Déda afirma que deixará um grande trabalho para o povo
O município de São Cristóvão é, durante todo o dia 8 de julho, a capital do estado de Sergipe. A interinidade foi adotada pelo governador Marcelo Déda (PT), que foi com todo o seu “staff” para a cidade mais antiga de Sergipe para comemorar a emancipação p
Publicado 10/07/2009 16:05 | Editado 04/03/2020 17:20
O governo garante apostar num futuro bom para Sergipe e diz que as críticas à sua gestão “são provenientes de setores da sociedade que tem interesse que Sergipe retorne para o atraso. A oposição joga com as fichas que tem nas mãos. Sem titubear, posso dizer que vamos terminar esta administração deixando um grande trabalho para mudar a vida do povo para melhor”.
A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Jornal da Cidade, principal periódico de Sergipe:
w JORNAL DA CIDADE – Se somos o resultado da história, como o senhor avalia a influência da Emancipação Política de Sergipe nos dias atuais?
MARCELO DÉDA – O passado não serve apenas para explicar o que somos, mas também para ensinar como determinados processos e tomadas de decisões influenciam diretamente na vida das pessoas. Estudar o passado me ensinou a compreender a verdadeira necessidade de reflexões mais profundas nas decisões, sobretudo aquelas que podem acarretar em conseqüências para coletividade. Estar governador exige o acolhimento desse tipo de responsabilidade. Em relação ao ato em si, da emancipação do nosso Estado, Sergipe vivia um momento de grande pujança econômica devido à sua produção, principalmente de cana-de-açúcar, mas o Estado estava tutelado e explorado economicamente pela Bahia. Dom João VI assinou o decreto de emancipação em 8 de julho de 1820, mas na prática esse decreto só surtiu efeito em 1822 com o episódio da Independência do Brasil. Podemos afirmar que o sentimento de indignação com a exploração do seu semelhante que permeava a sociedade sergipana daquela época, ainda se encontra presente nas veias da nossa gente até os dias de hoje. O povo sergipano não aceita ser explorado.
JC – Como o Estado pode atuar para manter acesa a chama da emancipação no coração dos sergipanos?
MD – De forma decisiva. Podemos fazer isso ao colocarmos o Estado a serviço do crescimento econômico aliando suas obras e ações a processos que levem à justiça social. É preciso que o Estado construa suas obras de concreto para servir o ser humano. É preciso que o Estado utilize seus instrumentos para cuidar das pessoas e permitir que elas encontrem seu caminho através da democratização da oferta de oportunidades. Isso não quer dizer que devamos ser paternalistas, mas é preciso que o Estado atue de modo a permitir que o filho de um operário, de um agricultor, de um servente de pedreiro possa ter as mesmas oportunidades de acesso à saúde, à alimentação e à educação que os filhos da classe média e das elites. É por isso que quando fazemos obras como os hospitais e clínicas de saúde em todo o Estado, a recuperação e construção de rodovias e pontes, os investimentos na ampliação do ensino superior e a implantação do ensino profissionalizante estadual, estamos contribuindo de modo fundamental para emancipar as pessoas e fazê-las independentes. Emancipar um Estado nos dias atuais é, sobretudo, criar condições para que as pessoas alcancem, pessoal e coletivamente, essa emancipação.
JC – A participação popular sempre foi uma marca das administrações da esquerda. Neste sentido, como o seu governo tem atuado?
MD – Primeiramente, nós democratizamos a administração trazendo a voz do cidadão para dentro da gestão. Nós acabamos com aquela cultura que impunha obras e ações governamentais que eram gestadas apenas nas cabeças de meia dúzia de burocratas, na sua maioria equivocadas, porque não dialogavam com as verdadeiras necessidades das pessoas. Dividimos o Estado em territórios, fizemos conferências nas comunidades, nos bairros, nas cidades, nas regiões e fomos afinando nossas ações com as demandas que emanavam do povo, exercendo a verdadeira democracia no sentido quase literal da palavra. No início recebemos muitas críticas porque as coisas estavam demorando para acontecer, mas seguramos firmes porque sabíamos que estávamos fazendo o correto, e agora, que tudo está se ajeitando, os caminhos estão definidos, as metas traçadas e a máquina andando a todo vapor, temos certeza de que iremos chegar nos objetivos traçados. Sergipe está dando um salto para o futuro nunca antes experimentado.
