EUA conseguem manter base militar no Quirguistão
“Os Estados Unidos conseguiram finalmente ficar com a base aérea da Manas, no Quirguistão, por um aluguel de 180 milhões de dólares. E o acordo tampouco será muito vergonhoso para Bishkek, já que a base se chama, agora, “centro de logística” para merca
Publicado 08/07/2009 18:47
Washington e Bishkek chegaram a um acordo que manterá aberta de forma efetiva a base aérea de Manas. Antes, já havia ocorrido muita especulação sobre que medida tomariam os Estados Unidos depois que a base fosse fechada em agosto.
O presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, assinou em fevereiro uma lei que encerraria oficialmente a base, depois de a Rússia oferecer a Bishkek mais de 2 bilhões de dólares em auxílio financeiro e crédito.
No mês de junho, as autoridades quirguizes reiteraram que o destino da base não mudaria, depois de Washington oferecer 30 milhões de dólares em ajuda para melhorar o Quirguistão a melhorar seu sistema de tráfego aéreo.
Parecia que a base seria fechada, à medida que se acabava o tempo antes da data limite de 18 de agosto para a retirada das tropas americanas do lugar.
A base de Manas foi utilizada até agora como um centro logístico chave para as operações militares dos EUA no Afeganistão. Seu encerramento reduziria ainda mais as vias de fornecimento da coalizão, em um momento em que o presidente dos EUA, Barack Obama, planeja enviar 30.000 soldados a mais ao Afeganistão.
E então, de repente, se anunciou um acordo pelo qual os EUA pagarão ao Quirguistão cerca de US$ 180 milhões para manter a base.
Além do aluguel anual de US$ 60 milhões, mais do triplo da quantia atual, de US$ 17,4 milhões, o Quirguistão receberá também US$ 67 milhões para melhorar a infra-estrutura do aeroporto de Manas, US$ 20 milhões em auxílio econômico e US$ 32 para ajudar a “luta contra o terrorismo”.
Os Estados Unidos criarão um “centro logístico para obejtos não militares em Manas, que também será utilizado como o principal aeroporto internacional do Quirguistão.
Este acordo não obriga o país a cancelar a lei anteriormente aprovada sobre o fim do arrendamento do território como uma base militar dos EUA.
Entretanto, o Quirguistão não terá direito a inspecionar os materiais que os EUA transportarem por meio da base, afirmou o ministro do Exterior quirguiz, Kadyrbek Sarbayev.
Por isso, a natureza de Manas não mudará muito e continuará sendo um centro de transportes vital para as operações militares dos EUA em sua luta contra o talibã no Afeganistão, de acordo com especialistas.
Mal-estar da Rússia
Embora tanto o Quirguistão como a Rússia neguem que haja alguma relação entre o planejado fechamento da base a a ajuda econômica oferecida por Moscou, se considera que o Kremlin era um dos fatores chave por trás da decisão.
De fato, a Rússia sempre expressou seu mal-estar por qualquer presença militar dos EUA na Ásia Central, uma região sobre a qual Moscou tem uma grande influência.
Porém, Moscou tomou a precaução de não mostrar seu mal-estar com este novo acordo. Em uma declaração, o Ministério do Exterior da Rússia afirmou que o Quirguistão tem o “direito soberano” de assinar tal acordo.
O Ministério disse também que a Rússia tem um acordo similar com a Otan, que permite o transporte de materiais não letais por meio de seu território.
A mídia e os analistas russos, entretanto, fizeram mais comentários sobre o acordo. Uma página de informação na Internet russa afirmou que os EUA “compraram outra vez a base aérea de Manas, desta vez com US$ 180 milhões”.
O novo acordo manteve na prática a presença militar americana na região, afirmou o presidente da Academia Russa de Assuntos Geopolíticos, Leonid Ivashov.
Washington seguirá exercendo sua influência na região, graças a essa presença, agregou.
O Quirguistão também tentou fazer a mínima publicidade sobre o assunto. É um acordo somente temporário, com um periodo de duração de um ano, disse Sarvayev, agregando que “o motivo para assinar o acordo é a situação geral no Afeganistão e em seus arredores”.
Apesar das preocupações de Moscou, a Rússia todavia tem várias cartas na manga. Poderá exercer influência sobre a política no Quirguistão por meio do comércio, do fornecimento de energia e, inclusive, por meio de esforços de mediação nos conflitos políticos do país, agregam os analistas.