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Com 90% de urnas apuradas, PRI vence eleição mexicana

Conforme previram as pesquisas de boca de urna, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), que esteve no poder durante 71 anos, até 2000, venceu as eleições legislativas mexicanas. De acordo com os resultados divulgados pelo Prep (Programa de Resultados Eleitorais Preliminares), o PRI obteve 37% do total de votos e pode ter o controle absoluto do Congresso se somadas as cadeiras obtidas em coligação com o Partido Verde. O governista PAN (Partido Ação Nacional) recebeu somente 27% dos votos.

O resultado levanta um cenário difícil para os três anos que restam ao presidente Felipe Calderón. De acordo com analistas, o fato de o PRI ter a maioria na Câmara de Deputados diminuirá a já estreita margem de manobra que Calderón tem para governar e negociar reformas relativas à segurança e à economia.

E o presidente está ciente disso. Ontem à noite, em uma mensagem em cadeia nacional, chamou todas as forças políticas a trabalharem juntas e a alcançar acordos em temas fundamentais para o país como a crise econômica e a insegurança e a luta contra o crime organizado.

“A luta terminou. A concorrência deve ser deixada para trás e agora temos que centralizar nossos esforços na busca de coincidências, em privilegiar o muito que nos une e em alcançar os acordos que o país clama para recuperar, quanto antes, o crescimento econômico, a geração de empregos e a segurança pública (…) Felicito aqueles que foram eleitos e manifesto a melhor disposição e vontade do governo federal, sob minha responsabilidade, para dialogar e para colaborar com os novos deputados a fim de superar os grandes desafios que o país tem adiante”, disse Calderón em seu discurso.

Para a cientista política Denise Dresser, a mensagem de Calderón é um chamado de ajuda e um reflexo do que serão os últimos três anos de seu governo: “Ele pede ao PRI que colabore com o PAN no Congresso e pede que seja uma oposição co-responsável. Calderón sabe que uma opção para o priísmo é bloquear qualquer reforma apresentada nos próximos três anos e capitalizar a má situação econômica para depois culpar o presidente e posicionar-se como uma opção para 2012”, disse ao Opera Mundi.

Para a analista, o centro de gravidade política mudou nestas eleições a favor do PRI, e prognostica que o que resta a Calderón será concentrar-se na luta contra o narcotráfico, uma estratégia que tem lhe dado popularidade e na qual trabalhará duro para compensar o fato de ter perdido a possibilidade de impulsionar reformas no Congresso.

A primeira prova terá lugar em dezembro deste ano, quando a nova Câmara de Deputados tiver que aprovar o orçamento de receitas e despesas, os diversos impostos e com eles as estratégias propostas pelo governo de Calderón para sair vivo da pior crise econômica dos últimos anos.

Com cerca de 90% dos votos computados em uma tendência que parece impossível de reverter-se, além de ter maioria absoluta na Câmara dos Deputados, o PRI – que durante mais de sete décadas dirigiu o destino dos mexicanos — ganhou em cinco das seis cargos de governador que se disputaram (nos estados de Nuevo León, San Luis Potosí, Querétaro, Campeche y Colima). Além disso, também tomou do PAN importantes prefeituras do país como Guadalajara, em Jalisco, Cuernavaca, em Morelos e Naucalpan e Toluca, no estado de México.

A jornada eleitoral de ontem transcorreu com tranquilidade e com incidentes menores. Tal como se previa, o nível de abstenção excedeu os 50% e a participação se colocou em uma porcentagem de 45%. O Partido da Revolução Democrática (PRD), de esquerda, conquistou o comando das cidades de Ecatepec e Ciudad Nezahualcóyotl. Dos oito partidos políticos que participaram das eleições, só o PSD (Partido Social Democrata) teria perdido seu registro ao não alcançar os 2% necessários da votação.

Além disso, o movimento cidadão que chamou os mexicanos a anular o voto como uma forma de protesto contra a ineficiência dos partidos políticos, alcançou 6% do total da votação.

Fonte: Opera Mundi