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Senadores confirmam que CIA escondeu programa antiterrorista

A presidente do Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos, a democrata Dianne Feinstein, confirmou neste domingo (12) que o ex-vice-presidente Dick Cheney (que serviu com George W. Bush) ordenou a CIA (agência de inteligência americana) a não

A legisladora revelou, em entrevista ao canal de televisão Fox News, que o atual diretor da agência, Leon Panetta, se reuniu com alguns membros do Congresso em 24 de junho e descreveu o programa, sobre o qual só se sabe publicamente de sua existência.


 


Panetta afirmou nesse encontro que “Cheney tinha ordenado que não se informasse ao Congresso” sobre esse projeto antiterrorista, que ele interrompeu quando tomou as rédeas da CIA, após ser designado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Feinstein disse que a decisão de esconder o programa “é um grande problema”, porque “se afastou da lei”.


 


O jornal The New York Times revelou o caso no sábado (11), em um artigo publicado em seu site, baseado em entrevistas com duas fontes anônimas. Segundo o jornal, Panetta soube da existência do programa em 23 de junho, um dia antes de sua reunião com Feinstein e com outros legisladores de alta categoria.


 


Assim como Feinstein, outros legisladores americanos reclamaram neste domingo da decisão de Cheney, que manteve o programa em sigilo durante oito anos. A senadora democrata Debbie Stabenow disse à CNN que o ex-vice-presidente “prejudica a credibilidade da CIA”. O senador republicano Judd Gregg reconheceu à mesma rede de televisão que “a informação devia ser compartilhada” com o Congresso.


 


Dois antigos membros da CIA explicaram ao Washington Post que o mesmo consistia em dotar a agência de inteligência de 'meios necessários' que não se tratavam nem de interrogatórios de suspeitos de terrorismo nem de escutas telefônicas não autorizadas, métodos muito criticados nos Estados Unidos.


 


A lei americana, explica o NYT, estipula que as comissões de inteligência do Congresso devem ser plena e regularmente informadas sobre as práticas dos serviços secretos, com exceção em alguns casos.


 


Sem aliados


 


“A questão é saber se o ex-vice-presidente se recusou a dar certas informações sensíveis aos parlamentares do Congresso responsáveis pelas questões da inteligência. Isso não é aceitável”, afirmou à CNN o influente senador democrata Kent Conrad.


 


A representante Anna Eshoo, membro da comissão de inteligência da Câmara, indicou que um consultor independente será designado para estudar a questão. “Temos que saber quem deu essa ordem, quem ordenou a ocultação”, afirmou, falando ao Washington Post.


 


Um senador do próprio campo de Cheney, o republicano Judd Gregg, admitiu que se tratou de um erro caso essa ordem de ocultação tenha sido mesmo dada à CIA. Essas revelações acontecem num momento em que os parlamentares americanos já travam uma batalha para saber se a CIA informou como devia ao Congresso sobre os progrmas sensíveis articulados para lutar contra o terrorismo.


 


A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, acusou a administração Bush e a CIA de ter induzido o Congresso ao erro em 2002-2003 ao dar a entender que a simulação de afogamento não era usada no interrogatório de suspeitos.


 


Ela foi acusada pelos republicanos de estar a par em 2002 desse tipo de técnica de interrogatório e não ter protestado, apesar de na ocasião pertencer à comissão de inteligênica da Câmara.


 


Cheney e Bush


 


Segundo o jornal, o ex-vice-presidente dos EUA (2001-2009), ordenou que a CIA ocultasse informações do Congresso americano durante oito anos. O chefe da Cia, Leon Panetta, nomeado pelo presidente Barack Obama, tomou conhecimento do programa no mês passado. Cheney não foi encontrado para comentar o caso. O porta-voz da Cia, Paul Gimigliano, somente comentou que não era política da agência comentar documentos secretos.


 


Na quinta-feira, Panetta admitiu em uma reunião fechada no Congresso americano, que a agência escondeu “fatos significativos” ocorridos entre 2001 até recentemente. As revelações ocorreram dois meses depois de a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, afirmar publicamente que a CIA tinha enganado os legisladores em seus relatórios sobre o uso de torturas nos interrogatórios de supostos terroristas.


 


Cheney desempenhou papel fundamental na administração Bush na defesa de métodos controversos de interrogatório em suspeitos de terrorismo. Após o final de seu mandato, tornou-se um dos principais críticos das políticas de segurança nacional da administração Obama.