Direita americana apoia golpe contra Zelaya
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a grande maioria dos governos do mundo condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya pelos militares no último domingo, em um clássico golpe de Estado. Entretanto, os atuais dirigentes que su
Publicado 03/07/2009 18:28
Leiam abaixo trechos do artigo veiculado pelo site da vetusta rádio americana.
A crise em Honduras se tornou um tópico quente para líderes conservadores nos últimos dias. O presidente Obama, junto com outros líderes mundiais, a OEA e alguns grupos de direitos humanos, condenou a “remoção” pelos militares do presidente Zelaya do governo hondurenho no último domingo.
Entretanto, muitos conservadores dizem que as autoridades que conduziram a “remoção” do presidente fizeram “a coisa certa”. Eles argumentam que Zelaya violou a constituição de Honduras ao planejar a realização de um referendo “ilegal, que era destinado a permitir sua reeleição indefinida.
Mary Anastasia O'Grady, comentarista do jornal Wall Street Journal, chegou a dizer que os hondurenhos estavam defendendo “sua democracia” ao destronar um presidente que “estava alinhado com o regime comunista de Cuba e com o líder esquerdista venezuelano Hugo Chávez”.
Mesmo alguns oposicionistas do presidente Zelaya, entretanto, dizem que meios legais deveriam ter sido usados contra ele, ao invés de um raide noturno em sua casa com homens pesadamente armados. Porém, Hans Bader, um especialista el leis do conservador Competitive Enterprise Institute, afirma que a Suprema Corte de Honduras e o Congresso acreditaram que Zelaya tinha colocado o país em “perigo iminente”.
“Eu não acho que eles deveriam ter esperado até que ele se transformasse de fato em um ditador”, conta. “Eu acho que eles tinham direito a tomar medidas contra um ditador em gestação. Mas mesmo se eles não tivessem, isso parece, para mim, que não está tão claro assim que Obama tenha o direito de fazer os Estados Unidos se meterem nos assuntos internos de Honduras”.
Esse ponto de vista é contrariado pela professora Jennifer McCoy, da Georgia State University e diretora do Programa das Américas, do Center Carter de Atlanta. Ela diz que as preocupações dos hondurenhos sobre as ações ilegais do seu presidente poderiam ser válidas, mas isso não justifica depor o presidente do modo como foi feito.
“Mesmo se os militares estivessem agindo na condução de uma operação policial, eu acho que as questões levantadas pela comunidade internacional são por que os militares, e não a polícia, tiveram de agir? e por que eles teriam expulsado o presidente do país ao invés de dar prosseguimento a procedimentos legais dentro do país?” prossegue ela.
Jennifer diz que acredita que pode ser possível obter uma solução para o que ela vê como uma crise institucional em Honduras, mas ela diz que ambos os lados, os pró e os contra Zelaya, devem reconhecer que aceitarão previamente o que for decidido.
“Isso é um conflito entre os poderes em Honduras, de resistência do presidente às regras do Congresso e da Suprema Corte e deve ser negociados pelos seus próprios meios”, afirma. “Mas, o ponto que a comunidade internacional não aceita negociar é que essas coisas sejam feitas sob a mira de armas, pelo contrário, que seja feita dentro de procedimentos legais”, aponta.
Hans Bader e outros comentaristas conservadores acusam o presidente Obama de se posicionar ao lado de forças anti-democráticas da região, contra o povo de Honduras, que estava tentando proteger sua república e sua constituição. Ele está preocupado porque o presidente Obama uniu-se à União Europeia e a muitas nações latino-americanas suspendendo a ajuda e o comércio com Honduras.
“É um país muito pobre”, afirma Bader. “Se nós vamos fechar nossos mercados aos produtos deles poderemos causar um grande problema econômico, fazendo muitos hondurenhos perderem seus empregos. Isso só vai aumentar ainda mais o sofrimento do povo hondurenho”.
Porém, a administração Obama ainda não tomou nenhuma ação do gênero contra Honduras, a não ser suspender alguns programas militares conjuntos. Muitos outros países retiraram seus embaixadores de Tegucigalpa, mas o embaixador dos EUA continua no seu posto.
O comércio entre os Estados Unidos e Honduras gira ao redor de US$ 7 bilhões por ano. Somando-se a isto, os hondurenhos que moram nos Estados Unidos mandam para seus parentes cerca de US$ 2,5 bilhões, o que representa cerca de um quinto do PIB do país centro-americano.
Muitos observadores acreditam que é improvável que os Estados Unidos imponham penalidades severas a Honduras, porém frisam que isto dependerá do que acontecerá nos próximos dias.
Mesmo assim, alguns conservadores estão preocupados com o que as pessoas agora no poder em Honduras estão fazendo, diante dos protestos a favor de Zelaya. Juan Carlos Hidalgo, do Instituto CATO, e que apoiou o golpe contra Zelaya, pediu às autoridades em Tegucigalpa que respeitassem os direitos humanos e evitassem a repressão de dissidentes legítimos e pacíficos.
Da redação, sobre texto da Voz da América