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Micheletti deixa Costa Rica sem acordo. Comissões negociam

Horas após desembarcar na Costa Rica, o presidente autoproclamado de Honduras, Roberto Micheletti, retornou nesta quinta-feira (09) para Tegucigalpa, sem que tivesse havido um encontro frente a frente com o presidente deposto Manuel Zelaya. Os dois se

Arias, reconheceu ontem à noite que o processo de negociação deverá tomar ''mais tempo do que havia sido planejado''. O costa-riquenho disse que a restituição de Zelaya ''é inevitável'', mas adiantou que ''os pontos mais difíceis (da negociação) devem ser deixados para o final''.

Ele afirmou que ''o diálogo faz milagres, mas não imediatos'', ao reconhecer que as posições do presidente em exercício de Honduras, Roberto Micheletti, e do deposto Manuel Zelaya, continuam ''muito distintas''.

''Estou satisfeito, porque se iniciou um diálogo franco, sincero. No entanto, as posições são muito distintas. Estas coisas levam tempo, requerem paciência para saber ceder e transigir, essa é a chave para chegar a acordos'', disse Arias, em entrevista coletiva.

O primeiro a chegar ontem à casa de Arias foi Zelaya. O líder hondurenho permaneceu algumas horas na residência antes de emitir um comunicado à imprensa, afirmando que ''o Estado de direito deve ser restituído em Honduras''.

Micheletti esperou no aeroporto o término da conversa entre o costa-riquenho e Zelaya. Agradecendo a Arias  pela mediação, ele afirmou que ''ninguém está acima da lei'' e a negociação deve ter como base a Constituição hondurenha. Micheletti retornou ontem mesmo para Tegucigalpa e disse que voltava para casa ''totalmente satisfeito''.

Ao desembarcar em Honduras, ele ironizou a possibilidade de restituição do presidente deposto: ''(Partidários de Zelaya) defendem a volta do presidente para cá (Honduras). Estamos de acordo com o retorno, mas desde que ele (Zelaya) vá diretamente aos tribunais''.

''Micheletti é muito difícil de negociar, não cederá facilmente'', disse Eduardo Maldonado, jornalista e secretário do Partido Liberal – agremiação tanto de Zelaya quanto de Micheletti.

Arias reuniu-se com os dois hondurenhos a portas fechadas, mas, nos bastidores, o comentário era de que os encontros serviram mais para definir  agenda, metodologia e condições para o diálogo entre as partes.

De acordo com a ministra das Comunicações da Costa Rica, Mayi Antillón, tanto Michelleti quanto Zelaya se recusaram a participar de uma conversa cara a cara, sob o argumento que de que não seria o momento adequado.

A jornada de ontem foi marcada por um grande grupo de manifestantes que protestou contra a presença de Micheletti no país e gritou palavras de ordem a favor de Zelaya e contra o golpe de Estado.

Comissões continurão o trabalho

Micheletti nomeou como seus representanes para as próximas tentativas de acordo com a delegação de Zelaya o ex-chanceler Carlos Lopez, o empresário Arturo Corrales, o ex-candidato presidencial Mauricio Villeda e a ex-presidenta da Corte Suprema de Justiça, Vilma Morales.

Já Zelaya, designou a chanceler patricia Rodas,. seu antecessor no cargo Mílton Jiménez, a deputada Silvia Ayala (do esquerdista Partido Unificação Democrática) e Salvador Zúñiga, coordenador das Organizações Populares e Indígenas de Honduras.

''Chegamos a uma primeira etapa. O presidente Arias escutou minha posição e a de setores sociais e políticos que me acompanharam, que é a restituição imediata do presidente eleito'', disse Zelaya, que visitará a República Dominicana nesta sexta.

O diálogo prossegue hoje na casa de Arias. A expectativa era de que ambos os lados cedessem um pouco. Várias alternativas vêm sendo discutidas por analistas. Em uma delas, Zelaya retornaria, mas teria de renunciar a seus planos de alterar a Constituição. Em outra, Micheletti permaneceria no poder, mas o presidente deposto poderia retornar a Honduras anistiado. Uma terceira opção seria Zelaya voltar como presidente e antecipar as eleições, marcadas para novembro.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os EUA não admitem outra saída a não ser o retorno de Zelaya. Antes dos encontros, os dois hondurenhos mantiveram posições inconciliáveis sobre a legalidade e legitimidade de seus mandatos.

Zelaya conta com o apoio dos 33 países membros da OEA, enquanto que Micheletti tem o respaldo de órgão do Estado, do Legislativo e Judiciário de Honduras. Embora fontes próximas ao governo de fato assegurassem ontem que Taiwan e Israel haviam reconhecido o novo governo, esses países não confirmaram tal postura.

O que ocorreu é que Stayerman Mataron, presidente da Comunidade Judaica de San Pedro Sula, afirmou há alguns dias que Zelaya levava Honduras a ser ''parte do que é a Venezuela'', o que teria despertado grande preocupação na comunidade, ''pela relação de Hugo Chávez com o irã''.

Com agências

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