Em Paris Oclae discute os rumos da educação universitária no mundo
“Nossa expectativa é que a educação seja reafirmada como bem público e que nós possamos continuar sendo chamados de estudantes e não de clientes”. A declaração do secretário executivo da Organizaçã
Publicado 03/07/2009 11:55 | Editado 04/03/2020 16:12
O evento, cujo tema é Novas Dinâmicas da Educação Superior no Mundo, reunirá mais de 2.000 representantes dos países que compõem a UNESCO. Os representantes dos governos participam na condição de delegados, porém, estão também confirmadas as presenças de vários representantes de entidades nacionais estudantis e das redes acadêmicas, isto é, associações de trabalhadores, reitores, técnico-administrativos, etc.
De acordo com o representante brasileiro na OCLAE, há dois grandes projetos para o ensino superior que aglutinam grandes blocos de países em sua defesa. “Existem similitudes nas resoluções da África, Ásia, Oriente Médio e América Latina, que defendem o fortalecimento da presença dos Estados nacionais financiando a educação”, ressalta Renan.
“Já os países organizados na OCDE impulsionam a educação como um bem público global, última nomenclatura dada pelo Banco Mundial. Essa concepção diz que os Estados não devem intervir na educação, além de incentivar a inserção do capital transfronteiriço e as demais teses neoliberais”, ressalta, citando a Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico(OCDE). “Alguns dizem que é o sindicato dos países ricos para explorar os países pobres”, completa.
Os posicionamentos progressistas para o ensino superior mundo à fora estão embasados em dois pontos: aumento do investimento público e a regulamentação do capital privado. “Não negamos a existência das instituições privadas e não falamos em estatizar todas. Mas se faz necessário o controle público sobre elas, por meio da regulamentação”, explica.
A mobilização e a intervenção da OCLAE
A Conferência Mundial foi precedida por várias etapas regionais ocorridas nos diversos continentes. Na América Latina, o evento ocorreu em Cartagena, Colômbia, onde estiveram presentes mais de 2.000 acadêmicos latino-americanos e caribenhos.
Além disso, a OCLAE mobilizou nove países nos meses de março e abril. Reuniões nas universidades e com representantes dos ministérios da educação desses países, além da participação em conselhos de entidades de base das entidades estudantis nacionais fizeram parte do calendário da entidade durante esse período.
Fruto disso, a organização da Conferência Mundial garantiu a participação de 10 estudantes do Uruguai, Argentina, Equador, Colômbia, Nicarágua, Guatemala, Cuba e Brasil no evento.
Renan diz que o objetivo dos estudantes será engrossar o coro das teses progressistas amplamente aprovadas nos fóruns de discussões estudantis da América Latina. “Aprovamos um documento-base no último secretariado da OCLAE, ocorrido em maio, em Havana, que levou em consideração o projeto de reforma universitária da UNE, deliberado no último Coneb da entidade”, destacou.
Segundo ele, o documento será apresentado como “complementário aos documentos aprovados na conferência regional”. As resoluções aprovadas em Cartagena foram a declaração final e o plano de ações, contendo a meta dos movimentos educacionais latino-americanos para os próximos anos. Ambos também serão entregues como recomendações para as instituições de ensino superior, governos e associações dos segmentos das comunidades acadêmicas.
A contribuição da OCLAE nesses documentos será a apresentação dos eixos da campanha contra a mercantilização da educação e pela retirada da educação dos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), lançadas na última edição do Fórum Social Mundial, em Belém do Pará.
De Manaus,
Anderson Bahia
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