Açude Castanhão tem comportas fechadas

Desde que foi inaugurado, em 2004, o reservatório nunca havia acumulado tanta água. Em maio, atingiu 97,8%

Perto de completar dois meses da abertura e depois de reduzir seu acúmulo de água para 88%, o Açude Castanhão, o maior do Ceará, teve suas comportas fechadas no último fim de semana. A medida representa, para o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) e para a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), um sinal de que o ciclo chuvoso está terminando e é hora de garantir a reserva de água. Dias quentes e ensolarados são registrados nos municípios da região jaguaribana. O Rio Salgado não está mais levando água para o Castanhão, que só deve abrir suas comportas novamente em 2010.


 


O Açude Castanhão rugiu por suas comportas no dia 24 de abril deste ano, quando atingia a cota de 103,72 metros acima do nível do mar (85% da capacidade). Quatro das fendas foram abertas na tarde de terça-feira, para satisfação dos curiosos e visitantes.


 


Chovia em todas as regiões do Ceará e os municípios de Jaguaruana e Itaiçaba já estavam debaixo d’água. O volume acumulado pelo reservatório era um pouco menor do que o alcançado em 19 de maio de 2008, quando chegava à cota 104,5 e 87% de acúmulo. Mas os meses mais chuvosos de 2009 também foram de sucessivas quebras de marcas.


 


Nunca, desde a inauguração, em 2004, o açude havia acumulado tanta água. Em maio de 2009, chegou a atingir 97,8% da capacidade, na cota 105,65 metros acima do nível do mar, mesmo com quatro das 12 comportas abertas. As vazões totais, por segundo, variaram de 400 a 1 mil metros cúbicos jogados na calha do Rio Jaguaribe. O Rio Salgado mandava, diariamente, milhões de litros de água para o reservatório. Cogerh e Dnocs controlavam a água armazenada.


 


Moradores das áreas mais baixas, notadamente Jaguaruana e Itaiçaba, temiam que a contínua vazão do açude piorasse ainda mais os alagamentos, já que a região sofria com as chuvas e as cheias dos rios que cortam as cidades.


 


Fechamento


 


De acordo com o engenheiro do Dnocs, Ulisses de Sousa, coordenador do Complexo Castanhão, a decisão pelo fechamento das comportas aconteceria quando o nível de reserva alcançasse a cota de 104 metros acima do nível do mar, o que aconteceu na noite de sexta-feira passada. O Castanhão registrava, ontem, 88% de reserva de água ou 5,8 bilhões de metros cúbicos (a capacidade máxima do reservatório é de 6,7 bilhões).


 


A Cogerh monitora 131 reservatórios em todo o Estado. Ao todo, eles estão com 16,6 bilhões de metros cúbicos de água (de uma capacidade total de 17,8 bilhões). A cifra representa 93,2% da capacidade do Estado. Este ano também foi o de maior acúmulo de água já registrado, 95% da capacidade. “Agora as comportas do Castanhão só devem ser abertas novamente no ano que vem”, garantiu Ulisses de Sousa.