JC – Na sua avaliação, a população já pode sentir de forma concreta os resultados desta administração?
MD – Não tenho dúvidas disso. Posso citar a Rota do Sertão, que chegou para incrementar não apenas o turismo da região dos Cânions de Xingó, mas também para dar escoamento à produção rural de toda a região do alto sertão que se comunica com outras regiões de Sergipe e de outros estados. Temos também mais de 150 km de estradas sendo reformadas ou construídas em diversas regiões do Estado. A ponte Jornalista Joel Silveira fica pronta até o final do ano e a ponte que vai ligar Indiaroba a Estância que está em fase de licitação. Posso citar a construção de dois hospitais regionais, um em Lagarto, outro em Estância, a reforma de 12 hospitais regionais, a modernização e expansão do Huse, a construção de 101 clínicas da família em todos os municípios de Sergipe. Já inauguramos algumas em Itabaiana, Ilha das Flores e Laranjeiras. Estamos investindo R$ 53 milhões em aquisição de propriedades rurais para a realização da reforma agrária sem conflitos que já mudou para muito melhor a vida de 1.050 famílias. Este governo está investindo mais de meio bilhão de reais no abastecimento de água e esgotamento sanitário na capital e interior, a exemplo da Barragem do Rio Poxim, da recuperação das adutoras Sertaneja e do Alto Sertão, da ampliação da adutora do São Francisco. Resolvemos o problema da água que se arrastava há mais de 20 anos em Tobias Barreto. Isto é ou não é mudança? Na área da educação, inauguramos dois centros profissionalizantes: um em Neópolis e o outro em Aracaju, num investimento de mais de R$ 6 milhões. Estamos investindo cerca de R$ 46 milhões na reforma de escolas, algumas que não recebiam manutenção há mais de dez anos. Recentemente inauguramos com a presença do presidente Lula o Campus das Artes de Laranjeiras e demos a ordem de serviço para a construção do Campus da Saúde em Lagarto. Investimos ainda na segurança pública com o novo serviço de 190, construções e reformas de delegacias na capital e no interior, aquisição de viaturas e equipamentos de uso policial. Construímos o cadeião de Nossa Senhora do Socorro, o presídio feminino e o presídio do Santa Maria. Na área da habitação, entre construções e reformas, já entregamos quase 13 mil casas. Em relação ao funcionalismo público, reestruturamos carreiras, concedemos aumentos além da inflação e definimos a situação de professores e policiais que era uma reivindicação antiga da sociedade.
JC – Sendo assim, como o senhor avalia as críticas da oposição sobre o andamento do trabalho do seu governo?
