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Zona do euro cai 2,5%: FMI prevê começo do fim da recessão

Os países que adotam o euro sofreram uma contração de 2,5% na economia no primeiro trimestre de 2009, segundo os dados revisados publicados pelo Eurostat, o escritório de estatística da União Europeia (UE). Para o FMI, a economia mundial começa a sair

Segundo o escritório, a queda no Produto Interno Bruto (PIB) levando em conta todos os países da UE foi de 2,4%. O recuo registrado nos três primeiros meses do ano é o mais acentuado desde que o indicador começou a ser elaborado, em 1995. Em comparação com os três primeiros meses de 2008, a contração do PIB foi de 4,9% na área de moeda única e de 4,7% na UE, também os piores números da série histórica.


 


Dos 26 países da UE para os quais há dados disponíveis, houve contração da economia em todos entre janeiro e março, exceto na Polônia (+0,4%) e no Chipre, onde o PIB não registrou variações. Polônia, Chipre, Grécia (-1,2%) e Eslováquia (-11,4%) são os únicos países comunitários que não se encontram em recessão técnica, que acontece quando o PIB cai durante dois trimestres seguidos.


 


O afundamento da economia alemã – queda de 3,8% no PIB durante o primeiro trimestre do ano (-6,9% na taxa anualizada) — contribuiu de maneira determinante para os maus resultados do conjunto da economia europeia. Na Itália, o PIB caiu 2,6% no trimestre, baixa de 6% em relação ao mesmo período de 2008.


 


No Reino Unido, a economia se contraiu em 2,4%, com queda 4,9% na taxa anualizada. Na França, retrocedeu 1,2%, um recuo de 3,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. A Espanha, por sua vez, já acumula três trimestres com números negativos: o primeiro de 2009 e o terceiro e o quarto de 2008 (-0,3%, -1,0% e -1,9%, respectivamente).


 


Países bálticos


 


Os países bálticos se viram fortemente afetados pela recessão, especialmente a Letônia, cuja economia registrou uma intensa queda trimestral de 11,2% e de 18,6% no índice anualizado. Na Lituânia, onde há menos de um ano o PIB ainda crescia, a atividade caiu 10,5% no primeiro trimestre (-11,8% em relação ao primeiro trimestre de 2008). A Estônia intensificou sua contração, até 6,1% entre janeiro e março e 15,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.


 


As exportações dos países do euro continuaram piorando nos três primeiros meses de 2009, com queda de 8,8% após perdas de 7,3% no trimestre anterior, e retração de 16,3% comparada ao mesmo período de 2008. Nos 27 membros da UE, a baixa nas exportações segue a mesma tendência, com uma queda trimestral de 8,3% e de 15,3% na taxa anualizada. As importações dos países do euro caíram 7,6% (-12,4% anualizado), enquanto as dos Estados-membros da UE se reduziram em 7,8% (-13,2% em comparação com o mesmo trimestre de 2008).


 


Apoio expressivo


 


Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), economia global está começando a sair da recessão, mas a recuperação será lenta e as políticas de governo precisam manter um apoio expressivo. “A economia global está começando a sair de uma recessão inédita no período após a Segunda Guerra Mundial, mas a estabilização é irregular e a recuperação deve ser lenta”, aponta um documento do FMI.


 


Segundo o FMI, apesar de sinais positivos, a recessão global ainda não acabou e é esperado que a recuperação seja lenta, uma vez que os sistemas financeiros continuam debilitados e os consumidores nos países que sofreram com a queda dos preços dos ativos estão reconstruindo suas economias.


 


O FMI prevê agora que a economia global deve ter retração de 1,4% em 2009, pouco mais profunda que a taxa de 1,3% da previsão de abril. Em 2010, a expectativa é de que o crescimento global seja de 2,5%, um avanço frente ao índice de 1,9% estimado anteriormente.


 


Endividamento


 


Para o Brasil, a expectativa é de que a economia recue 1,3% agora, sem mudança, e avance 2,5% no próximo calendário, em vez de 2,2%. “As condições financeiras melhoraram mais do que o esperado, principalmente por causa de intervenções públicas, e dados recentes sugerem que a taxa de declínio na atividade econômica está mais moderada, ainda que em graus diferentes nas diversas regiões”, aponta o documento.


 


O Fundo disse que as políticas de governo devem manter um apoio expressivo às economias até que o crescimento retorne e os riscos deflacionários se dissipem. Onde há espaço, bancos centrais devem continuar cortando taxas de juros e sinalizar que pretendem mantê-las baixas até que uma recuperação durável esteja a caminho.


 


O FMI expressou ainda preocupação com os níveis de endividamento dos governos, como resultado de gastos maiores com suas economias, destacando a necessidade de fortes políticas fiscais de médio prazo. “Ainda que a política fiscal deva continuar de apoio às economias ao longo de 2010, planos devem ser feitos para reconstruir o equilíbrio fiscal e assegurar caminhos sustentáveis da dívida após a retomada do crescimento”, aponta.


 


América Latina


 


No caso das projeções para os Estados Unidos, o Fundo prevê contração de 2,6% na economia em 2009 e crescimento de 0,8% em 2010. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro deve encolher 4,8% neste exercício e diminuir 0,3% no próximo ano. Para a economia do Japão, as estimativas são de queda 6% e ampliação de 1,7%, respectivamente.


 


A Rússia deve ter declínio de 6,5% em 2009, mas registrar recuperação nos 12 meses seguintes, com avanço de 1,5%. A China deve expandir-se neste ano e no próximo, com o PIB crescendo 7,5% e 8,5%, na ordem. Sobre a Índia, a economia deve verificar ampliação de 5,4% em 2009 e aumentar 6,5% no calendário que vem.


 


O Fundo disse que, neste ano, a recessão na América Latina será maior que a prevista inicialmente, o que deverá fazer o Produto Interno Bruto (PIB) da região sofrer uma retração de 2,6%.  Segundo a entidade, o principal motivo para este desempenho é a queda do comércio internacional. O México, em particular, sofrerá mais, já que sua economia deve encolher 7,3% em 2009, quase o dobro do previsto em abril (3,7%).


 


Com agências