Faltam recursos para combater o uso de drogas nas Escolas do RN

No combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes, o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) se destaca no campo da prevenção. Atuando diretamente dentro das escolas desde 2002, o Programa não dispõe ainda de orçamento próprio. Em

Apesar de comprovada estatisticamente a redução no uso de drogas nas escolas onde o Proerd atua, o Programa não tem orçamento próprio. O custo de R$12 por criança é coberto por doações da Polícia Militar de outros estados, por alguns repasses que as Secretarias Estadual e Municipal de Educação fazem e por um repasse mensal de R$ 3 mil que eles recebem da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.


 


A audiência foi convocada pelo vereador George Câmara, para divulgar o Proerd, pensando em uma proposta de Lei para criação de um Fundo Municipal exclusivo para o Programa. De acordo com Major Margarida, a criação de um Fundo Estadual também está em discussão. “Isso vai possibilitar a ampliação do nosso quadro atual. Em vez dos 80 mil alunos nos 27 municípios que atendemos hoje, vamos pode duplicar esse números”, acredita Major Margarida, coordenadora do Programa.


 


Hoje, são apenas 51 policiais militares disponíveis para o Proerd. Eles realizam um clico de 22 encontros com crianças a partir dos nove anos de idade em escolas públicas e particulares.    Para a Major Margarida, é preciso conhecer desde cedo as conseqüências trazidas pelo uso da droga. “Aqui no Rio Grande do Norte, já vemos crianças com seis anos usando crack. Então é preciso que essa conscientização comece cedo para que a criança escolha o caminho sabendo do lado negativo que isso tem”, disse.


 


A estudante Flora Viana, de 11 anos, foi uma das beneficiadas pelo Programa. Assistindo às palestras desde o começo deste ano, ela se disse orgulhosa por poder ter participado. “Não só eu, mas também meus colegas, tivemos a oportunidade de aprender sobre os efeitos das drogas no nosso corpo e como dizer não a isso”, disse.


 


Para o coordenador do  Fórum  Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, João Maria Mendonça, as etapas seguintes à prevenção, como tratamento e reinserção social, também precisam ser estimuladas. Segundo ele, a fase de tratamento no Rio Grande do Norte é totalmente deficiente. “Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) não dão conta da demanda. Não temos onde internar as mulheres dependentes na rede pública, temos que mandar para outros estados”, disse.


 


Outro problema destacado por João Maria é a etapa da reinserção social do dependente. Sem profissionalização ou ação social, depois do tratamento, ele acaba voltando ao vício. “Quando ele sai do tratamento, não encontra nada, fica a mercê. Então, com o tempo, ele acaba usando a droga de novo”.


 


Para ele, um dos empecilhos ao sucesso das ações sociais anti-drogas no estado é a inexistência de pesquisas próprias do RN. “Nós temos que nos basear apenas nessas pesquisas sociais, porque aqui no estado não existe nenhum levantamento ainda. Já está na hora disso ser feito e com urgência”, disse.


 


Estiveram presentes na audiência, representantes das Secretarias Municipais de Educação e Saúde, o comandante da Guarda Municipal, João Gilderlan, a presidente do Conselho Estadual  de Entorpecentes (Conen), Renata Cunha, e o coordenador do Fórum  Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, João Maria Mendonça.


 


Consumo de álcool é preocupante


 


Apesar de todos os tipos de drogas ilícitas serem pensadas antes do álcool, essa é uma substância que não pode ficar de fora dos estudos. Segundo a última pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), dos 1.663 alunos dos ensinos fundamental e médio que foram entrevistados em Natal, 46% já fez uso do álcool pelo menos uma vez na vida, contra 16,5% que já tiveram alguma experiência com drogas ilícitas.  Além disso, 9,1% dos alunos responderam que bebem frequentemente e 5,6% já são dependentes, ou seja, bebem mais de vinte vezes por mês.


 


Os números do alcoolismo com crianças de rua são maiores. Das 97 pesquisadas em Natal, 54,6% já usaram álcool uma vez na vida e 28,9% usam pelo menos uma vez no mês. O perigo é que o consumo do álcool começa cada vez mais cedo. E, muitas vezes, dentro de casa. Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que 30% dos consumidores freqüentes (seis vezes por mês) ou ocasionais (em saídas) têm entre 10 e 12 anos, 52% entre 13 e 15 anos e 66,4% estão na faixa de 16 a 18 anos.


 


Estudos da Associação Brasileira de Estudo de Álcool e Outras Drogas (Abead)  mostra que o alcoolismo é o terceiro motivo de absenteísmo no trabalho, principalmente depois de feriados e finais de semana.  Pessoas sob o efeito do álcool estão envolvidos em 75% dos acidentes automobilísticos com vitimas fatais, 39% das ocorrências policiais,  20% dos suicídios e 52% dos homicídios. Além disso, o álcool está por trás do grande índice da violência no seio familiar, representando 30% das agressões contra a mulher, 40% das separações e 80% dos abusos sexuais no contexto familiar.


 


E a tendência é de que esses números aumentem. Segundo levantamento domiciliar sobre o uso de drogas no Brasil, em 2005, nas 107 maiores cidade brasileiras, o número de brasileiros que  já usaram álcool pelo menos uma vez na vida passou de 68% em 2001, para 74,6% em 2005. Além disso, o número de dependentes aumentou de 11,2% em 2001, para 12,3% em 2005.


 


Nações Unidas divulgam relatório sobre Drogas


 


O escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) lançou essa semana o  Relatório Mundial sobre Drogas 2009. Os dados mostram que, dentre heroína, cocaína, haxixe, ecstasy, LSD e crack, a apreensão da heroína foi a única a diminuir no Brasil entre 2002 e 2007. As outras drogas apresentaram aumentos expressivos neste período.


 


Segundo o relatório, a maior população de usuários de opiáceos na América do Sul está no Brasil, com aproximadamente 635.000 usuários (0,5% da população entre 12-65 anos). Além disso, em 2007, o Brasil teve o terceiro maior índice mundial estimado de uso de anfetamina. Entre 2001 e 2005, o país reportou que o uso na população geral das áreas urbanas mais que dobrou, passando de 1,5% para 3,2%.


 


Um aumento do uso de maconha também foi reportado no Brasil. A taxa anual de prevalência passou de 1% em 2001 para 2.6% em 2005, e, de acordo com as autoridades brasileiras, esse número parece continuar subindo nos anos subseqüentes.


 


As apreensões de ecstasy dispararam no país em 2007, quando foram interceptados pelas autoridades mais de 211 mil unidades. Em 2006, apenas 11.648 unidades tinham sido apreendidas. O salto nos números fez o Brasil entrar na lista dos 22 países com maiores apreensões de substâncias do grupo ecstasy.


 


O Brasil é o 10º país do mundo em apreensões de cocaína e o maior mercado de cocaína da América do Sul. 


 


Fonte: Tribuna do Norte (27/06/2009)