George Câmara: Eleição no Sindipetro/RN – Que lição!

Muita gente acompanhou o processo eleitoral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte, até por se tratar de uma entidade amplamente conhecida e respeitada na sociedade natalense e potiguar. Fundado em dezembro de 1984, o SINDIPETRO/RN terá, agor

Para o triênio 2009 – 2012, cujo pleito se deu nos dias 5, 6 e 7 deste mês de maio, concorreram quatro chapas, fato inteiramente novo nesse Sindicato. Chapa 1, com o apoio da CTB, composta pela ampla maioria da atual direção. Chapa 2, apoiada pela CUT, formada por diretores em dissidência da atual gestão. Chapa 3, com o apoio da INTERSINDICAL, em oposição à atual diretoria. Chapa 4, também de oposição, apoiada pela CONLUTAS.


 


Ao todo, quase 120 candidatos distribuídos pelas quatro chapas, o que é motivo de muita alegria. Afinal, demonstra que conquistamos um ambiente político novo e absolutamente diferente daqueles anos difíceis em que poucos se aproximavam da militância sindical. Por essa razão, o processo eleitoral tinha tudo para ser uma verdadeira festa de democracia. Cada chapa apresentando suas idéias, na forma de propostas para o enfrentamento às questões mais urgentes na atual conjuntura.


 


Como enfrentar a data-base? Considerando a validade do Acordo Coletivo para 2 anos, em setembro de 2009 teremos a última Campanha Reivindicatória no ambiente do Governo Lula. Portanto, tem caráter estratégico. Como resgatar aquelas bandeiras históricas ainda pendentes? Vamos esperar por 2011?


 


Como tratar dos investimentos para as bacias sedimentares mais maduras, como a nossa Bacia Potiguar? O modelo exploratório brasileiro vai repetir, na era do Pré-Sal, a mesma concentração de investimentos que o Governo FHC patrocinou para a Bacia de Campos, em águas profundas? Que consequências teremos, nesse caso?


 


Como conduzir a organização sindical diante da atual crise de identidade por que passa a direção da Federação Única dos Petroleiros? A FUP vai continuar subordinada à direção da Petrobrás, ou vai se reencontrar com a sua história de luta, afirmando sua independência de classe, tão cara para os trabalhadores?


 


Infelizmente, tal debate não aconteceu. Ao invés de propostas, acusações. Ainda por cima, levianas e irresponsáveis. Calúnias e ataques pessoais envolvendo a honra e a dignidade das pessoas. Esse foi o caminho das “oposições”.


 


Na luta da memória contra o esquecimento, prevaleceu o bom senso da categoria petroleira, que soube identificar a diferença. Aqueles que, coerentes com sua história de luta, que se confunde com a própria história desse Sindicato, se conduziram de forma respeitosa e apresentando propostas e compromissos mais elevados, tiveram o legítimo reconhecimento dos petroleiros potiguares.


 


A chapa 1 obteve 61% dos votos. As outras três, somadas, não chegaram a 40%. Que lição! Parabéns àqueles que combateram o bom combate.


 


George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB.
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