Tânia Soares anuncia fundação da Unegro em Sergipe

“O primeiro presidente da entidade no Estado será Andrei Lemos”, disse a parlamentar no plenário da Assembléia Legislativa ao registrar o 13 de  maio – data quem que princesa Isabel assinou a Lei Áurea no país. “Essa foi uma data em que, quando eu como vereadora, fiz com que ela fosse uma data municipal na luta contra o racismo”, acrescentou.

 “É nítido que a discriminação dos negros em nosso país  existe, é presente, é muito forte. Os negros são discriminados pois tem menores salários que os brancos. A mulher negra tem menor salário que a mulher branca. Os bairros onde as condições de vida são menos confortáveis é formada por negros. Socialmente e hierarquicamente os grandes cargos não são dos negros”, disse a parlamentar ao mostrar uma série de disparidades que ainda existe no país.

Em compensação, em Sergipe os governos estadual e municipal têm políticas de valorização dos negros. O  governador Marcelo Déda, PT, criou mecanismos para luta contra discriminação, ao reconhecer os quilombolas junto com o governo federa. Ela faz uma referência especial ao prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, PCdoB, que “com sensibilidade  investiu 80% do dinheiro público na periferia de Aracaju.

Unegro

O discurso da deputada Tânia Soares é reforçado com recente relatório da Organização das Nações Unidas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)  ao mostrara que em Sergipe as diferenças entre negros e brancos são grandes. O IDH dos indivíduos negros em Sergipe é de 0,725. Já dos brancos é de 0,781. Os dois índices estão bem acima da média da região, mas ainda distantes da nacional. O IDH do Nordeste para os negros é de 0,698 e dos brancos 0,762. O índice aumentou nesses 14 anos, quando o IDH dos negros era de 0,597 e dos brancos 0,691.

As disparidades continuam no componente educação. Os negros sergipanos têm um IDH de 0,811, o segundo maior do Nordeste, e os brancos 0,873, também o segundo da região. Entre os negros, a diferença era bem maior há 14 anos, quando o índice apurou 0,601. Já entre os brancos, a disparidade era menor e em 1991 o IDH/educação apresentou 0,708. A renda, outro componente avaliado no estudo, apresenta uma diferença acentuada entre negros e brancos. Os negros sergipanos têm um IDH/renda de 0,624, um pouco acima dos 0,563 encontrados em 1991. Já os brancos tinham 0,678 em 1991 e 0,682 em 2005.

Pelos números do IDH sergipano, a população negra precisa de articular lutas para ampliar suas conquistas e melhorar sua qualidade de vida. Neste sentido a Unegro no Estado será uma entidade que vai contribuir para articular a luta contra o racismo, com a luta de classes e contra as desigualdades de gênero.

A Unegro foi fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia, por um grupo de militantes do movimento negro para articular o combate ao racismo, com a luta de classes e também combater as desigualdades de gênero. Seu principal objetivo é transformar o Brasil numa nação socialista e multiracial. Hoje, está presente nos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Desde a sua criação participa ativamente dos principais atividades do movimento negro no Brasil, contribuindo com a construção, mobilização, divulgação e execução de eventos e campanhas como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação do Racismo, o Dia Nacional da Consciência Negra, o Movimento Brasil Outros 500 Resistência Negra, Indígena e Popular, que culminou com o protesto de Porto Seguro, em 22 de abril de 2000, a marcha à Brasília pelos 300 anos da imortalidade de Zumbi dos Palmares em 20 de novembro de 1995, além da Marcha Zumbi + 10 em 22 de novembro de 2005.