UBM-PR debate mortalidade materna
Cerca de 530 mil mulheres morrem por ano, a maioria de países em desenvolvimento, vítimas de complicações no parto e da gravidez.
Publicado 26/06/2009 11:46 | Editado 04/03/2020 16:54
No próximo sábado (27), das 8h30 às 17h30, a União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná (UBM-PR) promove o seminário: “Prevenindo a Mortalidade Materna: desafios atuais e perspectivas”. O evento visa aprofundar o debate sobre os direitos sexuais e reprodutivos, a importância da prevenção da morte materna e a defesa do parto humanizado, com o envolvimento de mulheres do movimento popular nessa discussão. O seminário – que contará com a participação da doutora Telia Negrão, da Rede Feminista de Saúde de Porto Alegre –RS, de pesquisadoras da temática e de entidades da sociedade civil organizada – acontecerá no Espaço Cultural Sindicato dos Bancários (Rua Piquiri, 380 – Rebouças).
A questão da morte materna não tem a visibilidade merecida na sociedade e nos meios de comunicação. No entanto, de acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA – sigla em inglês), a cada minuto uma mulher morre no mundo em decorrência do trabalho de parto ou complicações da gravidez. A mortalidade materna configura-se no Brasil como um problema de saúde pública, atingindo desigualmente várias regiões do país. Segundo alguns estudos, as mulheres acometidas pela morte materna são as de menor renda e escolaridade, expressando as desigualdades sociais. Ao fim de um ano, todas essas mortes somam 529 mil, a maioria das quais ocorre em países em desenvolvimento e poderia ser evitada.
Para a coordenadora da UBM-PR, Elza Campos, a temática do evento vem ao encontro dos debates que estão na pauta nacional da Saúde como a luta pelo Sistema Único de saúde (SUS) e a implantação de uma Política Nacional de Integração à Saúde da Mulher no campo dos Direitos Sexuais e Reprodutivos. “Para cada mulher que morre, outras trinta sofrem seqüelas ou problemas crônicos de saúde por conta da gravidez ou do parto, então, esse tema é abraçado com muita veemência pelas emancipacionistas que atuam na UBM-PR, pois é nesta área – saúde da mulher e dos direitos reprodutivos -, como campo de responsabilidade do Estado, que a nossa entidade também tem se destacado”, destaca.
Na trajetória de luta, e respeitabilidade no campo do feminismo no Brasil e na América Latina, a UBM nacional tem se dedicado a garantir o direito da saúde da mulher. No Paraná, a integrante secretária de Formação da UBM-PR, Wilma Kaiel, é conselheira no Conselho Estadual de Saúde e faz parte da coordenação da Comissão Estadual de Saúde da Mulher e do Comitê Estadual de Morte Materna. ''A UBM-PR conta ainda com representação na Mesa Diretora do Conselho Estadual de Saúde, o que faz dela uma entidade comprometida com a busca permanente dos direitos das mulheres em todas as áreas. O trabalho realizado no Paraná soma-se ao da UBM nacional, que luta pela implantação da Política Nacional Integral pela Saúde da Mulher desde os anos 80 do século passado”, finaliza.
Além da prevenção da morte materna, o seminário coordenado pela artista plástica Graciela Scandurra e Wilma Kaiel, ambas da UBM-PR, pretende, entre outros, discutir, à luz das evidências científicas, os determinantes das altas taxas de cesariana, da mortalidade materna e neonatal, com o objetivo de propor estratégias para a redução desse quadro.
O movimento feminista e de mulheres em conjunto com profissionais da área da saúde tem buscado, ao longo dos últimos anos, a implantação dos Comitês de Morte Materna e a realização de programas que possam acompanhar e lutar para que a medida oficial de mortalidade materna preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), seja uma realidade.
UBM – A UBM foi criada em 1988 em um Congresso que reuniu 1500 mulheres de todo o país. É uma organização de defesa dos direitos da mulher no campo da saúde, do trabalho, da cultura, da educação e contra qualquer tipo de violência. Congrega mulheres na luta contra a discriminação de gênero, racial, religiosa ou de qualquer natureza.
Programação:
8h30h às 9h: Cadastramento
9h: Abertura: “Prevenindo a mortalidade materna”, com a presidente do Comitê Estadual de Prevenção Mortalidade Materna (CEPMM), Eliana Carzino, e a coordenadora da UBM Paraná, Elza Campos.
9h30: Palestra “Pré-natal: controles necessários durante período de gravidez – Direitos reprodutivos”, com Eliana Carzino (CEPMM) e a professora da PUC-PR, Maria Rita.
10h15: Intervalo e bate papo – exposição de artes: pintura-gravura-escultura e fotografia
10h30: Palestras ''Parto humanizado: parto normal – escolha com ou sem acompanhante''; ''Cesárea: riscos -complicações- quando é necessária?'' e “Não: tricotomia – episiotomia – parto induzido e o Controle Social para a garantia do parto respeitoso”, com as participações de Adelita González Martínez Denipote, Drª Vânia Muniz (CEPMM) e Felicitas Kemmsies e Patrícia Bortolotto (Integrantes do Comitê Estadual de Morte Materna).
12hàs 13h30: Almoço – Bate papo – exposição de arte, música e poesia.
13h30: Atividade vivencial: “Descontração”, seguida de debates e propostas, discussão sobre o Parto Humanizado e realização do trabalho em grupo “Nascer com Respeito”, com a participação do público com Felicitas Kemmsies e Patrícia Bortolotto.
15h30: Intervalo
15h45: Palestra “Pós-parto: criança/vacinas/testes/aleitamento materno”, com a coordenadora do curso de enfermagem da UNIBRASIL, Maria Aparecida Araldi.
16h15: Palestra Planejamento familiar: direito da pessoa ou casal de organizar sua família – Contraceptivos, com a médica do Instituto Médico Legal e do Comitê Estadual de Morte Materna, Drª. Rose Fischer.
17h30: Encerramento
Informações:
Coordenação do seminário:
Wilma Kaiel: 3335 6358
Graciela Scandurra:3026 1504
Coordenação da UBM/PR:
Elza Maria Campo: 9901-8699