George Câmara: Longe vá… Temor servil

Segundo alguns estudiosos da política brasileira, há três setores distintos que atuam no cenário político desde o processo de colonização do Brasil. São eles: a elite entreguista, a elite nacionalista e os setores populares. Em diferentes momentos da hist

Assim ocorreu na tentativa de escravizar nossos índios, cuja resistência inviabilizou a ofensiva, mesmo pagando com a vida o preço da liberdade. Os verdadeiros donos da terra, não se curvando ao jugo português, foram completamente dizimados pelo colonizador.


 


Vejamos o destino de nossos negros. Na implantação da economia escravocrata baseada no tráfico negreiro africano, que durou mais de trezentos anos, os colonizadores produziram um vergonhoso legado de atrocidades. Mesmo fragilizados, os negros construíram a sua resistência. Os heróis nessas lutas, como o índio Ajuricaba e Zumbi dos Palmares, estão aí para comprovar.


 


No enfrentamento ao dominador português, à coroa britânica ou ao império dos Estados Unidos, diferentes formas de reação teve o povo brasileiro. Seguramente, não há um só episódio de relevo em nossa história que não tenha a participação, ativa ou passiva, desse tripé. Que o diga o nosso mártir Tiradentes, esquartejado em praça pública.


 


No conturbado processo de nossa independência frente a Portugal, na luta Abolicionista, na proclamação da República, na Revolução de 1930, no combate ao nazi-fascismo, aí encontramos tais setores. Quem não lembra os raivosos ataques de Carlos Lacerda, o corvo, a serviço da CIA, contra o Presidente Getúlio Vargas, levando ao seu suicídio?


 


Na resistência à ditadura militar fascista, no Araguaia, nas “Diretas Já”, na Assembléia Nacional Constituinte, na luta contra o neoliberalismo, na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, identificamos os mesmos segmentos em disputa.


 


Na emblemática luta do petróleo, as mesmas lições. De Monteiro Lobato a Euzébio Rocha, do Movimento Sindical ao Clube Militar, da UNE ao MST, manifestações não faltam, em nossa história recente, que culminaram com a criação, na lei e na marra, da maior e mais importante empresa brasileira: a Petrobras.


 


Ao longo de todas essas e inúmeras outras lutas, qual tem sido a postura desses três atores? A elite entreguista sempre optou pelo golpismo, conspirando em todos os momentos contra o Brasil e contra o povo. A elite nacionalista, sempre centrista, se coloca em todos os episódios como o fiel da balança. Quanto ao povo, uma certeza: sempre que entrou em cena, de forma ativa, fez a diferença.


 


Na recente aprovação da CPI da Petrobrás (melhor dizendo, CPI dos tucanos) no Senado Federal, de forma irresponsável PSDB e DEM antecipam o palanque eleitoral de 2010. Numa manobra golpista e visivelmente eleitoreira, tentam paralisar o Brasil em momento tão delicado no enfrentamento a tamanha crise global, onde a Petrobrás joga um papel estratégico em favor do país e do povo brasileiro.


 


Outra questão: no momento de definir o novo marco regulatório do petróleo, a quem o partido de Joaquim Silvério dos Reis quer entregar o Pré-Sal? Os entreguistas não perdem tempo. Querem matar dois coelhos com uma só paulada.


 


Nos versos do poeta Evaristo da Veiga e na música do fidalgo português, nosso Hino da Independência oferece a palavra de ordem para mostrar que o Brasil tem um povo digno e de luta. Pronto para enfrentar os “vende-pátria”, sempre que necessário. “Brava gente brasileira / Longe vá… temor servil.”


 


George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB