Roubini: Commoditie pode atrasar recuperação do Brasil
O economista Nouriel Roubini afirmou que o Brasil deve fechar 2009 com queda entre 0% e 1% do PIB, bem de acordo com a retração de 0,49% indicada em 18 de maio pelo relatório Focus, o boletim do Banco Central (BC) que reúne indicações de operadores do mer
Publicado 10/06/2009 12:02
Ele acredita que na América Latina a situação será ainda pior, com queda de 2% no PIB de toda a região, mas que mesmo alcançando uma posição melhor que a dos vizinhos, o Brasil não terá como compensar até o fim do ano a forte desaceleração já registrada no primeiro semestre.
Roubini ressalta que o Brasil se beneficia da boa forma de suas instituições financeiras e da possibilidade de reduzir os juros básicos da economia de forma mais agressiva do que os países desenvolvidos, onde a taxa já era bem mais baixa desde antes da crise. Outra vantagem, segundo o economista, é o fato de o Brasil ter nas exportações uma parte “significativa, mas modesta” de sua atividade econômica. Ainda assim, o economista diz que a conjuntura externa deve ser decisiva para a retomada do crescimento no país. “A recuperação do Brasil depende muito da China”, ele afirma.
O motivo é que a demanda chinesa por commodities tem sido o grande diapasão no ritmo desses mercados. Da saúde da China dependem os preços de alguns dos principais itens de exportação do Brasil. Nesse campo, as notícias não são muito boas. Roubini aponta que a economia chinesa está ficando mais fraca, e não mais forte, nas últimas semanas.
Ele defende que o crescimento do PIB chinês deve cair de 10%, em 2008, para 6%, em 2009. “Isso, para a China, é um pouso forçado”, afirma. “Não é preciso esperar por um crescimento negativo para ver dessa forma”, completa. Com a queda no consumo de commodities, a alta de preço registrada em alguns mercados deve se sustentar por pouco tempo.
Segundo Roubini, a retomada se baseia na falsa percepção de que a economia global está se recuperando e, uma vez que as expectativas se mostrarem infundadas, deve haver uma nova fase de baixa ou estabilidade nas cotações. No curto prazo, a pressão para baixo sobre o preço das commodities aumenta o risco de deflação no mercado global.
No longo prazo, porém, Roubini diz temer a volta da inflação e a formação de um cenário semelhante ao que o mundo enfrentou nos anos 1970, com a combinação entre recessão prolongada e alta persistente dos preços. O retorno da inflação, por sua vez, teria como causa a necessidade de impressão de moeda por parte dos Estados, como forma de arcar com os custos do resgate de instituições financeiras e de aumentar os gastos públicos como medida anticíclica, isto é, de combate à crise.
Roubini afirma que essa emissão de bilhões de dólares pelo governo americano, por exemplo, ainda não pressionou os preços porque os níveis de consumo e emprego, ainda em queda, agem no sentido contrário. Quando o país voltar a crescer de acordo com o seu potencial, em cerca de três anos, também a demanda agregada vai jogar no sentido de aumentar a inflação e, então, uma nova bolha inflacionária pode se formar no mercado de ações ou no próprio mercado de commodities.
A informação é do Monitor Mercantil