Propostas de preservação da obra de Berle Marx

Ações para marcar o centenário de Burle Marx e garantir o reconhecimento do valor histórico e cultural das praças assinadas pelo renomado paisagista. Este foi o foco da segunda audiência pública convocada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câma

O vereador Luciano Siqueira, presidente da comissão, abriu os trabalhos definindo os propósitos da audiência: “Examinar os esforços para a celebração do centenário de Burle Marx, e enfrentar os desafios de preservar os parques públicos e jardins que têm a sua marca, espalhados pela cidade”.


 


Ele propôs a formação de um comitê para organizar a celebração do centenário do paisagista; apresentou o ofício que será entregue ao governador Eduardo Campos, em apoio ao projeto de tombamento das praças elaborado pelo Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – a exemplo do que está sendo feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) em nível federal; e disse que o prefeito João da Costa deu o aval para a edição de cartilha contendo a obra de Burle Marx, a ser distribuída em escolas e ao público em geral.  Sugeriu visitas às obras e a instituição da “Semana Burle Marx”.


 


Disse que é importante, para o crescimento econômico da cidade, a sustentabilidade de seu patrimônio cultural e ambiental. O vereador Eduardo Marques, do PTB, assumiu a coordenação da audiência e coube a Ana Rita Sá Carneiro, do Laboratório da Paisagem da UFPE, expor por meio de slide, o inventário “dos 24 jardins públicos e 32 jardins privados, desenhados e projetados por Burle Marx no Recife”.


 


Os seis logradouros cujo tombamento foi pedido são a Praça de Casa Forte, Euclides da Cunha (Clube Internacional), a do Derby, a da República e o Jardim do Campo das Princesas; Praça Salgado Filho (aeroporto) e a Farias Neves (Dois Irmãos). Ana Rita elogiou a recuperação da Praça do Derby, mas apontou indícios de deterioração em Casa Forte, Euclides da Cunha e na Praça Salgado Filho. “Na Praça Euclides da Cunha fazem estacionamento de carros quando há jogo no estádio do Sport. A lâmina d’água da praça do aeroporto está coberta, não se vê. E em Casa Forte há árvores cortadas e o lago está servindo para o banho de meninos”, alertou.


 


Cuidar das praças é dever de todos
O secretário de Serviços Públicos do Recife, José Humberto Cavalcanti, destacou o desafio do poder público de sozinho garantir a manutenção das 250 praças existentes na cidade. “Ano passado, a prefeitura gastou 1 milhão e meio de reais nas praças. Na Praça do Derby, foram gastos 950 mil, porque fica no corredor norte-sul da cidade.” Disse que a Praça de Casa Forte sofre a interferência da Festa da Vitória Régia, defendendo a transferência para outro logradouro.


 


Frederico Almeida, superintendente do Iphan, disse que o órgão prevê para o segundo semestre o tombamento das seis praças, visto que também o entorno de cada uma está sob estudo. O superintendente também adiantou que entendimentos já estão sendo mantidos com o Iphan do Rio de Janeiro para trazer ao Recife exposição com parte do acervo da obra do paisagista. Já o presidente do Crea, José Mario Cavalcanti, testemunhou o esforço da Emlurb na preservação dos parques e praças e falou da disposição do conselho em participar das comemorações do centenário de Burle Marx.


 


Do Recife,
Inamara Melo