Fidel critica Obama por incluir Cuba entre países terroristas
O líder cubano Fidel Castro afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deveria sentir vergonha por seu governo ter incluído Cuba na lista de países que apoiam o terrorismo. ''Um homem cujo talento ninguém nega, tem que se sentir envergo
Publicado 03/05/2009 21:27
No dia 30 de abril, o Departamento de Estado divulgou o primeiro relatório sobre o tema realizado sob a direção de Hillary Clinton e uma lista de países terroristas na qual mantém Cuba junto à Síria, Irã e Sudão.
''Comprometidos como estão com seus próprios crimes e mentiras, talvez o próprio Obama não podia se desfazer desse enredo'', afirmou o ex-presidente de 82 anos. Fidel se refere à resposta expressada no mesmo dia 30 pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, quem rejeitou a inclusão da ilha na lista e ressaltou que os Estados Unidos não tinham ''autoridade moral'' para certificar condutas porque são ''delinquentes internacionais''.
''Se o Departamento de Estado deseja discutir com Bruno, existem suficientes elementos de julgamento para sepultá-lo com suas próprias mentiras'', garantiu o chefe da revolução, que não aparece em público desde julho de 2006.
''Cinquenta anos de terrorismo contra nossa pátria saem à luz em um instante'', acrescentou Castro, assinalando que ''seria interminável a lista de atividades repugnantes que poderia enumerar''. Entre elas, cita a explosão de um avião civil da empresa Cubana de Aviación em 1976 com a ''participação dos Estados Unidos nos fatos''; ''a campanha de terror'' antes e depois do episódio da Baía dos Porcos; as ''centenas de planos frustrados de atentados contra a vida de dirigentes cubanos'' e a ''introdução de vírus como o da dengue hemorrágica'' na ilha.
EUA não têm moral
Cuba foi mantida na lista, segundo os americanos, porque, embora não dê mais apoio a movimentos armados na América Latina e em outras regiões, ainda dá abrigo a pessoas consideradas terroristas pelos EUA.
“Membros do [grupo separatista basco] ETA, das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e do ELN [Exército de Libertação Nacional, da Colômbia] permaneceram em Cuba em 2008”, disse o relatório. Além disso, segundo o Departamento de Estado, as autoridades cubanas mantiveram a defesa pública Farc.
O governo dos EUA apontou como um avanço o pedido de Fidel Castro para que as Farc libertem incondicionalmente todos os reféns e a condenação que o ex-ditador fez dos sequestros políticos e dos maus tratos das pessoas em cativeiro.
O governo cubano rejeitou o relatório e acusou acusar o governo de Washington de ser um “delinquente internacional” sem “autoridade moral” para atestar condutas, segundo o chanceler Bruno Rodríguez.
“Não reconhecemos nenhuma autoridade política nem moral ao governo dos Estados Unidos para elaborar qualquer lista, sobre nenhum assunto, nem para dar atestado a boas ou más condutas”, afirmou Rodríguez à imprensa.
O chanceler garantiu que, em matéria de terrorismo, os EUA tiveram ''historicamente um longo expediente de ações de terrorismo de Estado, não só contra Cuba''.
O ministro acusou Washington de proteger o ex-agente da CIA (agência americana de inteligência) Luis Posada Carriles, acusado por Cuba e Venezuela pela explosão de um avião em 1976 com 73 pessoas a bordo, e de amparar os ''crimes de Estado cometidos por Israel contra o povo palestino e os povos árabes''.
''O território cubano jamais foi utilizado para financiar ou executar atos terroristas contra os EUA. O Departamento de Estado que emite esses relatórios não pode dizer o mesmo'', disse Rodríguez.
''A posição de Cuba contra toda manifestação e forma do terrorismo onde quer que tenha sido cometido, contra qualquer Estado, em qualquer forma, é clara e consistente com sua atuação'', acrescentou o ministro.
Fonte: EFE