Cúpula da ONU pede novo modelo econômico em abertura
O presidente da Assembleia Geral da ONU, o nicaraguense Miguel D'Escoto, abriu a cúpula de três dias que o organismo dedicará à crise econômica global com uma chamada crítica a uma mudança de modelo. O ex-chanceler sandinista foi o encarregado de inaug
Publicado 25/06/2009 12:58
''Não é humano nem responsável construir uma Arca de Noé que salve o sistema financeiro, deixando a humanidade por si só sofrendo consequências de sistema imposto por uma minoria irresponsável, mas poderosa'', criticou. Na sede da ONU, em Nova York, d’Escoto, que também preside a conferência, reiterou que os países deveriam juntar esforços por meio do ''G-192'', ou seja, pela própria ONU.
Padre d''Escoto, como é conhecido por ser padre da Igreja Católica, disse ser preciso reconhecer que a ''crise atual resulta de egoísmo e de uma forma de vida irresponsável''. ''Devemos juntar esforços para evitar que (a crise) se transforme em tragédia humanitária, e os humanos acabem como os dinossauros.'' D''Escoto disse ainda que a situação atual não é de ''tragédia, mas de crise''. Crise, disse, ''pode purificar e nos deixar mais maduros e (nos fazer) encontrar formas de superar nossos problemas''.
A crise, continuou, ''não é o mesmo que uma pessoa no leito de morte, mas é da dor do nascimento. Agora devemos trabalhar com o capital espiritual, que é infinito, pois nossa capacidade para amar é infinita''. O presidente da Assembléia Geral da ONU avalia que falta sensibilidade social no mundo. Segundo d''Escoto, ganância e egoísmo não podem ser corrigidos, têm de ser substituídos por solidariedade.
Ele destaca que o mundo precisa de uma ética global, por meio do que chama de novo paradigma social, comparado à regulação ''da Mãe Natureza, da qual emerge a raça humana''. ''Somos todos crianças da Terra. Como Evo Morales (presidente da Bolívia) nos lembrou, a Terra pode viver sem nós, mas nós não podemos viver sem ela'', disse.
Egoísmo
A comunidade internacional ''deve ir à frente'' das retificações e das correções do atual modelo econômico, que é o causador da crise econômica que se estendeu a todos os países do planeta. ''O egoísmo e a cobiça não podem ser consertados, devem ser substituídos'', acrescentou. As palavras do presidente da Assembleia Geral refletiram o desejo de um bom número dos países “em desenvolvimento” de que essa cúpula sirva para fazer mudanças profundas na arquitetura financeira internacional.
No entanto, os países mais industrializados se opõem a dar um maior peso à ONU na gestão das instituições financeiras multilaterais e na criação de um padrão regulador financeiro global. As desavenças se refletiram no baixo nível das delegações que os países mais ricos enviaram à cúpula, assim como na falta de consenso sobre o conteúdo do documento final do encontro.
Com agências