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PCdoB e do PC do Vietnã discutem a crise capitalista

Em visita recente ao Brasil, o diretor geral da Comissão de Relações Exteriores do governo da República Socialista do Vietnã, Duong Minh, foi recebido na sede do PCdoB pelo presidente do partido, Renato Rabelo, pelo secretário de Relações Internacionai

Em visita recente ao Brasil, o diretor geral da Comissão de Relações Exteriores do governo da República Socialista do Vietnã, Duong Minh, foi recebido na sede do PCdoB pelo presidente do partido, Renato Rabelo, pelo secretário de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho e por Ronaldo Carmona, membro da mesma secretaria. Duong Minh fez um relato de como o seu país dirigiu a política macro-econômica nas últimas décadas, levando em conta as contradições inerentes ao mercado liberal capitalista.


 


Foi uma esclarecedora troca de opiniões entre os dirigentes comunistas – especialmente em função de como os governos do Brasil e do Vietnã estão enfrentando os reflexos nocivos desta que pode ser caracterizada como a terceira grande crise sistêmica da história do capitalismo.


 


Duong Minh disse que o PC do Vietnã colocou em prática um novo modelo de desenvolvimento: a economia de mercado de orientação socialista. Segundo Minh, “o 9º Congresso do PCV definiu que a economia de mercado de orientação socialista no Vietnã é um modelo de organização econômica que obedece, ao mesmo tempo, às leis da economia de mercado e aos princípios do socialismo em três campos: o da propriedade, o da organização da gestão e o da distribuição”. Ou seja, continuou ele, “a economia de mercado de orientação socialista é uma economia mercantil, multi-setorial que funciona segundo os mecanismos de mercado, com a administração do Estado, em função dos seguintes objetivos: um povo próspero, um país consolidado e uma sociedade justa, democrática e civilizada”.


 


Com esta política econômica, o Vietnã atingiu grandes êxitos, explicou o dirigente vietnamita. A economia tem se desenvolvido em ritmo extraordinário, com crescimento anual médio de 7,5% nos últimos 23 anos. O nível de vida do povo melhora consistentemente – o índice de famílias pobres, segundo as normas internacionais, reduziu-se de 58% em 1990 para 13,1% em 2008 – aproximadamente 1,5 milhão de empregos foram criados a cada ano e a ONU reconheceu que o Vietnã cumpriu, com dez anos de antecedência, as metas dos Objetivos do Milênio. Por outro lado, consolidou-se o sistema político e a unidade nacional. As relações exteriores se ampliaram e a economia vietnamita se integrou cada dia mais à economia mundial.


 


Entretanto, Duong Minh destacou em seu relato que a economia vietnamita também sofreu os impactos da crise capitalista global. O crescimento do PIB previsto para 2008 — em torno de 8,5% — reduziu-se para 6,18% e neste começo de 2009 a economia do Vietnã enfrenta várias dificuldades. A recessão que se implantou nas grandes economias capitalistas afetou sobremaneira a exportação, o mercado de capitais, as atividades turísticas, o que fez crescer o número de desempregados. Diante desta situação, o governo do Vietnã promulgou, em dezembro do ano passado, um conjunto de medidas emergenciais no sentido de enfrentar a nova situação: impulsionar a produção, comercialização e a exportação; estimular o investimento e o consumo; aplicar novas políticas financeiras e monetárias;  garantir o seguro social dos trabalhadores e organizar o cumprimento destas medidas.


 


O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, procurou mostrar como a crise também afetou a economia brasileira, que havia crescido em 2008 em torno de 5,1% e que agora vê a perspectiva de crescimento do PIB entre zero a 1% apenas. O crédito no Brasil ainda depende muito do nível do crédito internacional, explicou o dirigente comunista. Mas o setor bancário público brasileiro conseguiu sobreviver à sanha privatista desenvolvida durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, o que permitiu ao país dar respostas ao impacto da crise mundial. È prematuro, porém, argumentou Renato Rabelo, dizer que já estamos superando o período crítico da crise. Há prognósticos inclusive que vislumbram a possibilidade até de agudização da crise, de grandes desequilíbrios financeiros. Na verdade, não existe controle da situação por parte das grandes economias capitalistas e a busca de alternativas ao atual sistema se impõe.


 


Em função desta análise, Renato Rabelo destacou a importância da realização do Seminário Internacional sobre a Crise Mundial, motivo da vinda de Duong Minh ao Brasil.  O evento – convocado pela Fundação Perseu Abramo, do PT, e pela Fundação Maurício Grabois, do PCdoB – contou com a participação do Partido Socialista Brasileiro e de vários outros partidos do movimento progressista mundial, como o Partido Comunista da China, o Partido Comunista do Vietnã, o Partido Comunista da Índia (Marxista), o Partido Comunista da Hungria, o Partido Comunista de Cuba, o Partido Comunista de Portugal, o Partido Comunista da Argentina, entre outros.