Vargas Llosa foi a Caracas de olho em eleição peruana?
A imprensa de Lima comenta neste sábado (30) a suspeita de que o espectáculo midiático estrelado em Caracas pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa serviria à ambição de uma candidatura presidencial. Os críticos de Vargas Llosa assinalam sua posição cons
Publicado 30/05/2009 15:06
''Um possível resultado do embate entre Mario Vargas Llosa e Hugo Chávez é o renascimento de um candidato presidencial'', disse a respeito o governista Mirko Lauer, que escreve uma coluna no diário La República.
Lauer sugere que o escritor hispano-peruano esteve afastado da política desde 1990, quando foi derrotado na disputa pela presidência, como candidato de uma coligação direitista. A possibilidade de uma reincidência eleitoral já era comentada desde antes da visita de Vargas Llosa a Caracas.
Conforme Lauer, o escritor lamentou alguns dias atrás que na eleições presidenciais de 2011 os eleitores terão de escolher entre duas opções que ele considera fatais: o líder oposicionista Ollanta Humala e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori.
Segundo o colunista, essa declaração ''desenha um espaço e uma linha de batalha do liberalismo radical''. O atual presidente, Alan García, empenhado em manter a continuidade do modelo econômico neoliberal, parece antecipar-se aos acontecimentos quando declara apoio ao escritor.
Setores da direita gostariam de contar com um candidato que os ajude a impedir uma vitória de Humala sem ter que apoiar Keiko. Mas Mirko Lauer afirma que existem vários aspirantes a este papel.
Já o jornalista Paco Moreno aponta para o fato de que Vargas Llosa tinha prometido não voltar a política, mas escreve regularmente colunas políticas, que parecem feitas pelo relações públicas de alguma multinacional.
Além disso, cada vez que Vargas Llosa desembarca no Peru (ele vive na Espanha desde 1993), visita o presidente Garcia e manifesta apoio à sua política, enquanto silencia sobre as graves denúncias de corrupção governamental, escreve Moreno no jornal La Primera.
''As pessoas intuem que ele não fala essas coisas apenas para ficar bem com as autoridades locais e todos que obedecem aos mandamentos dos Estados Unidos'', diz o comentarista.
Após questionar o apoio de Garcia a Vargas Llosa, descrito como um defensor da liberdade e da democracia, Moreno se pergunta que liberdade e democracia é esta que permite encarcerar lutadores progressistas peruanos.
Segundo a jornalista, o escritor tornou-se ''um adorno da direita iletrada, que diz defender a liberdade e democracia, mas ignora os direitos humanos e a ecologia, entre outros valores''.
Por sua vez, um leitor da edição electrónica do diário La Republica observa que Vargas Llosa, em vez de tratar de problemas peruanos, como a recente onda de frio que diariamente mata crianças na Cordilheira dos Andes, busca publicidade na Venezuela defendendo um modelo que não resolve dramas, como o de sua própria pátria.
Fonte: Prensa Latina (http://www.prensa-latina.cu)