Moradores de Capim Macio recusam Casa de Passagem
A notícia de que a Casa de Passagem III, situada no bairro de Morro Branco, iria ser transferida para o bairro de classe média-alta de Capim Macio, Zona Sul de Natal, foi motivo de discussões na Câmara Municipal de Natal, na manhã de hoje. Os moradores se
Publicado 11/05/2009 11:55 | Editado 04/03/2020 17:08
O conflito atingiu todos os níveis da sociedade. A audiência pública aconteceu no plenário da Câmara Municipal e contou com a participação do presidente do Conselho Comunitário de Capim Macio, Manuel Tenório Ferro, Carla Rosymar Araújo, secretária da Semtas (Secretaria Municipal de Trabalho E Assistência Social), Dr. José Dantas de Paiva, juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, a promotora Ana Patrícia Montenegro do Ministério Público Estadual, além do vereador George Câmara (PCdoB) o qual propôs a realização da audiência.
Não temos nada contra os adolescentes. A questão é que o bairro de Capim Macio não possui estrutura para abrigá-los. A população do bairro não está com preconceito. Só estamos preocupados com os problemas que já ocorreram em outros bairros, como Potilândia, (antigo endereço da mesma Casa que se encontra hoje em Morro Branco), em que os índices de violência aumentaram devido à presença da residência que tem o objetivo de ressocializar os jovens'', revela o presidente do conselho comunitário do bairro.
De acordo com ele, o bairro não se adequa aos requisitos de infraestrutura exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, como áreas de lazer, praças e quadras.
Durante a audiência, os moradores do bairro levaram faixas mostrando a recusa de receber o centro de reabilitação em Capim Macio. O presidente do conselho comunitário ainda afirmou que o bairro de encontra numa zona de altos índices de prostituição e consumo de drogas, como a Avenida Roberto Freire – o que seria mais um motivo para evitar que os menores circulassem pelas ruas.
A assistente social Mônica Maria de Oliveira Fonseca, responsável pela Casa de Passagem III não concorda com a atitude dos moradores de Capim Macio. ''Isso é preconceito. Como podemos trabalhar com essas crianças num processo de socialização se elas já estão sendo excluídas da sociedade?'', aponta a assistente social.
A psicóloga Déborah Cavalcante acha que marginalizar os adolescentes não é a melhor forma. ''Eles já estão sendo rejeitados. A comunidade deveria se unir e acolher esses jovens. Todos os adolescentes possuem problemas. Os moradores de Capim Macio poderiam ajudar participando de projetos sociais para a melhoria dessas crianças e adolescentes'', explica.
A residência atual abriga uma média de 30 crianças e adolescentes que muitas vezes ficam ociosos pela falta de estrutura da própria casa. As salas não são apropriadas e não há nenhum tipo de privacidade, tanto para os funcionários quanto para os abrigados. Os banheiros estão quebrados e as paredes todas pichadas. A direção espera que com a nova casa, situada entre as ruas Esmael Pereira e Dice Coutinho, no bairro de Capim Macio, os jovens possam ter mais espaço para realizar atividades que ajudarão no desenvolvimento humano. ''Nesse momento de mudança, as coisas estão um pouco confusas. Nossa principal dificuldade é ocupar essas crianças. Com a nova estrutura, poderemos trabalhar melhor'', afirma Déborah.
Fonte: Correio da Tarde (08/05/09) – repórter Hugo Andrade
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