Juros bancários ao consumidor chegam a 246% ao ano
Um verdadeiro abismo ainda separa os juros básicos da economia, estipulado pelo governo federal através da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), das taxas cobradas pelas instituições financeiras ao consumidor. Mesmo com
Publicado 15/06/2009 15:28
Principal responsável por esta diferença entre a taxa Selic e os juros cobrados, o spred bancário (diferença entre a Selic e os juros bancários) teve uma redução de somente 2,5% entre janeiro e abril de 2009. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a estimativa é que a taxa de juros tenha caído num percentual de 4,7% neste período, sendo 9,1% para as pessoas físicas e 1,9% para as pessoas jurídicas.
Segundo os especialistas em finanças, a redução nos juros cobrados pelos bancos é insuficiente e ainda não faz uma diferença efetiva no bolso do consumidor brasileiro. De qualquer forma, já há o que comemorar: a avaliação é que os recentes cortes na taxa básica dos juros não são conjunturais. E nos próximos anos deverão chegar ao crédito ao consumidor final.
De acordo com Andrew Storfer, diretor de economia e finanças da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o rompimento da barreira dos dois dígitos da taxa Selic representa um ganho para todos os setores da economia. “É uma medida que beneficia o governo, que despenderá menos no pagamento dos juros da dívida pública; o consumidor, que ganha com a redução paulatina do spread bancário; e as empresas, que terão acesso a melhores condições de financiamento e empréstimos”, explica ele.
Consumidor
No entanto, o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Alexandre Sá, ressalta que existem entraves que ainda mantém Brasil com o terceiro maior juro real do mundo. Ele cita a oferta e procura intensa por crédito como um dos principais fatores que sustentam o spred no patamar atual. “Mesmo com juros altos, o brasileiro continua tomando crédito na praça e se endividando”, explica. Os empréstimo contingenciado também é considerado um complicador: “Todo banco é obrigado a conceder crédito para setores como a agricultura com taxas subsidiadas. Com isso, quem paga a diferença são os outros tomadores de empréstimo”.
Com os cortes na Selic, a tendência é de ampliação dos prazos de pagamento e redução dos juros cobrados ao consumidor. Os financiamentos de longo prazo, como o do crédito imobiliário e de bens duráveis, deverão ser os primeiros a sentir os efeitos. “A compra de veículos, imóveis e o crédito consignado deverão ter uma redução mais significante. Estes são créditos seguros e dão rentabilidade aos bancos”, explica Andrew Storfer, da Anefac.
A informação é de Por João Pedro Pitombo, no jornal A Tarde