Protesto contra o fim do diploma ganha as ruas do Rio

Estudantes e professores de Jornalismo e profissionais realizaram na manhã do dia 22, no centro do Rio, a primeira de uma série de manifestações de protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal por ter revogado a exigência de diploma em Jornalismo

Da concentração, na sede da ABI, os manifestantes saíram em passeata na direção da Câmara Municipal, na Cinelândia, e terminaram a manifestação nas escadarias da Assembleia Legislativa. No percurso, pela Avenida Rio Branco e Rua da Assembleia, entoaram palavras de ordem como “Não é mole não, meu diploma virou pano de chão” e “Ada, ada, ada, Gilmar Mendes é uma piada”, em referência ao presidente do STF, relator do julgamento do recurso que derrubou o diploma por oito votos a um.



Os pronunciamentos ressaltaram a importância de se buscar apoio em todos os segmentos da sociedade brasileira, promovendo ações integradas, como a formação de uma ampla frente parlamentar suprapartidária e a elaboração de um abaixo-assinado, em nível nacional, para a coleta de 1,5 milhão assinaturas favoráveis à criação de um projeto de lei que garanta a regulamentação profissional e a exigência do diploma.



“Este movimento não é só dos jornalistas. Pertence a toda sociedade brasileira que defende uma imprensa compromissada com os interesses da maioria e não com os donos das empresas”, destacou Rogério Marques, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.



Participaram da manifestação estudantes e professores das universidades Estácio de Sá, Facha, UniCarioca, UniSuam, UniverCidade, Gama Filho, Pinheiro Guimarães, UFF, Castelo Branco e PUC, além de representantes da Fenaj, Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio e os do Estado do Rio, Fórum Nacional dos Professores.



As estudantes Livia Lamblet e Marcele Batista disseram que manifestações no mesmo horário foram realizadas nas cidades de São Paulo, Caxias do Sul, Brasília e Porto Alegre. A mobilização iniciou-se na quinta-feira passada, no dia seguinte ao julgamento do recurso no Supremo, com a criação no Orkut da comunidade “Diploma de jornalismo: sim!!!”



“Na comunidade, vimos a revolta de todos os estudantes contra o fim do diploma. É um absurdo que isso tenha acontecido. O Gilmar Mendes não pode nos comparar aos cozinheiros, nada contra os cozinheiros, e ficar por isso mesmo. Precisamos nos mobilizar e pedir ajuda à sociedade”, disse Marcele.



O jornaleiro Sebastião Batista participou do protesto, de terno e gravata, com um cartaz pendurado no pescoço, onde lia “E agora? Onde jornalista vai enfiar o diploma?” Pai de uma jornalista, afirmou ainda que estuda a possibilidade de entrar na justiça com uma ação de perdas e danos pela despesa com a formação universitária da filha. “Gastei pelo menos uns 60 mil reais”, adiantou.



Segundo ele, a postura de Gilmar Mendes é uma represália ao fato de a imprensa ter criticado duramente o ministro por ter votado a favor da concessão de habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas, entre outras decisões polêmicas.



Novo protesto



Nesta terça-feira, dia 23, os estudantes voltam às ruas. Desta vez para participar de manifestação de protesto contra Gilmar Mendes, que estará na Fundação Getúlio Vargas, na praia de Botafogo, para ministrar a palestra “Gestão do Poder Judiciário – Desafios e Perspectivas”. O presidente do supremo destacará a importância do tema e as experiências no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A palestra começa às 17h e os estudantes prometeram chegar uma hora antes.



Fonte: Sindicato dos Jornalistas do Rio