MD – São provenientes de setores da sociedade que tem interesse que Sergipe retorne para o atraso. A oposição joga com as fichas que tem nas mãos. Sem titubear, posso dizer que vamos terminar esta administração deixando um grande trabalho para mudar a vida do povo para melhor. O Brasil está mudado. A chegada de um presidente como Lula ao poder preparou o caminho para que estados e municípios pudessem também contribuir para que as políticas sociais gerem eficiência e transformem para melhor a vida das camadas populacionais menos favorecidas. O Bolsa Família não é apenas um programa de transferência de renda. Ele é a segurança de milhões de brasileiros de que poderão se alimentar adequadamente, comprar cadernos, livros para seus filhos estudar, enfim, uma série de coisas que não existiam até então porque o Brasil era governado por uma elite que nunca se preocupou com quem não tinha acesso. Os governos estaduais e municipais pouco precisam se preocupar em garantir o mais elementar, o básico, a segurança alimentar à sua população e pode direcionar suas políticas para produzir desenvolvimento, gerenciar os espaços públicos, formatar um planejamento estratégico que referencie a capacidade de produção de cada região, promovendo a inclusão através do um desenvolvimento planejado, que busque eficiência. O que vemos agora é o reposicionamento do Estado no tamanho que ele deve ter, nem maior, nem menor. E o povo percebe isso. A mudança que a minha geração está operando não é apenas de concreto ou asfalto, é de cultura. Se não tivéssemos feito o dever de casa nos dois primeiros anos da nossa administração, enxugando gorduras desnecessárias, evitando gastos excessivos, arrumando a casa, Sergipe estaria em grandes dificuldades. Mesmo assim, temos encontrado espaço para investir em programas obras e ações fundamentais para o desenvolvimento do Estado. Essa mudança cria uma consciência cidadã nas pessoas que nos faz ter a certeza de que o trabalho que realizamos está sendo percebido pelas pessoas, que aquilo que a oposição alardeia não tem eco na realidade. É com essa tranquilidade que vamos comemorar o nosso 8 de Julho, com a certeza de que o povo de Sergipe tem muitas conquistas para comemorar. Por isso essa festa é merecida e desejada por todos.
JC – Qual é a programação da emancipação política de Sergipe e em que ela se diferencia das anteriores?
MD – Primeiro, é preciso dizer que o que queremos neste 8 de Julho é comemorar as conquistas que já alcançamos, reverenciando a nossa história e mostrando a nossa vocação para o futuro. Toda a programação será realizada de forma intencional na Praça São Francisco, candidata a patrimônio da humanidade. Vamos começar o dia transferindo simbolicamente a capital para São Cristóvão, berço da nossa cultura e tradições. Em seguida, vamos realizar uma grande missa em ação de graças pela passagem da data e homenagear com as medalhas do Mérito Cultural Tobias Barreto e do Mérito Aperipê 20 personalidades e entidades sergipanas e brasileiras. Com a medalha Aperipê vamos homenagear os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Piauí, Wellington Dias, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, e o ex-secretário do Turismo e ex-prefeito da capital, João Augusto Gama. Já com a medalha do Mérito Cultural serão homenageados o ator Orlando Vieira e os grupos de teatro Imbuaça e Mamulengo de Cheiroso, a Lira Carlos Gomes, Josa – o vaqueiro do Sertão, a grande Clemilda, a quadrilha Unidos em Asa Branca, que este ano ganhou o concurso de quadrilhas do Nordeste, os escritores Ana Medina e Francisco Dantas, da cultura popular a Dina Nadir e o mestre Deca, além do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a Universidade Federal de Sergipe, a ex-superintendente do Iphan em Sergipe, Eliane Fonseca, e o artista plástico Leonardo Alencar. No final do dia ainda teremos o cortejo folclórico e os shows do grupo Cataluzes, do cantor Paulo Lobo e das cantoras Amorosa e Patrícia Polayne.
JC – O senhor citou a candidatura da Praça São Francisco a patrimônio da humanidade. O que o governo tem feito para fortalecê-la?
MD – A votação da candidatura de São Cristóvão para Patrimônio da Humanidade ocorrerá na reunião que o Comitê do Patrimônio Mundial, da Unesco, terá em Brasília, em 2010, por ocasião da comemoração dos 50 anos da capital federal. O presidente do Iphan nacional, Luiz Fernando de Almeida, nos informou que São Cristóvão será a candidatura brasileira que vai ser colocada neste momento. Os encaminhamentos estão adiantados no sentido de cumprir todas as exigências e temos certeza de que São Cristóvão, pelo que representa como conjunto histórico, arquitetônico, sendo a antiga capital do Estado de Sergipe e a quarta cidade do país, será escolhida.