio Nobel não veio, mas outras homenagens rendidas a Dom Helder colaboraram para que ele conduzisse, no Brasil, as primeiras experiências de reforma agrária”, conta o senador, acrescentando que ele também foi pioneiro na reforma urbana, com a Cruzada São Sebastião, retirando famílias da favela para serem instaladas em prédios no bairro do Leblon. “É muito significativa essa sua iniciativa urbanística, ousada e pioneira para melhorar as condições de moradia e de vida das famílias faveladas.”
A sua atuação social junto aos pobres e em defesa da inclusão social passou a ser vistas com desconfiança e suspeita pelo regime militar: “Dom Helder ganha a alcunha de bispo vermelho, passando a sofrer ameaças, atentados, ultrajes e calúnias. Mas não cala; não se dobra, continua sendo a voz da consciência nacional, trazendo corajosamente a público o que todos se esforçam para esconder ou ignorar”, relembrou Inácio em pronunciamento.
O regime militar cortou o acesso de Dom Helder aos meios de comunicação e chega a promover uma campanha difamatória contra o Arcebispo. Impedido de falar no País, o arcebispo passou a fazer apresentações sobre seu trabalho no exterior.
Ordenado sacerdote aos 22 anos, Dom Helder torna-se Bispo em 1952, com 43 anos de idade. Logo se engaja na mobilização dos Bispos do Brasil e da América Latina, colaborando na criação do que viria a ser a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que secretariou por 12 anos, até ser sagrado, em 1964, Arcebispo de Olinda e Recife.
Desde o início de seu sacerdócio, Helder Câmara envolveu-se com a organização dos movimentos sociais. No mesmo ano em que se ordenou, em 1931, criou, no Ceará, a Liga Cearense do Trabalho, e, dois anos depois, em 1933, a Sindicalização Operária Feminina Católica, reunindo mulheres que trabalhavam como lavadeiras, passadeiras, faxineiras ou empregadas domésticas.
De Brasília
Aline Pizatto